Aos 45 anos, casada e mãe de um casal de gêmeos de três anos, Claudia Mauro praticamente emendou um trabalho atrás do outro em 2014. Integrou o elenco da novela “Em Família”, da TV Globo e participou do espetáculo “Randevu do avesso”. A atriz e bailarina nos recebeu com um sorriso no rosto e os olhos brilhando. Afinal, logo subiria ao palco do Teatro Vanucci, para mais uma apresentação do espetáculo “Eu e Ela”, com direção de Ernesto Piccolo e texto de Guilherme Fiuza.
Fiuza escolheu um tema um tanto quanto inusitado para sua estreia teatral: A barata. Trata-se de um divertido e angustiante encontro entre uma mulher e o inseto odiado por dez entre dez mulheres. E a atriz exibe grande preparo físico para enfrentar a ação frenética do espetáculo. Sua personagem salta, rasteja e anda por cima dos móveis, no duelo às vezes real, às vezes delirante com a barata.
Saímos do teatro maravilhados. Afinal, quando a peça supera, em muito, aquilo que já se esperava ser bom, a sensação de felicidade é plena! Confira, na íntegra, o nosso bate-papo:
DMJ: Claudia, quando decidiu que queria ser atriz?
Claudia: Ainda criança. Aos doze anos de idade entrei no grupo de teatro infantil Além da Lua. Meu irmão, Andre Di Mauro, e minha irmã, Patricia Mauro, já faziam teatro e eu sempre os acompanhava. Esse grupo era um grupo de adolescentes de 14, 15 anos. Meu irmão e minha irmã já faziam parte dele. No grupo também estavam a Licia Manzo e a Bianca Byngton. Eu era a mascote, rs.
DMJ: Você tem medo de barata? rs.
Claudia: Não tenho medo exatamente… tenho aflição! Nojo. Acho barata um bicho asqueroso. Odeio!
DMJ: Como surgiu a ideia de montar um espetáculo abordando esse divertido e angustiante encontro com o inseto odiado pela maioria das mulheres?
Claudia: Acredito que o Guilherme tenha tido essa ideia a partir da convivência com as mulheres, rs. Geralmente falamos do universo feminino, quando se tem uma figura masculina em cena também, são textos de casal, amantes, enfim, acho que o Guilherme substituiu o homem pela barata. Rsrs.
DMJ: A peça aborda a solidão feminina. Conte-nos um pouco sobre o texto.
Claudia: O texto entra no universo feminino de forma delicada e sutil. A partir daquele encontro inusitado e desagradável com a barata, aquela mulher se transforma e percebe a sua vida de outra forma. Na verdade, a barata a liberta. O Guilherme tem muito humor e uma ironia deliciosa.
DMJ: Como você se preparou para viver a personagem?
Claudia: Não precisei me preparar tanto. Me identifiquei de cara com a personagem. Foi um encontro. Rs. Bárbara – a personagem – veio até a mim. Rs. Me preparei, sim, tecnicamente, pelo fato de ser praticamente um monólogo. Tive que cuidar da minha voz. E ainda tenho que continuar cuidando para segurar a próxima temporada.
DMJ: O espetáculo traz à tona o fracasso do casamento da protagonista. Mas você vive uma união de 21 anos com, o também ator, Paulo César Grande. Qual é o segredo para um relacionamento duradouro?
Claudia: Vontade de continuar e de ter com quem contar quando envelhecer. É uma escolha. Dentro dessa escolha, você supera as dificuldades, as fases complicadas. Mas, claro, para conseguir tudo isso, é preciso muito amor, admiração, amizade e parceria.
DMJ: Por falar nisso, vocês já atuaram juntos muitas vezes. Como funciona essa parceria na profissão?
Claudia: Sim, atuamos muitas vezes. No teatro, na TV e no cinema. É ótimo! Nos damos muito bem. Nos conhecemos trabalhando juntos. Adoro estar em cena com ele.
DMJ: Como é ser mãe de gêmeos e o que a maternidade mudou na sua vida?
Claudia: Ser mãe de gêmeos é um presente. A melhor coisa do mundo. Meus filhos não me deram trabalho. Acho que quem dá “defeito” é adulto! Rs. Se eu não fosse atriz, teria muitos filhos. Tenho vocação para a maternidade… Adoro as crianças, o universo infantil. Sou encantada. A maternidade mudou tudo, o sentido da vida…
DMJ: Qual ou quem é a sua maior fonte de inspiração?
Claudia: A vida.
DMJ: Qual personagem mais lhe deixou saudade? Por quê?
Claudia: No teatro, a personagem que fiz no musical “O Baile.” Era uma personagem que começava aos 20 anos e terminava aos 70. Não tinha texto e fazíamos tudo na emoção, no corpo, através da dança e dos movimentos. Foi uma experiência maravilhosa. Na TV, a Valquiria de Historia de Amor, minha primeira novela. Foi uma personagem que me deu muitas possibilidades. Ela era corajosa, alegre e vivia uma situação muito difícil na vida: o marido paralítico depois de um acidente. Foi uma novela muito bacana de fazer.
DMJ: Quais são as lembranças que você guarda da Escolinha do Professor Raimundo?
Claudia: As melhores possíveis. Rs. Tive a sorte e o privilégio de trabalhar com os grandes gênios do humor. Além do Chico, tínhamos Brandão Filho, Walter D´Ávila, Costinha, Francisco Milani, Rogério Cardoso, Berta Loran, Zezé Macedo e tantos outros. Foi uma experiência única.
DMJ: Como era o relacionamento com o Chico?
Claudia: Maravilhoso. Chico me viu no teatro e me convidou para a Escolinha. Eu fazia inicialmente uma outra personagem, a mesma que fazia no teatro. Uma crente que não tinha nada de sensualidade. Mas tivemos problemas com os protestantes e acabamos mudando o perfil da personagem. Chico sabia do que eu era capaz de fazer e me respeitava. Sempre me deu força em tudo, acreditava no meu talento. Ele foi o primeiro a me dar oportunidade na TV, sempre me deu valor.
DMJ: Quem são as suas referências na dramaturgia?
Claudia: Muitas… na TV, acho a Gloria Pires imbatível! Na verdade, gosto de muitas atrizes e atores brasileiros … Tony Ramos, Andrea Beltrão, Patricia Pillar… No teatro, Juca de Oliveira, Fernanda Montenegro, claro. Ney Latorraca, Marilia Pêra, Nanine, Louise Cardoso, Vera Holtz, Edwin Luisi… e com certeza estou esquecendo outros tantos… Sou de uma geração que teve boas referências. Fui criança na época do Sitio do Picapau Amarelo da Nuse Nacaratti de Emilia, do André Valle de Sabugosa, Da Zilka Salaberry de Dona Benta. Rs. Tinha 10, 11 anos na época de Dancin`Days, Agua Viva. Peguei Saramandaia também. Rs E vi o Brasil parar para saber quem matou Odete Roitman.
DMJ: Como costuma cuidar do corpo e da mente?
Claudia: Fazendo ballet.
DMJ: Como foi a experiência de estudar dança em Londres?
Claudia: Maravilhosa. Mas posso dizer que a minha formação no Brasil, não deixou nada a desejar. Pelo contrário. Fiz todas as aulas profissionais em Londres, sem dificuldade. Fui muito bem formada aqui no Brasil pela Carlota Portella, Renato Vieira e Marly Tavares.
DMJ: Você tem algum arrependimento?
Claudia: Não.
DMJ: Uma frase
Claudia: Não leve a vida tão a sério, afinal você não vai sair vivo dela mesmo.
DMJ: Um lugar
Claudia: Itália
DMJ: Uma música
Claudia: “Como é grande o meu amor por você” – Música que eu cantava para os meus filhos na barriga – Mas adoro boa música e sou bem eclética, vou do rock ao samba.
DMJ: Claudia Mauro por Claudia Mauro
Claudia: Com alegria no DNA. Rs.
DMJ: Claudia, muito obrigada! É uma alegria tê-la na nossa Janela! beijo de luz!
Confira galeria de fotos:
SERVIÇO
Luciana Leal usa colar Empório Valentinni
EU E ELA
Local: Teatro Vannucci
Endereço: R. Marquês de São Vicente, 52 – Gávea
Temporada: Até 21 de junho.
Horário: Quinta a sábado, 21h – Domingo, 20h30
Ingresso: Quinta e sexta-feira 70,00 (inteira) – Sábado e Domingo R$ 80,00 (Inteira)
Classificação: 14 anos
Duração: 60 min.
Gênero: Comédia
Capacidade: 400 lugares
AGRADECIMENTOS:
Aos amigos Carlos Gilberto, Julia Viegas e Janaina Môcho
5 Comments
Dalia Leal
19 de junho de 2015 at 16:33Amei a oportunidade de conhecer Claudia Mauro bem como algo sobre sua família. Ela está de parabéns pelo espetáculo em cartaz, texto tão interessante, sobre episódio da barata rsrsrs. E vc Luciana Leal, mais uma vez mto boa entrevista! nunca deixo de ler nenhuma delas!boa sorte em seus futuros trabalhos!!!
Claudia Mauro
20 de junho de 2015 at 10:09Amada! Adorei a materia! Obrigada, Lu!! Bj enorme
Mila Oliveira
20 de junho de 2015 at 10:11Recomendo! Adorei essa peça. E a matéria ficou show!
Aninha Assis
20 de junho de 2015 at 10:13Acompanho a trajetória da Claudia desde “História de Amor”.
Adorei vê-la no site.
Muito boa essa matéria!
Lúcio Castro
21 de junho de 2015 at 10:01Peça maravilhosa e uma pessoa encantadora. Parabéns Claudia e um muito obrigado a Luciana por esse texto maravilhoso.