Ele é Ator, músico, escritor, professor e diretor musical. Atuou em espetáculos como “Hair”, “A Falecida”, “O Dia em Que John Lennon Morreu” e “Aquele Nosso Hamlet”, entre outros. Estudou órgão, teclado, bateria, violão e canto. É formado em Arranjo e Composição pelo curso “Super Master Class”, na Voice – centro de educação musical onde leciona Técnica Vocal, Teoria Musical e Percepção.
Nosso bate papo hoje é com o super talentoso Edu Berton, parceiro da atriz, cantora e bailarina Simone Gutierrez no espetáculo Aípod. Confira na integra:
DMJ: Edu, quando você descobriu o talento para o canto?
Edu: Eu sempre amei cantar, desde criança. Minha mãe diz que nos aniversários eu pegava um violãozinho de brinquedo que eu tinha, subia na mesa e ficava “tocando” e …rsrs! Mais tarde, no ginásio, esse talento se confirmou. Vivia cantando em rodinhas de violão nos intervalos da escola. E sempre tive uma família muito musical. Sempre estudei instrumentos musicais e tive diversas bandas na sala da casa dos meus pais. Depois, optei por estudar mais à fundo o canto. Hoje também sou professor de técnica vocal e leciono desde 2001.
DMJ: Como surgiu a ideia de montar um espetáculo com tamanha interatividade musical como o Aípod?
Edu: O AíPod surgiu, parafraseando Renato Russo: “Quase sem querer”…rsrs! Eu e a Simone cantávamos numa banda que só tocava trilha sonora de filmes, chamada “Eletromovie”. Além das canções, o show era composto de vídeos no fundo do palco com as imagens dos respectivos filmes que estávamos cantando.
Um dia, acho que a Simone, senão me falha a memória, marcou uma temporada de 4 shows numa pequena casa em SP e não tínhamos músicas suficientes pra realizar esse evento. Então, à partir daí eu desenvolvi um roteiro amarrando todas as músicas do show, contando a história de um casal e associando com um filme hollywoodiano, sempre com muito humor, é claro! Com o texto, o show virou um “stand up musical” e a receptividade do público foi excelente. Mais tarde, cada um foi trabalhar em outros projetos, a banda acabou e resolvemos à partir da tríade música/humor/vídeo construir um novo projeto, o AíPod.
DMJ: Como você conheceu a Simone?
Edu: Pessoalmente eu a conheci há uns 10 anos atrás, quando ela foi assistir com um amigo em comum um espetáculo em que eu atuava. Mas foi uma apresentação rápida. Em 2008, fui convidado para fazer um teste na “Eletromovie”, a banda que eu citei na resposta acima e quando cheguei lá ela estava no estúdio, pois já cantava na banda. Foi engraçado porque a nossa reação foi: “Ahhhhh, você!” Hahahahaha!
DMJ: Como você define o espetáculo AíPod?
Edu: É bem difícil definir o AíPod…rsrsrs! Por isso, o chamamos de “VídeoMusiComédia”. O que eu sei é que ele é uma extensão da minha personalidade, pois tenho o hábito de tentar não rotular as coisas. Não acho que deveríamos usar a expressão “Ele é isso ou aquilo…”. Acredito mais no “Eu estou isso…”, entende? Não quero ser rotulado de ator, cantor, vocal coach, blá blá blá, etc. Só quero ser eu mesmo e acho que o AíPod foi naturalmente concebido desta maneira. Não é só um show, pois tem personagens. Mas também não é um musical, pois as músicas não são pano de fundo pra história de ninguém em cena. Aliás, nem história tem…rsrsrs! Enfim, o AíPod é o que ele é, e acredito que ele retrate muito bem a pluralidade do ser humano dos dias de hoje. E cada um acaba se envolvendo com um pequeno aspecto dele. Tem gente que se envolve como humor mais escrachado. Outros já se relacionam com o humor mais sutil que permeia o texto. Outros, se encantam com as músicas que fizeram parte de algum momento da história de vida delas. Outros, com a tecnologia e o sincronismo. Enfim, só assistindo pra saber…rsrsrs!
DMJ: Quanto tempo levou para o texto ser escrito e produzido?
Edu: Sem as músicas que já vinham sendo ensaiadas, uns 20 dias.
DMJ: Houve algum critério para a escolha da trilha sonora?
Edu: O primeiro critério foi o gosto pessoal, meu e da Simone. À partir daí, filtramos as músicas pela maneira como eu imaginava o arranjo e, principalmente, pela mensagem que cada música passava em suas letras. Cada música tocada no AíPod, por mais simples que possa parecer, tem uma preocupação em ampliar a mensagem inicial da música original.
Confira o vídeo do Edu Berton interpretando Sonífera Ilha em Aípod:
Trechos de Aípod:
DMJ: Você tem algum ritual antes de entrar no palco?
Edu: Além do tradicional aquecimento vocal e corporal, gosto de fazer uma oração com os meus companheiros de palco. E tenho um ritual de respiração e energização que uso segundos antes da cortina abrir.
DMJ: Uma frase que a Simone falou e que me chamou bastante atenção durante o nosso encontro em Salvador foi “ O Edu é uma fonte inesgotável de ideias”. E ela tem toda razão. Como funciona o seu processo criativo?
Edu: Grato pelo elogio. Bem, eu sou muito observador, curioso e me considero mais um “mixador” de ideias do que um criador. O mundo de hoje está saturado de informações, em todos os níveis. O que eu tento fazer é relacionar coisas que nem sempre as pessoas se atentam. Pra isso, tento me manter no presente e informado sempre. Também leio muito e faço cursos em outras áreas fora da minha área de atuação. Isso ajuda bastante.
DMJ: As produções musicais no Brasil vem aumentando muito ultimamente. A que você atribui esse crescimento ?
Edu: O teatro musical é muito atrativo do ponto de vista das texturas que ele utiliza pra contar uma história. Tem texto, música e dança, além dos cenários e toda a estrutura característica do gênero. Tudo isso ajuda a criar muitos contrastes pra manter a atenção do público, e sabemos que a tônica da sociedade dos dias de hoje é a sua relação com a pluralidade de informações que a permeia. Além disso, o brasileiro é musical por natureza, o que facilita ainda mais a comunicação. Sem contar a realização de produções clássicas do gênero aqui bem perto de nós. Crescemos ouvindo histórias da Disney, ou de musicais que assistimos em filmes e que foram para o teatro ou vice-versa. A globalização tem uma grande parcela de responsabilidade nisso. Podemos ver um musical de origem norte-americana sem precisar ir até a Broadway, ou até mesmo ir e fazer as devidas comparações. Ou ainda assistir a história de algum artista brasileiro contada através de uma encenação. Enfim, as possibilidades são infinitas. Tem muito musical com produções menores acontecendo pelo Brasil todo, e acredito que no futuro encontraremos nossa verdadeira identidade nesse gênero. Estamos apenas “engatinhando”…rsrs!
DMJ: Tem algum projeto que você ainda gostaria muito de atuar ou dirigir?
Edu: Eu adoro o musical “Across The Universe”, um filme em que toda a trilha sonora é composta de músicas dos Beatles. Seria inédito e desafiador!
DMJ: Drama ou comédia?
Edu: Eu particularmente prefiro fazer comédia, mas já fiz muitos dramas em minha carreira. O que vier tá valendo, desde que signifique algo pra mim e me toque a Alma.
DMJ: Qual foi a situação mais engraçada que você já viveu atuando?
Edu: Comigo nunca aconteceu nada muito engraçado, no máximo esquecer um texto importante de um espetáculo e ter que me virar. Mas já vi vários companheiros de cena caírem e ter que segurar o riso. Uma história relativamente recente que aconteceu no AíPod: Nosso baixista (André Sangiovanni), apelidado de Bebezão, esqueceu de entrar com o contra-baixo dele na primeira música do show, e correu pro camarim pra pegar. Foi hilário! O público nem percebeu, mas pra gente no palco foi engraçadíssimo! Desculpe
Bebezão, mas tive que contar essa história! Hahahahaha!
DMJ: Qual é o lugar que você sente melhor?
Edu: Amo praia e natureza! Em casa, o meu lugar predileto é o banheiro.
Hahahahahahahah! Juro! É ritualístico pra mim!
DMJ: Uma frase, um trecho de uma música ou uma citação que representa muito para você.
Edu: Vou ser obrigado a recorrer à um clichê, mas o que posso fazer se Clarice Lispector sempre acertava a mão? Rsrsrsrs! É um trecho de um texto dela que aprendi recentemente e que faz todo sentido pra mim. Aí vai: “Eu sei de muito pouco. Mas tenho a meu favor tudo o que não sei…”
DMJ: Quais são os seus planos para o futuro?
Edu: Eu gostaria que o AíPod se transformasse num grande canal de web também e se comunicasse com um maior número de pessoas em todas as esferas: teatro, internet e porque não, televisão.
DMJ: Qual é o seu maior sonho?
Edu: Profissionalmente, que o AíPod fosse visto por pessoas do Brasil todo. Pessoalmente, meu maior sonho é viver no presente cada segundo da minha vida.
DMJ: Se você tivesse que escolher uma trilha sonora para a sua vida, qual seria?
Edu: Acho que todo o som que permeia nossas vidas pode ser uma trilha musical, inclusive gritos, buzinas, etc, rsrsrsrs. Mas já que tem que escolher, eu prefiro uma trilha com letra. No caso, seria o refrão de “Pais e Filhos”, da Legião Urbana: “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã. Porque se você parar pra pensar, na verdade não há.”
Confira álbum de fotos de Edu Berton:
DMJ: Obrigada, Edu! Volte aqui no nosso cantinho sempre que puder e quiser. Meu pedido é: Leve Aípod para várias cidades. O mundo precisa conhecer esse espetáculo! E por favor, continue produzindo esses textos maravilhosos! Como já te disse anteriormente, virei fã do escritor, do ator, do cantor e da pessoa. Seu caminho é de luz!
Edu: Lu, eu é que agradeço o teu carinho e sensibilidade! Muito obrigado pelo espaço e pela condução do “da minha janela”. Você faz um trabalho espetacular como jornalista e ser humano em abrir a sua janela e permitir que abramos as nossas também!!! Grande Beijo!
4 Comments
Marcela Teles
14 de setembro de 2014 at 16:41De todas as entrevistas que já li aqui essa foi a que mais gostei! E olha que leio todas!!! rsrs
Parabéns, Edu! Parabéns, Lu!!! Vcs fizeram um excelente trabalho!
Artur Messa
17 de setembro de 2014 at 04:39Só tem um engano nessa entrevista. Eu assisti em Sp e gostei muito. Apenas par corrigir, a produção é do produtor Nicolau Ayer.
Abraços,
Artur!
Victor freitas
14 de setembro de 2014 at 16:45O Edu é um artista completo.
Ele está perfeito em Aípod junto com a Simone.
Artur Messa
17 de setembro de 2014 at 04:32Bom, Sra não corrigi a informação aqui, corrijo eu nas redes sociais colocando a informação certa em referencia à sua matéria. Não sou muito chegado a informações errôneas.