Ela se interessou por arte desde a infância. Cria do teatro, sua primeira participação na TV foi na novela “Amor à Vida”, da Rede Globo. Em 2016, fez a Liora, personagem que lhe deu grande repercussão, na novela “A Terra Prometida”, da Record TV. Está no ar vivendo a ambiciosa e divertida Arlete em “As Aventuras de Poliana”, no SBT. Conversamos com a atriz Leticia Tomazella sobre a novela, o teatro, feminismo e tecnologia.
NJ: Leticia, você está no ar em “As Aventuras de Poliana”, no SBT, fazendo a engraçada e ambiciosa manicure Arlete. Como se deu a construção da personagem?
Leticia: Observando muito e ficando também atenta ao que os autores desejavam. Mas a rua e os lugares públicos são pródigos em nos trazer à tona todos os personagens possíveis.
NJ: A novela é inspirada em uma obra infantojuvenil. Você costumava ler o livro “Poliana”? Como está sendo trabalhar para esse público?
Leticia: Sim, li aos 12 anos. Trabalhar pra esse público é lindo. É um público muito sincero e espontâneo. E é bacana sentir estar contribuindo para a formação de nossos futuros cidadãos.
NJ: Sua estréia na TV foi em “Amor à Vida”. Como foi a experiência?
Leticia: Muito importante. Uma novela das 9 de muito sucesso e com a ascensão do fenômeno Tatá… Foi um deleite pra mim.
NJ: Como foi pra você viver a Liora na trama bíblica “A Terra Prometida” e quais são as recordações desse trabalho?
Leticia: Sem palavras… foi muito especial. O Renato Modesto me presenteou mesmo com essa personagem. As recordações são as melhores. Os parceiros de cena eram incríveis. E a personagem muito me ensinou sobre a vida… sobre levar a vida com humor e leveza.
NJ: Você acha que as novelas devem ter a preocupação de discutir temas relevantes para o público ou sua função é apenas entretenimento?
Leticia: Acredito que a função nunca pode ser apenas entretenimento, quando se trata de um público infantil. Toda e qualquer referência que são passadas a esse público são fortemente fixadas, nessa fase da vida. Portanto a TV é uma importante formadora e tem de ter a consciência disto.
NJ: Além de cursar Letras, você fez mestrado em Teoria Literária e Teatro Brasileiro. De que forma esses cursos influenciaram na sua formação como atriz?
Leticia: No gosto pelo estudo incessante e no prazer da escrita, sem dúvida. Me tornei uma atriz muito mais consistente. Pra mim, ser ator é estudar muito, pra sempre.
NJ: Você é uma atriz com vasta experiência no teatro. Quais são as principais diferenças que observa entre os palcos e os estúdios?
Leticia: O público. No teatro, o público vem até nossa casa, a casa do ator; na TV, nós é que vamos, de alguma forma, até a casa das pessoas, diariamente.
NJ: Como você avalia a superficialidade das relações da era digital?
Leticia: Sou uma defensora da tecnologia, mas antes de tudo, sou uma defensora do aprimoramento da gente como ser humano. Então usar a tecnologia com consciência é maravilhoso. Só que o que anda havendo é uma catástrofe dos afetos. As pessoas, por falta de consciência e também pela educação péssima que muitas vezes recebem em casa, estão se viciando em celular, em redes sociais etc. e deixando morrer as relações de intimidade, de convivência. A profundidade das relações está ameaçada.
NJ: Acredita que posicionar-se em relação a política é uma das responsabilidades sociais do artista?
Leticia: Sim, muito. O artista é um forte formador. Abster -se de entender o próprio contexto é quase abrir mão da própria vocação de comunicador.
NJ: Você costuma acompanhar movimentos feministas que ganham forças nas redes e nas ruas?
Leticia: Sim. O feminismo não é uma luta segregacionista. É uma luta por igualdade e respeito. Todas as mulheres deveriam estudar mais os movimentos feministas.
NJ: O que é fundamental para a sua qualidade de vida e como costuma cuidar do corpo e da mente?
Leticia: Exercícios físicos ao ar livre. Cuida do corpo e da mente ao mesmo tempo (risos). Dá um bem estar inenarrável.
NJ: Você também é autora teatral. De onde busca inspiração para os seus textos?
Leticia: Na boa e velha observação. Acho que não há nada mais mágico e mais revolucionário do que resistir ao “digitalismo” extremo e observar in loco os seres humanos, nossos irmãos de jornada.
NJ: Qual é o papel da religião em sua vida?
Leticia: O que a própria palavra propõe: religação. Me liga ao plano criador, à fonte Divina de onde tudo vem. Dá sentido e consistência a essa jornada espiritual na Terra.
NJ: Quais são as lembranças mais especiais de Monte Azul Paulista?
Leticia: Minha adolescência com meus amigos. Me diverti muito. E o aconchego, que recebo até hoje, da minha família.
NJ: Uma frase:
Leticia: Primeiro eu ergo o pé, depois Deus põe o chão.
NJ: Um sonho:
Leticia: Trabalhar com Pedro Almodóvar (risos).
NJ: Um lugar:
Leticia: O Brasil inteiro.
NJ: Um livro:
Leticia: “A Alma Imoral”, de Nilton Bonder.
NJ: Uma comida:
Leticia: massas
NJ: Uma música que a faz sorrir:
Leticia: Beijo (da intérprete amapaense Patrícia Bastos)
NJ: O que a deixa verdadeiramente emocionada?
Leticia: Declarações de amor, seja de cônjuge, da família, amigos…
NJ: Letícia Tomazella por Letícia Tomazella
Leticia: Louca, alegre, insistente e persistente.
NJ: Leticia, muito obrigada por participar da Nossa Janela!
Leticia: Obrigada a todos pelo carinho e pela atenção nessa entrevista. Espero que tenham curtido. E olha… Arlete promete em As Aventuras de Poliana. Acompanhem!
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