Um filhote de leão, raio da manhã

Eu sempre fui uma criança meio diferente das outras no que se refere a musicalidade. Se por um lado eu adorava Xuxa, Paquitas e Trem da Alegria, por outro me encantava com as maravilhas da MPB. Mas a “paixão” por Caetano, veio forte mesmo aos 10, depois de um trabalho no Vieirinha sobre Tropicalismo. Ali conheci um pouco mais da história dele e de outros monstros sagrados na nossa música popular brasileira.

E quanto mais conhecia a “verdade tropical”, mais ia me encantando e fascinando. Queria ir acompanhar tudo, ouvir todas as músicas. Meu pai comprou CDs, vídeos… meu dindo e meus primos Paulo, Vlad (saudade), Flávio e Pirulito cantavam e tocavam músicas dele para mim. Mamãe me levava para todos os shows. Eu ficava com Jojoca babando o dedinho dele tocando violão (lembra, amiga?). Cresci querendo ficar “odara” mesmo sem saber exatamente o que significa isso (risos).

O tempo passou e hoje a “paixão” deu lugar a uma admiração profunda e sincera. Admiro as músicas, o talento e sua forma (nem sempre  tão clara, eu sei) de expressão. Amo o seu carinho com Santo Amaro, aquela terra boa e de gente melhor ainda. Me encanto mais e mais com a sua intimidade com a poesia. Adoro a alegria de viver estampada em várias das suas composições:

“Lhe damos as boas-vindas,

Boas-vindas, boas-vindas

Venha conhecer a vida

Eu digo que ela é gostosa

Tem o sol e tem a lua

Tem o medo e tem a rosa

Eu digo que ela é gostosa…”

E se Caetano homenageia as pessoas que ama através das suas letras, também não deixa de abordar assuntos importantes que nos fazem refletir. E essa reflexão, se estende ainda para a sua história e experiências de vida. Quem nunca se emocionou com “London London”, escrita durante o seu exílio, na época da ditadura? E quem não “Amou elegância sutil de Bobô?”

“Maria Bethânia, please send me a letter

I wish to know things are getting better

Better, better, Beta, Beta, Bethânia…”

 

              “Eu quero ir, minha gente, eu não sou daqui

              Eu não tenho nada, quero ver Irene rir

             Quero ver Irene dar sua risada…”

E quem é Caetano? Difícil definir um leonino tão cheio de paradoxos e neologismos. Mas vou tentar, hoje é um dia especial.

“Um filhote de leão, raio da manhã”

“Um velho baiano, um fulano, um caetano, um mano qualquer”

“Tranquilo e infalível como Bruce Lee”

“A grande borboleta”

“A sua mais completa tradução”

“O errante navegante”

“O enigma, uma interrogação”

“Um leão de fogo”

“Lágrima nordestina”

“Sem lenço e sem documento”

“Alguém cantando”

“Nítido farol”

“Nossa gente”

“Aquele que considera”

“A estrela entre as estrelas”

“A tua presença”

“Moço lindo do Badauê…”

“Jóia Rara”

“Araçá Azul”

“Menino do rio…”

“Lua Brasileira”

“Um rei que não tem fim”

“Olhos de brilho penetrantes que vão fundo no que olham, mas não no próprio fundo”

“Qualquer coisa”

Sendo assim, hoje, no dia do seu aniversário:  “Tempo, tempo, tempo, tempo, vou te fazer um pedido….” traga sempre muito paz e luz para Caetano e a família Veloso e para todas as famílias de Santo Amaro. Eu AMO  demais aquela terra e as pessoas de lá.

Continuo aqui, acompanhando, admirando e me deliciando com as músicas que tanto adoro.

Parafraseando Caê…encerro este post cantando pra o mundo ficar Odara, pra ficar tudo jóia rara porque esse papo já está qualquer coisa e você tá pra lá de Teerà.

Um abraçaço pra vc!

Luz!

Lu