Ele deixou Porto Alegre com apenas 16 anos e mudou-se para São Paulo com o objetivo de estudar teatro. Aos 23 anos, já acumula importantes papéis e seu currículo conta com clássicos como ‘Os Saltimbancos’ – com mais de 150 mil espectadores -, ‘Romeu e Julieta’e ‘Senhor das Moscas’. Conversamos agora com Gabriel Neumann.
SNJ: Gabriel, quando decidiu que queria ser ator?
Gabriel: Foi uma escolha natural pra mim que faço teatro desde pequeno. Comecei fazendo parte do grupo de teatro que tinha na minha escola e depois fui estudar na Casa de Teatro de Porto Alegre com o Zé Adão Barbosa. Nunca mais parei! Quando terminei o colegial, já não tinha mais dúvidas de queria ser ator.
SNJ: Como foi sair de POA aos 16 anos para estudar teatro em São Paulo?
Gabriel: No início foi difícil a adaptação para uma cidade muito maior do que a minha e com tantas pessoas diferentes do que eu estava acostumado. Quando vim para São Paulo eu não conhecia ninguém já que toda a minha família continuou no Sul. Então até fazer amigos novos e conhecer melhor a cidade demorou um pouco. Hoje em dia já estou super bem adaptado. Sou um gaúcho-paulistano!
SNJ: Qual é a importância do espetáculo Saltimbancos na sua carreira?
Gabriel: Em Os Saltimbancos tive o meu primeiro contato com o grande público. Foram sete meses em cartaz aos finais de semana no Teatro Folha. Sempre com a casa cheia! O espetáculo era muito querido pelas pessoas pois a história é um clássico brasileiro e já teve várias temporadas! Foi lá que entendi como é a rotina de estar em cartaz com uma peça, fazer parte de um elenco profissional e lidar com os espectadores.
SNJ: Como foi fazer parte do Senhor das Moscas?
Gabriel: O Senhor das Moscas foi muito importante pra mim! A peça conta a história de 12 garotos em idade escolar que sofrem um acidente aéreo e ficam naufragados numa ilha deserta, sem a ajuda de nenhum adulto. Lá precisavam se unir para sobreviver e ter a chance de serem resgatados, mas no decorrer do tempo vai dando tudo errado e eles acabam se voltando uns contra os outros. Debatia assuntos como a estrutura da sociedade moderna, a criação de regras, ética e moralidade e também a natureza do mal dentro do ser humano. Como ator foi um grande desafio pois o Percival, meu personagem, tinha apenas 6 anos de idade. Era o menor de todos!
E também foi uma experiência sensacional ter sido dirigido pelo Zé Henrique de Paula e pela Fernanda Maia, do Núcleo Experimental, que eu admiro muito e tenho um grande carinho.
No teatro a história pode começar no palco, mas só se completa na plateia, no entendimento e na imaginação do público.
SNJ: Como costuma se preparar para os testes e as peças?
Gabriel: Depende muito. Para O Senhor das Moscas, por exemplo, foram meses de preparação física e vocal diária. Geralmente cada trabalho e cada personagem exige uma preparação diferente. Eu gosto muito de ler, então sempre procuro livros que dialoguem com o tema do personagem que estou desenvolvendo. Vou muito ao teatro, o que acaba sempre me alimentando de referências e assisto filmes. Tento estar sempre com a mente e o corpo saudáveis para ter o melhor desempenho possível.
SNJ: Durante um espetáculo é possível captar todas as reações do público? Isso motiva ou atrapalha?
Gabriel: O mais legal de fazer teatro é ter esse contato direto com as pessoas que estão ali para assistir àquela história! Sentir a reação da plateia é imprescindível. No teatro a história pode começar no palco, mas só se completa na plateia, no entendimento e na imaginação do público.
SNJ: Como foi interpretar Romeu, de William Shakespeare, no teatro?
Gabriel: Foi muito desafiador. Tive a oportunidade de viver o Romeu durante o último período da escola de interpretação, e fui dirigido pelo Sérgio Ferrara que é um diretor brasileiro, com uma visão única do teatro. O texto de Shakespeare é cheio de poesias e tem imagens belíssimas, uma aventura para qualquer ator. Dizem que é a história de amor mais conhecida do mundo porque mesmo quem nunca assistiu à peça tem a referência do Romeu, da Julieta do seu amor trágico. É muito provocador representar personagens que já estão no imaginário de tantas pessoas. Foram meses de estudos e ensaios para construir o espetáculo.
SNJ: Pensa em fazer televisão?
Gabriel: Sou muito feliz e grato ao teatro que sempre me acolheu e me ensinou muito, mas tenho vontade de interpretar mais em outros veículos. São linguagens diferentes e eu quero transitar por todas com facilidade. A televisão tem um alcance de público muito grande e quero ter a oportunidade de levar meu trabalho para o maior número de pessoas possível, então penso sim! As séries, por exemplo, transformaram a forma das pessoas se relacionarem com esse conteúdo, com a arte e o trabalho de um ator ou atriz. Então claro que penso em fazer. Estou estudando muito.
SNJ: Quais são as suas principais lembranças de POA?
Gabriel: Lembro sempre dos meus amigos queridos que ainda moram lá, da minha família e dos meus cachorros. Sinto muita saudade de todos!
SNJ: Qual é o seu apelido em família?
Gabriel: Minha familia e meus amigos me chamam de ”Biel”.
SNJ: Nos momentos de folga, qual é o seu passatempo preferido?
Gabriel: Gosto muito de ler, de ir ao cinema e de ficar com os meus amigos. Gosto muito de cozinhar, principalmente se for para as pessoas que eu gosto! Também amo ir à praia!!
SNJ: Qual foi o maior mico que já viveu atuando?
Gabriel: Quando eu tinha uns 11 anos, ainda em Porto Alegre, estava num espetáculo que contava a vida do poeta Mário Quintana. Eu interpretava a parte da história de quando ele era criança, mas ao entrar no palco, me deu um branco, eu errei o texto e pedi desculpas pra plateia que riu e aplaudiu me incentivando a continuar. Eu tive vontade de sumir do planeta naquele momento, mas no fim deu tudo certo! Também já rasguei as calças no meio de um espetáculo de dança. Não dá pra se levar tão a sério. O ator vive pagando mico. Super normal!
SNJ: Qual personagem sonha interpretar?
Gabriel: Gosto muito de personagens épicos como o Conde de Monte Cristo. Mas eu também adoraria fazer um personagem bem brasileiro como o Pedro Bala, do Capitães da Areia. Um vilão cheio de artimanhas. Quem sabe um dos reis de Shakespeare, ou algum personagem absurdo do Samuel Beckett.
SNJ: Uma frase:
Gabriel: Pensando no Mário Quintana, veio uma frase dele: “Todos esses que aqui estão atravancando o meu caminho, eles passarão, eu passarinho.”
SNJ: Um lugar:
Gabriel: O mar! A casa da minha mãe!
SNJ: O que o tira do sério?
Gabriel: Injustiças e falta de empatia.
SNJ: Uma Música:
Gabriel: Junk of The Heart do The Kooks
SNJ: Uma mania:
Gabriel: Tomar banho no escuro!
SNJ: Gabriel Neumman por Gabriel Neumann
Gabriel: Um cara sonhador e aventureiro, que ama os animais, a natureza e faz tudo pelos amigos!
SNJ: Obrigada, Gabriel. Sucesso!
2 Comments
Sandra Pires
8 de março de 2018 at 12:09Maravilhoso desde os cinco anos já brilhava no palco. Um grande beijo de quem teve o prazer de te pegar no colo. Não precisa desejar sucesso para ti, nasceste brilhando como uma estrela no céu. Muita alegria de ver que o seu brilho está reluzente. Beijo no coração.
Jenifer Zagatti
8 de março de 2018 at 12:10Ele é lindo demais! Pura verdade nessa entrevista! 😍 Parabéns, meu lindo, Gabriel Neumann! ❤️