Ele começou a fazer teatro no Vidigal e se encantou pela profissão. Mas foi ao interpretar TIM Maia, no cinema, que passou a ser conhecido pelo grande público. No ar em I Love Paraisopólis e se preparando para viver o Maguila nas telonas, Babu Santana abriu as portas da sua casa, no Rio de Janeiro, para a nossa equipe e nos recebeu com um bolo de chocolate delicioso. Conheça um pouco da sua trajetória nessa entrevista exclusiva!
DMJ: Babu, Quando decidiu que queria ser ator?
Babu: Aos 12, fiz a minha primeira apresentação no Colégio Divina Providência, uma peça chamada “ As Peripécias de Pedro Malazart”, que é um conto. Mas minha tia diz que quando eu fui ver os Santimbancos, disse que queria ser ator, por ter gostado muito daquele espetáculo. Então eu acho que posso responder que desde os 6 anos, já queria ser ator.
DMJ: Seu nome de batismo é Alexandre Santana. De onde vem o apelido Babu?
Babu: Na verdade, Babu vem de Babuíno, meu apelido na época de escola. Naquele tempo eu já sofria bullyng! rsrs
DMJ: Quais são as suas melhores lembranças do Vidigal e do grupo “Nós do Morro”?
Babu: Lembranças do meu primo quando o teatrinho estava sendo construído, lembranças do meu primeiro teste, eu estava tão nervoso sem saber se seria aceito ou não. Mas foi um teste bem legal, aconteceu em uma noite em que eu estava inspirado e os jurados lá do grupo estavam cansados, eu era um dos últimos. Mas consegui despertar a galera. E tudo veio de lá: Meu gosto musical, minha forma de pensar, de agir. “Nós do Morro” ainda está em mim, nem que seja através dessa tatuagem que tenho no meu ombro esquerdo. Acho que todas as melhores memórias da minha vida são de lá e estão sempre comigo. Foi no “Nós do Morro” que criei a minha verdadeira identidade.
DMJ: O que aprendeu no grupo que aplica diariamente na sua profissão?
Babu: Tudo. Eu sou uma pessoa privilegiada, peguei um momento do grupo onde os melhores profissionais estavam lá pra dar workshop, aulas…. Lá eu aprendi tudo: a trabalhar em equipe, a elaboração do texto, o desenvolvimento do personagem. Minha escola, minha faculdade foi o “Nós do Morro”
DMJ: Como Tim Maia chegou na sua vida?
Babu: Muito cedo. Meu pai era fã do Tim e desde pequeno escuto as suas músicas. Mas o filme, chegou por intermédio de um teste que me chamaram pra fazer, como a maioria dos trabalhos.
DMJ: Como foi recriar uma personalidade tão marcante e tão presente na memória do público?
Babu: Eu comecei a pesquisar sobre a vida dele e comecei a ver o que tínhamos em comum. Eu tentei me concentrar ao máximo para poder fazer algo a altura do Tim Maia. A gente teve contato com o filho dele, e fomos desenvolvendo o personagem junto com a Maria Silvia Siqueira Campos, junto com o Robson. Fomos aplicando técnicas de atuação, trabalhando em cima do que o roteiro nos apresentava. Foi um trabalho lindo e do qual tenho muito orgulho.
DMJ: Como conseguiu adequar com tanto realismo a caracterização, as sequências musicais e o drama íntimo do personagem?
Babu: A Lucielle, que é a nossa maquiadora, fez um trabalho brilhante. Foi um processo de 3 anos entre a assinatura do contrato e a projeção do filme. Eu tive aula de voz com o Pedro Lima, sempre trabalhando pra conseguir me aproximar do timbre do Tim. Ser ator é um prazer, construir personagens é a nossa profissão. Isso é lindo!
DMJ: Quais são as semelhanças que você identifica entre a sua trajetória e a trajetória do Tim?
Babu: Somos negros, pobres e tivemos que brigar muito pelos nossos objetivos. Mas acho que é muita ousadia minha me comparar com o Tim Maia, eu ainda tenho muito que viver para tentar ser tão genial quanto ele foi. E a gente não é galã, né? Mas ao mesmo tempo a gente consegue conquistar o público de uma forma não física e sim pelo que a nossa arte expressa.
DMJ: Como foi a preparação com Robson Nunes para interpretar o mesmo personagem de uma maneira tão uniforme?
Babu: Ficamos juntos por três meses. Fizemos a preparação com a Maria Silvia Siqueira Campos. Um fazia a réplica do roteiro para o outro. A gente teve a chance de fazer como um espelho. Eu estava ali, vendo e acompanhando a construção do Robson e ele a minha. Sem contar que a gente tem uma afinidade fora do comum. Eu costumo dizer que a coisa principal que trouxe do filme foi o carinho e amizade que tenho pelo Robson.
DMJ: Você se surpreendeu com a reação do público?
Babu: Sim. Primeiro porque eu acho que o ator é uma figura insegura por natureza. A gente nunca sabe se vai dar certo até ver tudo acontecer. O nosso público foi um público apaixonado pelo Tim e que merecia muito essa biografia. Como fã, gostei muito da coragem do Mauro, de fazer um filme comprido, complexo. Ele peitou tudo e todos. E ficou lindo!
DMJ: O que mudou na sua carreira após interpretar o Tim?
Babu: Notoriedade. As pessoas puderam ver um pouco mais sobre o meu trabalho, já que esse foi o meu primeiro protagonista. Mas a ralação continua. Nós estamos em um país onde as pessoas já são artistas para sobreviver. Temos muita qualidade, principalmente na música. O filme, além de me trazer notoriedade, deu tranquilidade para que quem quiser me contratar saber que eu seguro a peteca rs.
DMJ: Qual música dele toca mais o seu coração?
Babu: Lamento. Sempre que a ouço me emociono muito.
DMJ: Qual é a importância do “Estômago” na sua carreira?
Babu: Pra o grande público,”Tim Maia” foi o divisor de águas da minha carreira, mas pra mim foi “Estômago”. Foi um personagem forte, um personagem marcante, diferente de tudo que já havia sido visto, um roteiro maravilhoso. Foi o filme onde pude me colocar pela primeira vez diante do público e fui muito bem dirigido. “Estômago” tem um lugar muito especial no meu coração, tenho 3 prêmios pela atuação nele. Foi um filme que surpreendeu a todos, com um orçamento modesto e uma força incrível. Ele me levou para a África, apresentei o filme no Festival de Durban. Graças a ele, consegui o meu 2º protagonista, com o mesmo diretor. Chama-se “Mundo Cão” e ainda irá entrar em cartaz. A importância do “Estômago” na minha carreira é enorme. Tão grande quanto a barriga que ele me deixou de herança. rsrs
DMJ: Como foi a preparação para atuar no ambiente carcerário? Chegou a ter consultoria de ex-presidiários? Como se deu esse processo?
Babu: Lu, o sistema carcerário infelizmente não era uma novidade pra mim. Nunca fui preso, mas morava em um lugar onde muitos amigos tiveram essa infelicidade. Então, tive relatos particulares.Gravamos em um presídio real, mas sem aquela energia pesada. Trabalhamos com muita gente de teatro. Só gente talentosa. Foi brilhante!
DMJ: Vocês comiam muito durante as gravações? rs
Babu: Óbvio! rsrs Eu fiquei uns dois anos sem comer carne de porco. A gente comia muito e a comida era deliciosa!
DMJ: Como anda o projeto para viver o Maguila? Já está mandando bem no boxe? rs
Babu: O projeto Maguila está previsto para o final do ano que vem. Já estou praticando aulas de Boxe. Estou acima do peso, os treinamentos têm sido sacrificantes, principalmente para as minhas pernas, sinto muitas dores. Também estou lutando contra a compulsividade alimentar, eu virei um “comedor compulsivo” depois do Tim e de Estômago. Então, estou tendo dificuldades na dieta. Mas vamos que vamos que ainda temos tempo! Maguila vem aí!
DMJ: Participar do “Mais Favela” do Multishow e mostrar os talentos e a história da comunidade foi uma realização?
Babu: Olha, “Mais Favela” foi muito legal porque em “Nós do Morro” eu vivia com amigos que tinham a mesma realidade que eu. Então foi um sonho sonhado junto. E sonho que se sonha junto vira realidade, né? Eu lembro que eu dizia aos diretores que eles tinham que virar diretores de TV pra chamar a gente pra trabalhar e foi justamente isso que aconteceu. E todos nós juntos, de repente estávamos construindo a nossa casinha.É a realização de uma galera!
DMJ: Como você enxerga a questão do preconceito dentro da sua profissão?
Babu: Preconceito é chato em qualquer situação. Na profissão, na rua… é o homem sendo pequeno e eu quero ser grande. Então, prefiro não dar bola para isso.
DMJ: Como é o Babu pai?
Babu: Eu falho, como todo pai, mas me considero um bom pai. Ser pai era um desejo e eu tive essa possibilidade muito cedo. Tenho um orgulho enorme dos meus filhos.
DMJ: Tem algum personagem que você quer muito interpretar? Qual?
Babu: Uma vez eu fui fazer um teste para “Otello” e fui tomado por um súbito nervoso porque o teste seria feito com grandes atores de teatro e pessoas que eu admirava muito. Eu não sei quando, mas um dia farei “Otello” de Shakespeare. E farei de uma forma grandiosa.
DMJ: Qual foi a situação mais engraçada que já viveu atuando?
Babu: São tantas… Eu fiz uma Minissérie para a TV Barcelona que era co-produção chamada “Descalços Sobre a Terra Vermelha” e eu tenho pânico de cavalo, de boi… eu fazia um capataz que era o melhor cavaleiro da fazenda. No dia que fui montar pela 1ª vez foi muito engraçado porque eu estava tendo aulas com peões que montavam desde crianças e eu tinha medo até de chegar perto do cavalo. Foi engraçado, um homem de 1,85m morrendo de medo de um cavalo manso! rsrs Mas enfim, superei!
DMJ: Como você lida com as críticas?
Babu: Eu adoro. Prefiro críticas do que elogios. Gosto da crítica construtiva. Lido bem!
DMJ: Quais são os seus planos até o final do ano?
Babu: Sigo com a novela “I Love Paraisópólis”, estou me preparando para viver o Maguila no Cinema e estou investindo na minha Banda “Os Cabeças de Água Viva”, tentando gravar DVD e vamos que vamos!
DMJ: Cinema é…
Babu: Uma paixão!
DMJ: Uma frase
Babu: Nunca deixem dizer que você não é capaz!
DMJ: Um lugar
Babu: Vidigal e a Ilha da Gigóia. Entre esses dois lugares eu fico com tudo que há entre eles! rsrs
DMJ: Um sonho
Babu: Dirigir um longa
DMJ: Babu Santana por Babu Santana
Babu: Um cara sonhador, bom pai e marido apaixonado. Sou uma pessoa extremamente sortuda porque faço o que amo, sou casado com a mulher que amo e tenho uma família que amo. O que mais posso querer?
Confira galeria de fotos:
Babu, muito obrigada! Espero poder contar com a sua participação outras vezes na nossa Janela. Sucesso e beijo de luz!
4 Comments
Rosilda
30 de outubro de 2015 at 22:29Linda matéria Lu Leal muito bom parabéns
Mila Oliveira
30 de outubro de 2015 at 23:09Gosto muito do trabalho do Babu. Ansiosa por Maguila!
alice fernandes
30 de outubro de 2015 at 23:15Muito bacana!
Pedro Valdez
30 de outubro de 2015 at 23:50Que buena entrevista Luciana! Un gran abrazo lleno de buenos deseos y muchas bendiciones !!!!