Luciana Fernandes

Luciana Fernandes

Quando criança, o interesse pela dramaturgia não passou despercebido. Já no seu primeiro trabalho na TV, caiu nas graças do público vivendo a Irene de “O Outro Lado do Paraíso” e guarda, além de lembranças incríveis, muito aprendizado dessa experiência. É com a bela, talentosa e encantadora Luciana Fernandes que conversamos agora.

SNJ: Lu, quando começou a se interessar pela dramaturgia?

Luciana: Eu sou do sul da Bahia (Potiraguá). E o meu interesse em atuação veio ainda muito pequena. Eu sentia a necessidade de sair daquela realidade. E queria contar as histórias que eu via na televisão. Eu sentia muita melancolia quando criança, achava aquela cidade um pouco triste. E atuar, era a única maneira que eu encontrava de existir ali. Então, eu brincava de “fazer novela (risos).

SNJ: Como surgiu a oportunidade para interpretar a Irene de “O Outro Lado Do Paraíso”?

Luciana: Eu havia feito um teste para uma outra novela do Walcyr “Êta Mundo Bom” e fui péssima rs. Ainda estava me formando e era muito insegura. Não passei… depois, veio um convite para um teste de O outro lado do Paraíso. Acreditei que aquela seria a minha segunda chance.

SNJ: O que guarda dessa experiência?

 Luciana: Eu aprendi muito! foi a minha primeira novela. Eu estava muito atenta a todos os passos dos meus parceiros de cena. Copiei muito a Dona Ana (Ana Lúcia Torre). Eles todos me deram as mãos… eu levo a generosidade e o carinho que tiveram comigo, com alguém que estava (está) engatinhando. Todos diziam que eu tive muita sorte de trabalhar com parceiros como aqueles. Eu acredito!

SNJ: Como espectadora, qual foi a sua novela preferida e por quê?

 Luciana: Eu estudava à noite e faltava algumas vezes para assistir Avenida Brasil, fiquei encantada com aquele universo. Foi a minha novela predileta! Porque eu achei muito humana a construção de Adriana Esteves como Carminha.

SNJ: Como você avalia a importância da TV e da internet como mídias fortalecedoras do empoderamento feminino?

 Luciana: Eu conheci o feminismo na internet. Logo, acredito no poder que tem a internet e a televisão. Acredito que a internet veio trazendo mais possibilidade para a televisão. Tem muitos assuntos sendo discutidos na internet que a televisão ainda  se nega a falar.  Mas é inegável que essas mídias trazem a possibilidade das pessoas discutirem e refletirem sobre situações ou temas dos quais elas ainda não haviam despertado.  E o empoderamento feminino é uma delas.

SNJ: Você acredita que uma novela tem o dever de propor a reflexão?

Luciana: Sim. Além do entretenimento, propor a reflexão é o grande dever da televisão. 

SNJ: Existe dificuldade no reconhecimento multirracial por parte da dramaturgia?

Luciana:  Sim! O Brasil é um país racista. Muitas coisas ainda nos é negado e na arte não seria diferente. Então, nós sempre entramos derrubando as portas. Agora estamos conseguindo contar as nossas próprias histórias. Mas o dinheiro ainda é branco.

SNJ: Na sua opinião, quais seriam os possíveis caminhos de transformação para o atual cenário cultural brasileiro?

 Luciana: O primeiro passo é mudar o cenário político atual.  A cultura não tem visibilidade e ainda é pouco fomentada. Eu, basicamente, faço teatro para a classe teatral. Dois ou três gatos pingados não são atores dentro de uma plateia.

SNJ: Qual autor mais a entusiasmou até hoje?

 Luciana: Os autores/autoras  que mais me entusiasmaram e as suas obras foram:

Grace Passô (Por Elise)

Fauzi Arap (Pano de Boca)

Ana Maria Gonçalves (Um defeito de Cor)

Cada um deles fala sobre mim.  Grace e Ana Maria são mulheres fortes, mulheres negras, que dentro da sua arte, me inspiram. Fauzi Arap foi um excelente diretor e dramaturgo e eu gostaria muito de ter sido dirigida por ele.

SNJ: Como avalia a atual situação política do Brasil? Costuma falar sobre essas questões?

 Luciana: O cenário político atual me entristece.  É branco, misógino, homofóbico, machista, fascista, racista… não me representa!!!! E eu converso muito sobre. Fico triste, choro… é desesperador.

SNJ: Um dos grandes perigos para o mundo moderno é a facilidade das pessoas em aceitar idéias gerais como sendo próprias. A internet, apesar de necessária, é um risco em relação a isso. Como você avalia a era digital?

 Luciana: As pessoas acreditam que a internet é terra de ninguém e não é. Atrás da tela existem pessoas e o que elas dizem pode ferir muito.  Eu tenho muito cuidado com o que escrevo. A internet tem um senso comum dominador, mas também tem uma fonte chamada Google que é fascinante. risos

SNJ: Como costuma cuidar do corpo e da mente?     

 Luciana: Eu sou vegetariana e busco sempre conhecer alimentos orgânicos/veganos.  Além disso, cuido da mente prestando bastante atenção no que leio, no que acompanho.

SNJ: Daqui a muitos anos, quando alguém pensar em Luciana Fernandes, como gostaria de ser lembrada?

Luciana: Gostaria de ser lembrada com representatividade para mulheres como eu: Negras e periféricas. Que eu consiga chegar em algum lugar bom e que inspire essas mulheres de alguma forma.

SNJ: O que é felicidade para você?    

 Luciana: Ter um amor bom.                                                                                                                                           

SNJ: Uma mania

Luciana: Lavar os cabelos todos os dias (risos).

SNJ: Uma frase

Luciana:  Quando não souberes para onde ir, olha para trás e saiba pelo menos de onde vens.”

Provérbio Africano – Um defeito de Cor – Ana Maria Gonçalves

SNJ: Um lugar

Luciana:  Potiraguá

SNJ: Um livro

Luciana:  O Estrangeiro – Albert Camus

SNJ: Prato preferido

Luciana:  Batata fritas e litrão (risos)

SNJ: Uma viagem inesquecível

Luciana:  Paraty com os meus amigos

SNJ: Um filme

 Luciana: Dançando no Escuro

SNJ: Uma música

 Luciana: Pérola Negra – Luiz Melodia

SNJ: Um sonho

 Luciana: Conhecer a África

SNJ: Luciana Fernandes por Luciana Fernandes

 Luciana: Sertão e cidade

SNJ:  Lu, muito obrigada por participar da nossa janela!

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

4 Comments

  1. Avatar
    Dalia Leal
    3 de dezembro de 2018 at 16:46 Reply

    Parabéns Lucianas! entrevistada e entrevistadora👏👏👏☀️🌜🌟
    Amei!💋❤

  2. Avatar
    Fabi Leal Marques
    5 de dezembro de 2018 at 12:00 Reply

    Inspiradora… parabéns!

  3. Avatar
    Luciana Fernandes
    5 de dezembro de 2018 at 12:21 Reply

    A matéria ficou tão bonita! Obrigada por ecoar a minha voz. De verdade. <3
    Asè. Espero que a maternidade tenha sido um despertar pra você.

  4. Avatar
    Marcela Teles
    5 de dezembro de 2018 at 12:22 Reply

    Que grata surpresa essa entrevista com a jovem Luciana Fernandes. Adorei!

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