Espetáculo questiona os modos de funcionamento da nossa sociedade a partir da mitologia religiosa e da colonização europeia

Espetáculo questiona os modos de funcionamento da nossa sociedade a partir da mitologia religiosa e da colonização europeia

Foto: João Julio Mello

Segundo projeto do 1COMUM Coletivo, peça-experimento de Higor Campagnaro é apresentada ao vivo pelo YouTube entre 22 e 24 de março. Direção de Fernando Nicolau e Jeffe Pinheiro Sátira livremente inspirada na literatura profana e religiosa, o espetáculo “TOURO BRANCO” questiona os modos de funcionamento da nossa sociedade por meio do olhar do colonizador europeu e da análise da mitologia religiosa e suas interpretações.

Em cena, o ator capixaba Higor Campagnaro, que também assina a dramaturgia, é um contator de histórias que trava um diálogo com uma divindade criada por ele mesmo. Ao longo do espetáculo, transmitido ao vivo da casa do ator, no bairro do Flamengo, na Zona Sul do Rio de Janeiro, diversos personagens tomam a fala, contam causos, relatam fatos históricos e jornalísticos, lançam passagens bíblicas e ditados populares, e outros discursos que causam reflexão ou indignação. A direção é dos também capixabas Fernando Nicolau e Jeffe Pinheiro, assistência de direção e produção de Clarissa Menezes, figurino e caracterização de Luiza Fardin e direção musical e trilha sonora de João Schmid.

O espetáculo será apresentado ao vivo nos dias 22, 23 e 24 de março, às 21h, na página da Pandêmica Coletivo Temporário de Criação no YouTube (bit.ly/pandemica). O projeto tem patrocínio do Governo Federal, Governo do Estado do Rio de Janeiro e Secretaria de Estado de Cultura e Economia Criativa do Rio de Janeiro, através da lei Aldir Blanc.

“TOURO BRANCO” surgiu do desejo de Higor Campagnaro em falar sobre questões eurocêntricas e do que foi feito do mundo a partir do olhar do colonizador. A montagem aborda o universo dos mitos e dos livros sagrados, explorando a maneira como tais narrativas alimentam crenças e práticas que extrapolam o contexto estritamente religioso para se tornarem a base de visões de mundo e comportamentos normativos, muitas vezes, fundamentalistas.

“Em TOURO BRANCO, lançamos um olhar sobre discursos que acabam por servir como ideologia para mecanismos de opressão e exclusão, sobretudo quando simulam justamente pregar valores como igualdade e fraternidade. Temos assistido ao crescimento de uma grande onda ultraconservadora, que avança contra uma série de conquistas humanitárias no que diz respeito aos direitos de minorias, às tentativas de construção de uma maior igualdade e respeito entre os seres humanos e seu ambiente. E é muito necessário que essas questões sejam discutidas e que nos perguntemos em que medida nós mesmos reproduzimos essas falas, protegidos por nossos privilégios e acomodados na
repetição do cotidiano”, analisa Higor Campagnaro.

Inicialmente pensado para os palcos, o espetáculo teve que se adaptar para um formato híbrido entre teatro e audiovisual. A parceria na direção entre Fernando Nicolau e Jeffe Pinheiro, que é cineasta, foi fundamental para a realização de “TOURO BRANCO”, um plano-sequência ao vivo de 40 minutos em que o ator se desloca e conversa com a câmera parada, fixa no tripé.

1COMUM Coletivo “TOURO BRANCO” é o segundo projeto do 1COMUM Coletivo. O primeiro foi “Se eu fosse Iracema”, espetáculo indicado aos prêmios Shell (categorias atriz e figurino), Cesgranrio (figurino), APTR (atriz, dramaturgia e figurino) e APCA (atriz), eleito o melhor figurino nos três primeiros. Em “TOURO BRANCO”, o coletivo dá continuidade à pesquisa sobre colonização e questão indígena, estendendo agora à perspectiva do homem branco colonizador. “Penso muito numa trilogia sobre a origem do Brasil. Num próximo espetáculo, desejo estender a investigação à colonização da população afro-brasileira”, planeja Fernando Nicolau, diretor dos dois espetáculos. “Em ‘TOURO BRANCO’, não quisemos apenas falar do homem branco colonizador, mas discutir, em cena, privilégios, branquitude e meritocracia por meio da narrativa eurocêntrica encampada por um olhar cristão, via bíblia, que endossa essa
suposta superioridade”, explica.

EQUIPE DE CRIAÇÃO
Roteiro, dramaturgia e interpretação: Higor Campagnaro
Direção: Fernando Nicolau e Jeffe Pinheiro
Assistência de direção e produção executiva: Clarissa Menezes
Figurino e caracterização: Luiza Fardin
Direção musical e trilha sonora: João Schmid
Provocadora: Tatiana Henrique
Comunicação visual e projeto gráfico: Fernando Nicolau
Fotografia: João Julio Mello
Mídias sociais: Bárbara Cabral
Assessoria de imprensa: Catharina Rocha – Máquina de Escrever
Comunicação
Produção de imagem: Reinaldo Rocha
Consultoria técnica: Gabrielly Arcas e Juracy de Oliveira
Narração e consultoria do material para pessoas com deficiência
visual: Daniela Mahmud
Gerência Financeira: Estufa de Ideias
Parceria: Pandêmica Coletivo Temporário de Criação
Realização: Santo 7 & Cena e 1COMUM Coletivo

SERVIÇO: 

“TOURO BRANCO”
Espetáculo ao vivo pelo YouTube da Pandêmica Coletivo Temporário de Criação (bit.ly/pandemica)
Apresentações: 22, 23 e 24 de março, às 21h.
Debate: 23 de março, após a apresentação.

Reprise com interpretação em LIBRAS: 29, 30 e 31/3 no YouTube.
Duração: 40 min. Classificação indicativa: 12 anos. Ingresso: gratuito.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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