Ele se define como um garoto inquieto que busca o autoconhecimento e evolução como pessoa e artista. Já viveu o Linus no teatro, participou do musical em homenagem a Chacrinha e agora está em cartaz em São Paulo como protagonista do musical original da Broadway, Peter Pan. Confira nosso bate-papo com o ator Mateus Ribeiro.
SNJ: Mateus, você está em cartaz em São Paulo como Peter Pan. Como define o espetáculo?
Mateus: Mágico. É a maior produção do espetáculo no mundo e que foi feita com muito cuidado e amor.
SNJ: É a primeira vez que um homem interpreta o papel. Como encara esse desafio?
Mateus: Eu vejo como um presente. É desafiador principalmente pela parte vocal ser bem aguda, pois foi escrita em um tom feminino, mas eu gosto de desafios, e nesse espetáculo não faltam desafios! Rs
SNJ: No que o musical difere da animação da Disney?
Mateus: A história do Peter Pan já é muito conhecida por todos por meio dos filmes e livros, mas nós fazemos diferente, nós saímos do óbvio com as músicas e danças que são incríveis, além de toda a parte lúdica da apresentação, então ninguém sabe o que realmente vai assistir até ir ao teatro. A Disney romantiza um pouco os contos, e o filme veio bem depois do musical. Temos personagens mais humanos, e coisas do livro que não estão no filme mas que estão no nosso espetáculo.
SNJ: Como está sendo atuar ao lado do Daniel Boaventura que faz o Capitão Gancho?
Mateus: O Daniel é um artista super companheiro e humilde. Temos uma troca muito boa dentro e fora de cena. Ele se preocupa com o artístico e com o humano. Ele está fazendo um trabalho incrível, e é muito bom estar em cena ao lado de pessoas que admiramos.
SNJ: Algumas pessoas apresentam a “Síndrome do Peter Pan” e possuem certa dificuldade em lidar com a vida adulta e assumir compromissos. Você, ao contrário, foi emancipado aos 17 anos, foi morar em São Paulo e estreou “Cabaret” ao lado de Claudia Raia. Como foi essa transição pra você, da adolescência para a vida adulta?
Mateus: Olha, como você falou, desde muito cedo eu sempre tive que ter responsabilidades. Acredito que a vida foi me preparando gradativamente. Eu me mudei cinco vezes de cidade, aos 14 já morava só com minha mãe e irmão mais novo em Brasília. Comecei a trabalhar aos 11 em Fortaleza, com peças de teatro e campanhas publicitárias. Eu sempre gostei de fazer muita coisa, de ter liberdade e sempre fui muito responsável com meus compromissos. Tive um caminho muito legal, e nada veio bruscamente. Fui uma criança danada no nordeste, vivi uma adolescência incrível em Brasília e a maior idade agora em São Paulo vivendo do que eu amo e lutando pela minha carreira.
SNJ: O que aprendeu com esse espetáculo que guarda com carinho e utiliza até hoje na sua profissão?
Mateus: Olha, o “Cabaret” ser meu primeiro espetáculo foi algo incrível, pois eu estava cercado de atores muito competentes, como Jarbas Homem de Melo, Claudia Raia, Marcos Tumura, Fabi Bang. Aprendi muito com todos do elenco e produção. A Claudia e o Jarbas são muito exigentes, então foi ótimo pra aprender, e eles são artistas que não param de estudar e isso serve muito de inspiração e exemplo. Fora que tive a sorte de começar em um espetáculo que me empregou por quase dois anos, então pude me estabilizar de alguma forma em São Paulo.
SNJ: Como recebeu a indicação do prêmio Bibi Ferreira e do prêmio CBTIJ de teatro para crianças do RJ pela interpretação do Linus no musical infantil “Meu Amigo Charlie Brown” ?
Mateus: Fiquei muito agradecido e feliz. É como uma resposta de todo o esforço de todos esses anos que venho me dedicando a arte. É bonito ter a certeza que sua arte está sendo vista e chegando nos outros de uma forma bonita. Vejo minha carreira em uma crescente e isso me motiva a continuar batalhando.
SNJ: Como foi viver o Linus?
Mateus: Foi lindo. Era uma peça que eu já amava e um papel que eu me identificava muito. Eu fui pra teste focado nele já, e deu certo. Vejo como um divisor de águas.
SNJ: Como você avalia o crescimento do teatro musical no país?
Mateus: Acredito que tem crescido sim, o que é ótimo, pois as pessoas estão levando cada vez mais a serie e tratando de uma forma cada vez mais profissional, porém as vezes se perde também. Torço pelo dia em que a quantidade seja mantida, porém os espetáculos consigam todos ter qualidade e ficar um tempo bom em cartaz. Fico triste as ver espetáculos ótimos com temporadas curtíssimas.
SNJ: Como foi integrar o elenco do musical que retrata a vida de uma personalidade tão marcante como Chacrinha?
Mateus: Foi incrível. Foi meu primeiro musical nacional e nele pude conhecer muito do nosso país estudando pro musical e fazendo parte dele.
SNJ: Você já esteve em cartaz com dois espetáculos simultaneamente: “60! Década de Arromba” ( em Copacabana) e “Meu Amigo Charlie Brown (na Barra)”. Dois espetáculos belíssimos e complexos, que tive a oportunidade de assistir, no Rio de Janeiro. Como se preparou para essa maratona e como foi a experiência?
Mateus: Primeiro me preparei psicologicamente, por que eu sabia que seria extremamente cansativo. Depois tive que organizar completamente minha rotina. Saber quanto tempo de sono eu teria, o que comeria, quando comeria. tudo tinha que ser muito cronometrado e sem tempo pra fugir disso. Por que qualquer coisa que eu fizesse talvez fosse um tempo a menos de sono e de descanso. Foi uma loucura, mas faria tudo de novo!
SNJ: O texto de “Meu Amigo Charlie Brown” mostra de maneira genuína que a felicidade está presente nas pequenas coisas e nos pequenos gestos. O que é felicidade pra você?
Mateus: Felicidade é enxergar o lado positivo das coisas. É saber que está tudo bem e que não dependemos de nada, além de nós mesmos, pra ser feliz. A felicidade está na gente, só que às vezes esquecemos disso.
SNJ: Você já coleciona grandes musicais no currículo. Essa experiência acalma as “borboletas no estômago” antes de entrar no palco?
Mateus: Nunca. Algumas borboletas antigas morrem, outras nascem, mas elas sempre estão aqui dando um olá.
SNJ: Com quem gostaria de dividir o palco?
Mateus: Fernanda Montenegro, Marcos Caruso, Guida Viana, Denise Fraga, Renata Gaspar, Marco Nanine… São muitos! Rs
SNJ: Quais são as suas principais lembranças de Floripa? Não tenho nenhuma quando criança, pois sai de lá com menos de um ano. As minhas lembranças são atuais de quando minha mãe voltou a morar lá. Da sua casa perto da praia do Campeche. Da beira mar.
Mateus: Do centro. De uma auto-escola que comecei a fazer e nunca terminei. Rs
SNJ: Como enxerga a era digital e como é a sua relação com as redes sociais?
Mateus: Eu acho meio bizarro esses tempos digitais. Óbvio que tem muitos lados positivos, mas eu vejo quase como uma doença e que fugir dela é bem difícil. Se eu não fosse ator, eu tentaria fugir por completo das redes sociais, mas elas fazem parte do meu trabalho também. Eu gosto do Instagram, por que sou apaixonado por fotografia, e lá eu consigo ter contatos com pessoa, lugares e imagens do mundo todo, mas tento ficar ligado no conteúdo que sigo, pra ver se aquilo realmente vai me fazer bem e acrescentar.
SNJ: Qual é a sua opinião sobre o momento político que estamos atravessando no Brasil?
Mateus: Triste. Mas espero que ele venha pra mudar e pro nosso país se unir e crescer de alguma forma. Tenho esperança com tudo na vida, ela de fato tem que ser a última a morrer.
SNJ: Como é a sua relação com o público infantil?
Mateus: Eu sou apaixonado por crianças. Sempre fui. Tenho um irmão de seis anos e outro que nasce agora em Maio, e sou louco pra ter filhos. Rs acho criança muito espontânea e verdadeira. Eu fico emocionado com a ingenuidade delas, e de como a vida é tão mais fácil e bonito aos olhos dela. Temos muito o que aprender com elas, muito.
SNJ: Quais são os seus planos profissionais para este ano de 2018?
Mateus: No momento estou completamente focado no Peter. Mas queria muito fazer um trabalho de audiovisual, seja série, filme, tv.. e estou planejando gravar minhas composições. Estou com esse desejo de fazer algum projeto autoral, há um bom tempo, e espero que esse ano consiga tirar algo do papel.
SNJ: Uma frase:
Mateus: “O problema da vida é que ela faz parecer que a maldade não é punida e a bondade recompensada, enquanto na verdade o que acontece é uma resposta atrasada por parte do universo” – Kaballah
SNJ: Um lugar:
Mateus: Teatro
SNJ: Como costuma encarar os obstáculos da vida?
Mateus: Sabendo que eles estão lá por algum motivo. Que tudo na vida vem pra gente aprender e que se ele está lá, é por que pode ser superado.
SNJ: O que o faz sorrir?
Mateus: Sorrisos. Crianças. Arte. Justiça. Amor. Natureza. Viagem.
SNJ: Uma mania:
Mateus: Mexer o copo, como se estivesse esfriando, enquanto bebo algum líquido. Seja qual for.
SNJ: Uma música:
Mateus: Brother – Matt Corby
SNJ: Um sonho:
Mateus: Conseguir transitar por todos os meios artísticos, Teatro, Tv, Cinema, Teatro musical.. e ter meu trabalho reconhecido e respeitado.
SNJ: Mateus Ribeiro por Mateus Ribeiro
Mateus: Um garoto inquieto que busca se conhecer e evoluir a cada dia mais como pessoa e artista.
SNJ: Para concluir, você acredita que todo mundo tem um Peter Pan dentro de si?
Mateus: Acho que sim. Em algum momento da vida sim.
1 Comment
Dalia Leal
9 de julho de 2018 at 21:52Gostei da colocação de Mateus Ribeiro: ” A felicidade está na gente, só q as vezes esquecemos disso” pura verdade! Luciana Leal parabéns pela excelente entrevista!🌞🌛🌟