“ÍCARO”, DE LUCIANO MALLMANN, DESMISTIFICA UNIVERSO DOS CADEIRANTES POR MEIO DO TEATRO DOCUMENTAL

“ÍCARO”, DE LUCIANO MALLMANN, DESMISTIFICA UNIVERSO DOS CADEIRANTES POR MEIO DO TEATRO DOCUMENTAL

Foto: Fernanda Chemale

O ator gaúcho, que sofreu uma lesão medular em 2004 no Rio de Janeiro, também é autor do texto e produtor do espetáculo.

Com sessões lotadas e sucesso de crítica por onde passou, o espetáculo teatral “Ícaro” chega ao Rio de Janeiro para uma temporada de sete semanas no Teatro Poeirinha a partir de 1º de novembro. A peça chama a atenção pela proposta singular: um monólogo criado e encenado por um cadeirante. Misturando ficção e realidade, o ator e autor Luciano Mallmann interpreta depoimentos de cadeirantes – homens e mulheres – em temas universais que garantem a identificação direta do público. A inspiração partiu da experiência do próprio artista gaúcho e de depoimentos de pessoas que tiveram lesões medulares que conheceu depois que passou a usar cadeira de rodas. Em 2004, ele ficou paraplégico após uma queda durante um exercício de acrobacia área em tecido, no Rio de Janeiro.

Não há cenário, nem marcações bruscas. Dirigida por Liane Venturella, “Ícaro” valoriza a interpretação e surpreende pela forma com que o ator explora o corpo durante as cenas. A precisão dos movimentos foi um elemento fundamental para expressar as limitações físicas de cada personagem. Surgem, em cena, a modelo, o lutador, a mãe, o ator e o acrobata. Ao longo de 70 minutos, Luciano Mallmann dialoga com o público temas como preconceito, resiliência, relações familiares e amorosas, suicídio, maternidade e gravidez. Um mosaico sobre a
diversidade humana.

— Por trás da deficiência, existe uma pessoa que tem histórias. Isso é o mais importante e também o que provoca a identificação com a plateia. A peça desperta essa quebra de paradigma. Não adianta nada os cadeirantes estarem integrados à sociedade, mas sempre serem vistos de forma diferente pelos outros — defende Luciano Mallmann.

O ATOR
Luciano Mallmann iniciou sua trajetória na Cia. das Índias, dirigido por Zé Adão Barbosa em 1991. Participou dos espetáculos “A Gata Borralheira” (1991), “Ai de ti, Dorothy Parker” (1992), “O Despertar da Primavera” (1993) e “Love Hurts” (1996).

O ator mudou-se para o Rio de Janeiro em 1996, quando participou da Oficina de Atores da Rede Globo e do espetáculo “A Dama do Cerrado”, de Mauro Rasi. Também integrou o elenco de “Sweet Charity Pocket Show” (1998), “Rock Horror Picture Show” (1999) e “Rio´s Cabaret Musical” (2000), todos dirigidos por Carlos Leça. Luciano atuou ainda em “Ela Brasil” (2001, direção de Ignácio Coqueiro), “Os Duelistas” (2001, de Jorge Fernando), “Sonhos de Einstein” (2004, Cláudio Coqueiro, da Intérprida Trupe) e “O Circo Fantástico” (2004, de Fábio Florentino).

Em 2004, sofreu uma lesão medular passando a usar cadeira de rodas. Foi quando voltou a morar em Porto Alegre. Em 2011, produziu e atuou em “A Mulher Sem Pecado”, de Nelson Rodrigues e com direção de Caco Coelho. O espetáculo foi indicado a todas as categorias do Prêmio Açorianos, levando as estatuetas de produção, atriz e cenografia e espetáculo pelo júri popular.

No cinema, atuou nos curtas-metragens “O Caso do Linguiceiro” (1995), de Flávia Seligman, e “Bola de Fogo” (1996), de Marta Biavaschi. Recentemente, Luciano rodou os longas-metragens “Divino amor”, de Gabriel Mascaro, em que contracena com Dira Paes, e de “Bio”, de Carlos Gerbase, um documentário de ficção no qual foi indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante no Festival de Gramado, no ano passado, ambos em
finalização. Em TV, participou das novelas “Mandacaru” (1997), dirigida por Walter Avancini na extinta TV Manchete e “Meu Bem Querer” (1998), direção de Marcos Paulo, na TV Globo.

A DIRETORA
Liane Venturella dirigiu os espetáculos “Circo Minimal” (2001), “Odoya, Xire das Águas” (2008) e “Louça Cinderella” (2010) para Cia. Gente Falante; “O gordo e o magro vão para o céu” (2009), de Paul Auster, para a Cia In.Co.MO.De-Te;  “Um Verdadeiro Cowboy” (2011) para o Depósito de Teatro; “Corsário Inversos” (2013) para o grupo Mosaico; “A Farsa do Advogado Pathelin” (2014) para o grupo Hora Vaga; “Tempo de Sonhar” (2015), do Vocal Mandrialis; Salão Grená e Portal de Partidas (2015) para a Cia. Municipal de Dança de Porto Alegre; “A Saga do Homem Comum” (2015) para a banda Capitão Rodrigo; “Brechó da Humanidade (2016) para Rudinei Morales;“Marcela Fenay” (2016), solo da bailarina Andrea Spolaor; “Cantos de Linho de Lã” (2016) e “O Jardineiro dos Pensamentos” (2016) para o Grupo Hora Vaga, de Garibaldi.

SINOPSE

Em cena, um único ator e seis histórias com um ponto em comum: depoimentos ficcionais de pessoas cadeirantes. O texto foi escrito pelo próprio intérprete Luciano Mallmann, que teve uma lesão medular sofrida em uma queda de acrobacia área em tecido há 13 anos. A partir de temáticas universais (relação entre pais e filhos, preconceito, relacionamentos amorosos, abandono, suicídio, gravidez, maternidade) a montagem aborda a fragilidade humana a qual todos estamos expostos.

SERVIÇO
“ÍCARO”
Temporada: de 1º de novembro a 16 de dezembro – de quinta a sábado, às 21h, e
domingo, às 19h.
Local: Teatro Poeirinha – Rua São João Batista 174, Botafogo. Tel.: 2547-0156.
Ingresso: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia). Duração: 70 min.
Gênero: Teatro Documental. Lotação: 60 lugares. Classificação: 14 anos.

FICHA-TÉCNICA
Dramaturgia e atuação: Luciano Mallmann
Direção: Liane Venturella
Trilha sonora: Monica Tomasi
Iluminação: Fabrício Simões
Preparação vocal: Ligia Mota
Fotografia: Fernanda Chemale e Nina Pires
Produção: Luciano Mallmann
A logomarca do espetáculo foi criada pela artista visual Walmor Corrêa.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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