Leandro Luna

Leandro Luna

Foto: Caio Gallucci

Leandro Luna é um dos grandes nomes do Brasil quando o assunto é musical. O ator está em cartaz no Teatro Bradesco, no Rio de Janeiro, com o premiado “Meu Amigo, Charlie Brown”, vivendo o próprio Charlie Brown e assinando a produção do espetáculo. É com ele que conversamos agora.

NJ: Leandro, Você sempre quis ser ator ou tinha outros planos? Como tudo começou?

Leandro: Ser ator sempre foi um dos meus primeiros desejos. Tinha 14 anos quando pedi para o meu pai deixar eu fazer escola de teatro e ele não deixou. Entrei para o mundo corporativo, estudei inglês pra negócios fora e quase me formei em comércio exterior. Até perceber que eu não poderia perder mais tempo, e sim correr atrás do que realmente me realizasse profissionalmente. Transferi a faculdade pra Rádio e TV, na qual me formei, e desde dos 18 anos atuo.

NJ: Como você avalia o crescimento do teatro musical no Brasil?

Leandro: É um crescimento muito grande e positivo. De 15 anos para cá, desde que os musicais retornaram com força total para o cenário cultural e comercial do mercado de entretenimento no Brasil, hoje somos a terceira maior potência de produção de teatro musical do mundo, após a Broadway nos EUA e West End na Inglaterra. Os musicais têm gerado muitos empregos, em todas as áreas, e escolas de teatro direcionadas ao gênero foram e continuam sendo abertas, pois a procura pela profissionalização é cada vez maior pela nova geração. Tudo isso tem sido possível graças as Leis de Incentivo Culturais existentes em nosso país, que apesar de precisarem de mudanças, são fundamentais para que os musicais de grande, médio e pequeno porte, assim como todas as manifestações artísticas que apenas existem graças ao incentivo, continuem sendo produzidos e viabilizados no Brasil, assim mantendo essa significativa geração de empregos e atraindo cada vez  mais público para os teatros.

 NJ: Como está sendo pra você produzir e atuar na montagem de uma das histórias mais queridas e populares, de todos os tempos, dos desenhos e das tirinhas?

Leandro: É maravilhoso poder dar vida no teatro a uma história que teve sua origem nas tirinhas de jornais e viver esse personagem tão icônico que é o Charlie Brown. Mas foi um grande desafio e risco também. Em nenhum momento, tanto na montagem desta produção quanto na construção “desse” Charlie Brown ou dos personagens em geral, quisemos copiar formas já pré-estabelecidas e impostas pelo cartoon ou até pela própria montagem da Broadway. Nosso foco foi mergulhar e usufruir desse rico universo criado pelo cartunista Charles Schulz e trazer a cena um musical preenchido de sutilizas, tanto na parte artística e cenográfica quanto nas interpretações.

NJ: Conte-nos um pouco sobre o espetáculo

Leandro: “Um dia normal na vida de Charlie Brown”. Assim os autores resumem a história deste musical. Um dia recheado de pequenos momentos da vida de Charlie Brown; do Dia do Amigo à temporada de beisebol, do extremo otimismo ao desespero total, tudo isso misturado às vidas de seus amigos e colocado juntos num único dia, de uma linda e incerta manhã a um pôr do sol cheio de esperança.

NJ: O musical “Meu Amigo, Charlie Brown” é o primeiro espetáculo que você produz. E logo de cara, já recebeu  9 indicações para ao prêmio FEMSA Coca-Cola, incluindo melhor produção. Como recebeu essas indicações?

Leandro: Foi uma grande festa! Quando decidimos abrir a Néctar Cultural que hoje já tem 7 anos no mercado, tínhamos o objetivo claro de entrar com o pé direito e realizar um projeto que marcasse nossa estreia como produtora cultural e também o público que fosse assistir. Felizmente conseguimos com muito trabalho, respeito e amor pelo o que fazemos realizar um belíssimo espetáculo, super bem criticado e que emociona literalmente o público de todas as idades. Temos muita gratidão, pois essas indicações e os prêmios que vieram depois comprovaram que produzir o que acreditamos é o caminho certo a seguir.

NJ: Como foi escolhida a trilha sonora do espetáculo?

Leandro: A trilha sonora é original da Broadway composta por Clark Gesner e canções adicionais de Andrew Lippa. Na realidade, editamos um pouco a versão original para que a mensagem fosse melhor absorvida pelo público no Brasil, pois a original tinha muitas referências a cultura norte americana. Foi a melhor escolha que fizemos, pois assim, o musical ficou mais enxuto e de fácil compreensão.

NJ: O texto do espetáculo mostra de maneira genuína que a felicidade está presente nas pequenas coisas e nos pequenos gestos. O que é felicidade para você?

Leandro: Ser feliz pra mim é estar com as pessoas que amo e trabalhar com a arte que acredito.  

NJ: Os responsáveis pelo espetáculo da Broadway vieram assistir a montagem brasileira? O que eles acharam?

Leandro:  Vieram assistir em 2010 na primeira estreia do musical e ficaram muito emocionados. Comentaram inclusive que estava melhor que a montagem original da Broadway. Eu achei que isso foi um elogio (risos).

NJ: Você acredita que todo mundo tem um Charlie Brown dentro de si? 

Leandro: Com certeza. Não só um Charlie Brown, mas cada um de nós tem uma daquelas crianças que vemos no espetáculo e que aparecem ou são resgatadas em diferentes fases da vida para nos mostrar como ser feliz é simples.

NJ: Como está sendo a reação do público após o espetáculo?

Leandro: É sempre uma alegria ver as crianças encantadas com o musical e os adultos muito emocionados. Felizmente só temos ouvidos bons comentários e o público fica apaixonado e volta mais de uma vez para assistir e se emocionar com a peça.

NJ: Como é a sua relação com o público infantil?

Leandro: Eu amo criança. Sempre amei. Pra não dizer que eu mesmo sou uma verdadeira criança (risos). Tenho 5 sobrinhos, sou apaixonado por eles e já tinha tido a experiência de ficar 2 anos em cartaz com o musical O Cravo e a Rosa, no qual fazia o Cravo, que foi um verdadeiro deleite pra mim. Hoje eu tenho certeza que trabalhar com crianças nos torna adultos melhores.

NJ: Quais lembranças guarda do musical Chaplin?

Leandro: Tenho somente boas recordações. Poder contar a história desse gênio da sétima arte, conhecer a fundo sua trajetória, desenvolver três personagens no mesmo espetáculo, trabalhar com uma equipe e artistas super queridos e profissionais e ver o público emocionado na saída do teatro, não tem como não sentir saudades.

NJ: Como foi a experiência de participar da Paixão de Cristo vivendo o próprio Cristo?

Leandro: Isso sim é o que chamo de começar com o pé direito! A Paixão de Cristo que fiz em São Bernardo do Campo quando eu tinha 22 anos de idade foi minha primeira experiência profissional no teatro. Soube do teste pelo jornal, fui sem grandes pretensões, afinal eu queria “participar”, e quando saiu o resultado eu soube que faria nada mais nada menos que Jesus Cristo. Foi uma escola, pois tive que estudar muito além do que conhecemos sobre sua história e apresentar a Paixão para cerca de 3 mil pessoas ao ar livre. Muito feliz de ter começado profissionalmente contando a história desse grande mestre que tivemos e que habita em todos nós.

NJ: Qual foi o maior desafio de fazer a drag queen “Miss Segura” no musical “Priscilla, Rainha do Deserto”?

Leandro: Para mim foram os ensaios. Oito horas por dia de ensaio, seis dias por semana, durante dois meses praticamente sobre salto alto de plataforma. E claro, ter que abrir um show de tamanha grandeza para cerca de 1.500 pessoas diariamente durante um ano foi sempre uma grande responsabilidade e um dos desafios mais prazerosos e divertidos que tive em cena.

NJ: Qual foi a experiência mais engraçada que já viveu atuando?

Leandro: São tantas histórias, mas uma delas foi fazendo o Cravo e a Rosa, numa cena em que o eu entrava triste ao receber uma carta da Rosa comunicando que o pai dela havia proibido de ficarmos juntos pois éramos de espécies diferentes, e o elenco pregou uma peça comigo colocando na carta que eu lia um desenho muito engraçado. Eu tive que me concentrar muito pra não cair na risada e continuar triste como a cena pedia.

NJ: Você tem grandes musicais no currículo. A experiência acalma o “friozinho na barriga” antes de entrar no palco?

Leandro: Cada estreia é uma nova estreia e o friozinho na barriga sempre existe e vai existir, eu espero. É esse friozinho que mostra pra gente que o que estamos prestes a apresentar tem um grande significado.

NJ: Qual personagem gostaria muito de fazer e ainda não fez?

Leandro: Alguns como Willy Wonka da Fantástica Fábrica de Chocolate, Hedwig, Sweeney Todd, entre outros…

NJ: Tem alguma meta especial na sua vida?

Leandro: Ganhar um Oscar ou um Tony. Brincadeira! Continuar colhendo os frutos do que tenho plantado através do meu trabalho, sempre respeitando as pessoas ao meu lado.

NJ: Quais são os seus planos profissionais para 2017?

Leandro: A novidade é que iremos estrear em 2017 Meu Amigo, Charlie Brown KIDS com elenco infantil em comemoração aos 50 anos do musical que teve sua primeira estreia em 1967. Essa montagem comemorativa irá acontecer na Broadway e nós da Néctar Cultural também iremos realizar no Brasil.

NJ: Uma frase

Leandro: Levanta, sacode a poeira e dá volta por cima!

NJ: Um lugar

Leandro: Minha casa

NJ: Um sonho

Leandro: Ganhar um Oscar e um Tony! Só isso! (risos)

NJ: Uma mania

Leandro: Dormir com a “Molinha” uma fronha que eu ganhei de presente e que e muito gostosa!

NJ: Uma música

Leandro: Hoje posso dizer “Happiness” (Ser Feliz) do musical Meu Amigo, Charlie Brown”

NJ: Luna por Leandro Luna

Leandro: Um sonhador que acredita na arte transformadora e que batalha pra conquistar tudo o que almeja.

SERVIÇO:

MEU AMIGO, CHARLIE BROWN

Local: Teatro Bradesco

sábados e domingos às

INGRESSOS:

Sessões às 15h:

Plateia Baixa R$120,00

Plateia Alta R$100,00

Camarotes 3 e 4 R$80,00

Camarotes 1 e 2 R$50,00

Balcão Nobre R$50,00

Frisas R$50,00

Sessões às 11h e 11h30 (Sessão será realizada pelo sub Douglas Tholedo, sem a presença do Tiago Abravanel)

Plateia Baixa R$100,00

Plateia Alta R$80,00

Camarotes 3 e 4 R$60,00

Camarotes 1 e 2 R$50,00

Balcão Nobre R$50,00

Frisas R$50,00

 

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

2 Comments

  1. Avatar
    Marcela Teles
    21 de dezembro de 2016 at 17:13 Reply

    Muito bom conhecer um pouco mais sobre o Leandro Luna!

  2. Avatar
    Maria Elisa Carvalho
    21 de dezembro de 2016 at 17:14 Reply

    Parabéns pela incrível peça Meu amigo Charlie Brown!

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