O filme “Madeleine à Paris”, que narra a trajetória do baiano Roberto Chaves, mais conhecido como Robertinho, foi destaque na 26ª edição do Festival de Cinema Brasileiro, em Paris. Sob a direção de Liliane Mutti, a obra mostra as dificuldades e conquistas de um imigrante latino na Europa, o sonho de um artista, os limites e as superações da vida. As raízes transculturais tecem a trama que conta a caminhada de Robertinho, entre luzes, cores e plumas.
Multiartista queer, andrógino, negro e de Candomblé, Robertinho é natural de Santo Amaro da Purificação e idealizador da mais importante tradição afro-brasileira na Europa, a “Lavagem de Madeleine”. O cortejo é inspirado na Lavagem do Senhor do Bonfim e acontece há 22 anos em Paris, sendo um dos grandes destaques do calendário do verão europeu. A festividade, que reúne a cada ano cerca de 60 mil pessoas, começa na Praça da República de Paris e vai até a Igreja da Madeleine, onde lava-se as escadarias da igreja. Por lá, se apresentaram Daniela Mercury, Margareth Menezes, Carlinhos Brown, Caetano Veloso, entre outros.
No filme, Robertinho aparece como um orixá do cortejo da Lavagem e à noite, a outra faceta, com sua fantasia e performance de arlequim, no Cabaré Paradis Latin, onde começou a trabalhar há 33 anos. Em um sincretismo rítmico, particular e singular, Robertinho circula entre o tradicional catolicismo francês e sua origem de Axé, do recôncavo baiano. Suas vivências entre os dois países, entre o masculino e o feminino, o sagrado e o profano, fazem do filme um profundo mergulho em busca da sua identidade.
“Essas duas cidades aparentemente tão opostas, são co-protagonistas do longa. Viajar por Paris no olhar desse imigrante ou pelo interior da Bahia na sua volta às raízes, nos dá a dimensão de como o mundo é diverso e de que a arte carrega a potência de romper fronteiras e inventar novos mundos possíveis”, destaca Liliane.
“Madeleine à Paris” está previsto para chegar às telas dos cinemas ainda neste ano, com distribuição da Bretz Filmes (BR). A obra é uma realização da produtora baiana Toca Filmes, com produção associada na França de François Combin (Urubu Filmes). Dirigido por Liliane Mutti, o filme tem direção de fotografia de Daniel Zarvos, que também assina a produção executiva, narração do ator francês Christopher Ecobichon.
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