Aérea’, uma comédia com Patricya Travassos, fica em cartaz até 28 de abril no Teatro dos Quatro, na Gávea, e, em Bangu, nos dias 3, 4 e 5 de maio. Direção de Marcus Alvisi

Aérea’, uma comédia com Patricya Travassos, fica em cartaz até 28 de abril no Teatro dos Quatro, na Gávea, e, em Bangu, nos dias 3, 4 e 5 de maio. Direção de Marcus Alvisi

O riso é a maneira mais poderosa de transformação pessoal. Quando rimos de nós mesmos, deixamos para trás culpas, ressentimentos, dramas e apegos, e conseguimos mudar questões que estavam armazenadas no fundo da nossa alma. Não é fácil fazer rir. Todo comediante sabe disso. Por incrível que pareça, fazer chorar é mais fácil. A comédia precisa de um fundo de verdade para que o público se identifique. E é o que ocorre no espetáculo de Patricya Travassos, “Aérea”, que faz sua reestreia 5 de abril, em curtíssima temporada, no Teatro dos Quatro, no Shopping da Gávea, na Zona Sul do Rio. A peça trata de um tema que sempre esteve presente desde que a humanidade existe: o desejo de amar e de ser amado. No palco, Patricya, que encara o seu primeiro monólogo no teatro em mais de 40 anos de carreira, vive uma comissária de bordo que faz loucuras para ter o homem que ama ao seu lado. Essa mistura de emoções, bem divergente do comportamento que se espera dos funcionários no universo corporativo, é o que faz desse drama uma supercomédia. “Aérea”, com texto assinado pela a própria atriz e sob a direção do premiado Marcus Alvisi, ficará em cartaz de sexta-feira a domingo, até o dia 28 de abril. E nos dias 3, 4 e 5 de maio, “Aérea” fica em cartaz no Teatro Bangu Shopping.

Num tempo em que lidar com as emoções está cada vez mais difícil, a peça traz à tona a solidão, a rejeição e a dificuldade de viver frustrações através de uma personagem descontrolada, que altera seu estado de humor, dependendo do quanto está se sentindo amada. Para Patricya, sua personagem poderia ser de qualquer profissão. Afinal, mulheres ciumentas e possessivas existem por aí. Interpretar uma comissária de bordo foi uma escolha relacionada à sua memória de infância. Já que sonhava ser aeromoça e ter o mundo todo como se fosse seu bairro. Mas, por aqui, lógico, a personagem ganha um tom acima. E é claro que a composição deu bossa.

“Sempre gostei desse tipo de mulher que exagera na medida, que frequenta esses ‘lugares’ de pessoas que amam demais. De mulheres que se perdem muito em relações, se entregam demais, projetam demais numa pessoa a solução para a vida delas. E morrem aos poucos se não forem correspondidas. Ainda temos no DNA o mito do príncipe encantado, a crença de que precisamos de um homem para sermos felizes e para existirmos socialmente. As mulheres estão vivendo um grande momento de transição, de mudanças profundas e de desmitificação de padrões, mas, exatamente por ser o momento de transformação, nossas características estão mais afloradas. Ou somos a mulher forte e independente ou a figura frágil que joga toda a razão de sua existência numa relação. Esse conflito é que nos torna, dramaturgicamente falando, engraçadas, patéticas, instáveis e fortes. Eu gosto muito das pessoas que trabalham num ambiente formal, em que têm que se comportar de um certo modo, e não conseguem caber naquele limite. A vida emocional extrapola o uniforme e a conduta que ela deve ter. Gosto dessas escorregadas. Pra comédia, funciona”, explica ela, que recentemente viveu Grace/Graça da novela das seis da Globo “Espelho da Vida”, sucesso de audiência. Além de ter participado de inúmeros sucessos na TV, no teatro e no cinema. Entre eles: atuou nas novelas “Vamp” e “Brega e chique”; escrevia para as séries “Armação ilimitada” e “TV Pirata”; fez parte do grupo de teatro Asdrúbal trouxe o Trombone, nos anos 70; e muito mais.

Ambientada no pouco explorado universo aéreo, a montagem brinca com o comportamento, normas e rotina exigidos nos aviões para mostrar o estado emocional de uma comissária dilacerada por uma relação afetiva, não correspondida, com um piloto que trabalha na mesma companhia. Mas Patricya confessa que quando o projeto começou a nascer, ela ainda não tinha ideia de como tudo iria se desenvolver. Foi um processo criativo sem técnica, mas de pura intuição, como ela mesma diz.

“Comecei a escrever, cenas soltas sobre essa personagem apaixonada. Mas sem saber pra onde ia essa história. Mais tarde as cenas foram tomando forma e virando uma história com princípio, meio e fim. ”

Essa é a primeira vez que Pat ficará sozinha em cena, do início ao fim, num espetáculo de teatro. Mas o desafio da interpretação solo não a assusta. Pelo contrário, ela está curtindo a novidade.

“Nunca havia feito monólogo, não tenho a menor ideia de como será a experiência dessa vez. Mas fiz uma peça que escrevi e atuei, em que ficava muito tempo sozinha em cena e tinha duas participações comigo. E no ‘5x comédia’, fazia uma cena de 20 minutos. O monólogo tem um lado prático, eu posso parar para fazer um outro trabalho, e depois remontar.

E mesmo com os excessos da sua comissária de bordo, Patricya acredita que as pessoas se identificam de alguma maneira. Mas o seu objetivo principal é divertir. Porque rir é um grande remédio.

“Gosto de fazer uma crônica exagerada de uma situação e se as pessoas assistirem àquilo sorrindo, com uma gargalhada aqui e outra ali, eu estarei feliz! ”.

 

SERVIÇO:

 

Comédia ‘Aérea’ reestreia 5 de abril

 

Texto: Patricya Travassos.

Direção: Marcus Alvisi.  Com Patricya Travassos. 

Sinopse: Comédia sobre uma comissária de bordo totalmente descontrolada emocionalmente e que debita o seu destempero numa fixação doentia por um comandante que trabalha na mesma companhia aérea. Os sentimentos não são recíprocos, o que torna o desequilíbrio da personagem mais aguçado. Misturando vida pessoal com profissional, ela se perde em diferentes padrões de comportamento. “Aérea” explora e satiriza o universo aéreo pouquíssimo explorado pelo teatro. E discute com humor o comportamento, a postura e os códigos da relação tripulação versus passageiro.

Local: Teatro dos Quatro (Shopping da Gávea) – Rua Marquês de São Vicente 52, Gávea –  2239-1095.

Dia e horário: sexta-feira e sábado, às 21h; e domingo, às 19h.

Ingresso: R$ 60 (sexta e domingo) e R$ 70 (sábado).

Duração: 60 minutos.

Classificação: 12 anos.

Temporada até 28 abril. 

Funcionamento da bilheteria: seg e ter, das 14h às 20h. Qua a dom, das 14h até o início da última sessão do dia.

Capacidade do teatro: 402 poltronas

Dias 3, 4 e 5 de maio

Local: Theatro Bangu Shopping – Rua da Fonseca 240 – Espaço 174 – Bangu – Telefones: 2143 – 6012 e 3577 – 0076

Dia e horário: sexta-feira e sábado, às 21h. Domingo, às 19h.

Ingressos:  plateia central – R$ 70 e R$ 35 (meia); e balcão – 60 e 30 (meia).

Duração: 60 minutos.

Classificação: 12 anos.

Funcionamento da bilheteria: todos os dias, das 10h às 22h.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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