Centenário de Gonzagão

“Eu só quero um amor
Que acabe o meu sofrer
Um xodó pra mim
Do meu jeito assim
Que alegre o meu viver…”

13 de dezembro de 2012. Se vivo fosse, Luiz Gonzaga estaria completando 100 anos. E é claro que eu não poderia deixar essa data passar em branco aqui no blog.

Indiscutivelmente, com a partida do rei do baião, a  música popular brasileira ficou orfã. E essa orfandande cresceu ainda mais com a ascensão do forró eletrônico. Que me perdoem os adeptos deste ritmo…mas forró pra mim é Gonzagão, Dominguinhos, Elba Ramalho. Daqueles de dançar gostosinho, juntinho… e não as novas bandas que existem hoje que fazem apologia ao uso de entorpecentes, sexo banalizado e muitas outras coisas. Coisas essas que nunca viraram música na voz de Gonzagão. Ele cantava baião, xaxado, xote e o tradicional forró pé de Serra que tantas vezes retratou a vida simples do nosso povo.

“Que braseiro, que fornalha
Nem um pé de plantação
Por falta d’água perdi meu gado
Morreu de sede meu alazão”

Ele cantava a perda do amor verdadeiro:

“Ai quem me dera voltar
Pros braços do meu xodó
Saudade assim faz roer
E amarga que nem jiló
Mas ninguém pode dizer
Que me viu triste a chorar
Saudade, o meu remédio é cantar …”

Cantava a saudade do sertão:

“Oh! que saudade do luar da minha terra
Lá na serra branquejando folhas secas pelo chão
Este luar cá da cidade tão escuro
Não tem aquela saudade do luar lá do sertão…”

Não vou entrar neste mérito, mas letras como “Chupa que é de uva”, “senta que é de menta” “relaxa que é de borracha” nunca fizeram parte do seu repertório.

Luiz de Januário, Luiz Gonzaga, foi o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus. Ainda criança, substituiu um safoneiro na festa de uma fazenda em Araripe e a partir daí, os convites tornaram-se frequentes. Sorte nossa, que tivemos a honra de tê-lo como nosso sanfoneiro mais ilustre.

“Quero ser lembrado como o sanfoneiro que amou e cantou muito seu povo, o sertão; que cantou as aves, os animais, os padres, os cangaceiros, os retirantes, os valentes, os covardes, o amor.” 

Um viva para Gonzagão que tanto enriqueceu a nossa música. Que o seu espírito tenha sempre muita luz!

Sou fã, para sempre!

Lu

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

5 Comments

  1. Avatar
    Dalia leal
    13 de dezembro de 2012 at 14:51 Reply

    Eu amei a homenagem p Gonzagão! ele é o rei do forró!!!! marcou para sempre!!!!” Olha p céu meu amor, vê como ele está lindo, olha p aquele balão multicor, q lá no céu vai sumindo”

  2. Avatar
    dalia Leal
    13 de dezembro de 2012 at 14:53 Reply

    Concordo c vc, disse tudo q eu gostaria de dizer! a música ficou mesmo órfã sem o Gonzagão!!!!! saudades eternas!!!!!!

  3. Avatar
    Adriana Carneiro
    13 de dezembro de 2012 at 17:15 Reply

    Parabéns, Gonzagão!!!

  4. Avatar
    Soneide Barbosa
    13 de dezembro de 2012 at 17:32 Reply

    Linda homenagem ao nosso Rei do Baiao !! ( Luiz, respeita Januario) bjao…

  5. Lúcio Sacramento
    Lúcio Sacramento
    21 de dezembro de 2012 at 18:50 Reply

    Adorei a homenagem, meu amor. O mestre merece.

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