Grace Gianoukas chega a Salvador com o espetáculo “Nasci pra ser Dercy”

Grace Gianoukas chega a Salvador com o espetáculo “Nasci pra ser Dercy”

Ela é uma das atrizes mais respeitadas e talentosas do cenário brasileiro, seja no teatro, cinema ou televisão. Atualmente, está em turnê com o espetáculo “Nasci pra ser Dercy”, que narra a trajetória da icônica Dercy Gonçalves, e em breve estará de volta à Rede Globo com mais uma personagem forte e emblemática. Seus olhos brilham ao falar sobre sua paixão pela arte, a preparação para interpretar Dercy, uma personalidade tão marcante, e seu compromisso com a preservação do planeta para as futuras gerações. É  com Grace Gianoukas que conversamos agora.

Lu: Grace, “Nasci pra ser Dercy” é uma peça que presta uma merecida homenagem à grande Dercy Gonçalves, uma das maiores atrizes do Brasil. Pode nos contar  como foi se preparar para interpretar essa figura icônica?

Grace: Quando fui convidada pelo Kiko Rieser, autor e diretor da peça, aceitei o desafio de interpretar Dercy Gonçalves, uma das maiores atrizes de comédia do Brasil, uma figura viva na memória do público. Aceitei o desafio porque acreditei que poderia contribuir para contar a história dessa mulher que revolucionou o cenário cultural brasileiro e abriu portas para o feminino. No entanto, é importante destacar que deixei claro que não sou uma imitadora. Minha abordagem foi interpretar Dercy, não imitá-la, pois tenho uma personalidade forte. Com pouco tempo para ensaiar, devido às minhas apresentações em uma outra turnê, me preparei assistindo a filmes, lendo sobre Dercy e pesquisando gestos e maneirismos específicos dela. Além disso, conversei com pessoas que a conheceram intimamente para entender como ela era fora dos holofotes. Fui atrás da verdadeira Dolores Gonçalves Costa, o nome de nascença de Dercy, para construir este trabalho.

Lu: A peça tem recebido reconhecimento e elogios do público e da crítica, inclusive com indicações a prêmios importantes. Como tem sido a experiência de interpretar Dercy Gonçalves e dar vida a essa figura única na cultura brasileira?

Grace: A experiência tem sido incrível. O espetáculo tem recebido reconhecimento em vários aspectos, e isso é gratificante. Fomos indicados para muitos prêmios importantíssimos, ganhamos como melhor dramaturgia original brasileira, o Kiko ganhou o prêmio Bibi Ferreira, eu estou indicada a melhor atriz em vários outros prêmios. No entanto, sinceramente,  o maior prêmio para nós foi quando apresentamos a peça no Rio de Janeiro e a filha de Dercy Gonçalves, Decimar, e toda a família assistiram. Decimar, que nos deixou recentemente, ficou profundamente emocionada e agradeceu por homenagear sua mãe e tirar os estereótipos que cercavam a imagem de Dercy. Para mim, interpretar Dercy é uma honra e quase uma missão. É essencial reconhecer a importância dela para a cultura brasileira e para o movimento feminino, considerando as dificuldades e injustiças que ela enfrentou. Tenho subido ao palco mesmo enfrentando dores físicas, devido a um problema no quadril,  porque, em nome de Dercy e do que ela representa, não posso deixar de contar essa história. Estou completamente apaixonada e comprometida em mostrar às novas gerações o legado e a importância de Dercy Gonçalves.

Lu: A peça também aborda a liberdade feminina e a importância de Dercy Gonçalves para essa causa. Como você acha que o legado de Dercy influencia a luta por igualdade de gênero nos dias de hoje?

Grace: Dercy Gonçalves é uma figura icônica que transcendeu seu tempo e se tornou uma inspiração atemporal. Sua história é marcada por desafios desde muito cedo. Cresceu  em Santa Maria Madalena,  em uma época em que as mulheres eram oprimidas, destinadas a serem donas de casa e a calarem-se diante dos desmandos dos maridos. Ela enfrentou uma sociedade inteira, que a via como alguém de “vida fácil” simplesmente porque tinha uma personalidade única e criativa, não se conformava com os padrões estabelecidos. Ainda  criança, trabalhou no cinema da cidade e se encantou pelo universo artístico. Passou a imitar as artistas que admirava, usando carvão nos olhos, roupas coloridas,  em uma época em não tinha maquiagem e os filmes eram preto e branco.  Uma reação  natural que lembra o que acontece quando crianças imitam suas ídolas, como quando alguém colocava botinhas da Xuxa ou usava xuxinhas nos cabelos. Ou quando imitava a Barbie. Coisas que  todas as meninas fazem até hoje, mas que naquele tempo não era aceito. Estamos falando de 1927, 1930, no máximo. Dercy fez muitas coisas sem levantar bandeira alguma, exceto a bandeira da liberdade. Ela saiu de uma cidade  onde era incompreendida e caluniada, saiu da miséria, para construir o seu lugar no mundo, um lugar onde pudesse ser ela mesma. Tornou-se um símbolo da liberdade e da autenticidade e sua trajetória  é uma verdadeira história de empoderamento feminino, que inspirou não apenas a luta por igualdade de gênero, mas também desafiou estereótipos e padrões impostos pela sociedade. Seu legado continua a influenciar a busca por igualdade de gênero nos dias de hoje, lembrando-nos da importância de ser autêntico e desafiar a opressão, como fez essa grande artista brasileira.

Lu: Como você descreveria o processo de pesquisa e construção do espetáculo para trazer a verdadeira história de Dercy Gonçalves ao público, longe dos estereótipos?

Grace: Uma das maiores inspirações por trás dessa produção foi, sem dúvida, a figura extraordinária de Dercy Gonçalves. A ideia principal era contar a história dela de uma maneira autêntica, longe das caricaturas que muitas vezes vemos sobre ela. Dercy é muito mais do que as pessoas imaginam, especialmente as novas gerações que talvez a conheçam apenas através da televisão. A história de Dercy Gonçalves se entrelaça profundamente com a história da comédia no Brasil. É um relato que já passou da hora de ser contado pelo ponto de vista das mulheres, pelas grandes heroínas deste país. A história do mundo é contada pelos homens, pelos heróis, e as mulheres acabam sendo relegadas a um segundo plano, ou até mesmo reduzidas a estereótipos redutivos, como foi o caso de Dercy. Ela foi rotulada como uma “velha puta”, uma mulher desbocada e desaforada, desvalorizada em uma sociedade muitas vezes careta e hipócrita.

Grace: O espetáculo “Nasci pra ser Dercy” busca, acima de tudo, reconhecer e fazer justiça a essa mulher fantástica que não se encaixa nos estereótipos que tentaram impor sobre ela. Dercy Gonçalves não era uma “puta” e estava longe de ser o que muitos imaginavam. Ela desafiou essas ideias preconceituosas e estereotipadas, e o nosso espetáculo busca resgatar a verdadeira história de Dolores Gonçalves Costa, a mulher por trás do mito Dercy Gonçalves.

Lu: O espetáculo já percorreu várias cidades do Brasil e continua conquistando o público. Qual é a expectativa para a última apresentação da turnê que será em Salvador?

Grace: A expectativa para a última apresentação da turnê em Salvador é simplesmente incrível. Nós tivemos uma pequena temporada aqui, na Caixa Cultural, com apenas 70 lugares, o que levava à venda esgotada no mesmo dia. Muitas pessoas manifestaram o desejo de assistir, mas não conseguiram devido à alta demanda. O boca-a-boca gerado pelas pessoas que conseguiram assistir foi fenomenal. Agora, com a oportunidade de encerrarmos a turnê no Teatro Sesc Casa do Comércio, espero que todos aqueles que não puderam comparecer à Caixa tenham a chance de vivenciar esse espetáculo. É uma produção que realmente vale a pena. Acredito que todos sairão do teatro não apenas emocionados, mas também com as bochechas doendo de tanto rir. Essa apresentação em Salvador é um momento especial para aqueles que não conseguiram assistir anteriormente. É uma oportunidade para todos, porque “Nasci pra ser Dercy” é um espetáculo que abraça a vida, uma mensagem de força, fé, coragem, inteligência e luz. É uma experiência repleta de positividade e beleza. Minha expectativa é que todos venham e não percam essa oportunidade única de assistir a este espetáculo extraordinário.

Lu: O que você espera que o público leve consigo após assistir a este espetáculo?

Grace: O que eu gostaria que o público levasse consigo após assistir ao espetáculo é uma compreensão mais profunda da pessoa por trás da figura pública. Gostaria que as pessoas humanizassem essa mulher incrível e reconhecessem a coragem, a inteligência e o brilhantismo que ela possuía. Dercy Gonçalves era uma artista completa – ela escrevia, dirigia, produzia, atuava e cantava. Ela também tinha uma visão incrível de marketing. Ela percebeu que quando soltava uma palavra “fora dos padrões” no palco e surpreendia o público, isso se espalhava e atraía uma grande audiência. A história dos palavrões era parte do seu marketing, numa época que ainda não se falava sobre isso.  Isso era o que a mantinha, com o público pagando ingressos para vê-la. Portanto, o que quero que o público leve é a humanidade de Dercy e uma apreciação genuína pela genialidade dessa mulher. Além disso, gostaria que as pessoas reconhecessem a importância de contar as histórias de outras grandes mulheres do Brasil, como Carmen Miranda, que muitas vezes têm suas histórias subestimadas ou abafadas.

Lu: Em breve, você estará de volta às telinhas da Globo na próxima novela das 19h. Pode nos dar uma prévia sobre o seu próximo papel e o que os fãs podem esperar?

Grace: Sim, é verdade! As notícias já estão circulando em revistas e outros veículos de mídia, e realmente estou confirmada na próxima novela das 7 da Globo, intitulada “A Vovó Sumiu”. Até o momento, eu não recebi os capítulos da novela nem a sinopse completa do meu personagem, mas posso adiantar que interpretarei uma das ex-noras da personagem central, a vovó que desaparece. Trata-se da história de uma mulher cujo filho teve vários casamentos e muitos netos. E eu sou uma das ex-mulheres dele.  Mas eu sei que é um papel muito engraçado e  estou bastante animada com a perspectiva. Confio plenamente no talento e criatividade do autor Daniel Ortiz e do diretor Fred Mayrink, com os quais já trabalhei por muito tempo. Admiro a habilidade deles em criar personagens engraçados e populares. Quando eles me convidaram, não hesitei em aceitar, pois sei que estão me guiando para um projeto seguro e empolgante. Portanto, para onde quer que eles me levem, estou disposta a ir. Mal posso esperar para descobrir mais detalhes sobre a minha personagem e o enredo da novela.

Lu: Recentemente você esteve em cartaz com o espetáculo “O Que Faremos Com Walter,” que teve a produção de Leonardo Miggiorin e Danny Olliveira e traz à tona um tema importante, o etarismo, de forma leve, mas questionadora. Como foi sua experiência em trabalhar nesse projeto e qual é a importância de abordar o etarismo no contexto da cultura e do entretenimento atual?

Grace: Sim,  o espetáculo “O Que Faremos Com Walter” tocou em um tema muito relevante, que é o etarismo. Na verdade, é um assunto que merece toda a atenção. Podemos notar que em Salvador, ao contrário de muitos lugares que seguem uma mentalidade “americanófila”, há um profundo respeito pela preservação da memória e pela história do povo baiano. Isso é evidente, especialmente na restauração de prédios históricos, como no Pelourinho, no Rio Vermelho e em outros bairros. Essas ações refletem a valorização das ricas experiências e lutas desse povo. A importância de valorizar nossos mais velhos não pode ser subestimada. Eles são detentores de uma riqueza de conhecimento e sabedoria que enriquece nossas vidas. Aqui,  vocês têm os Novos Baianos, tem Gil, Caetano, Bathânia. Que são pessoas que já estão com 70 anos,  né? E são pessoas importantíssimas, valorizadas. Tem Dorival Caymmi, Jorge Amado. Quanto mais idade, mais preciosos, mais têm a nos ensinar. Então,  acho que  a Bahia é  um lugar que escapa um pouco do estigma do etarismo que é mais prevalente em algumas regiões. Na Europa, por exemplo, a valorização dos idosos é mais notável, e o mesmo ocorre no Japão, onde a sabedoria dos mais velhos é altamente respeitada. Falar sobre etarismo é fundamental nos dias de hoje e nos ajuda a reconhecer o valor das pessoas mais velhas em nossas vidas. Se não compreendermos de onde viemos, é difícil planejar nosso futuro. Os mais velhos têm tanto a oferecer em termos de experiência e sabedoria. Como o grande Nelson Rodrigues costumava dizer: “Jovens, envelheçam”. Às vezes, percebemos que o tempo e a vida nos tornam pessoas melhores. Portanto, abordar o etarismo é de suma importância, e trabalhar ao lado de Leonardo Miggiorin, Danny Olliveira e todo o elenco foi uma experiência incrível. Aprendi muito e estou profundamente grata por fazer parte deste projeto.

Lu: Como você avalia o papel social e político da arte?

Grace: Fundamental. A arte tem a capacidade de nos ajudar a refletir sobre nossa sociedade, abrindo portas para novos pensamentos e entendimentos. Uma sociedade sem arte é uma sociedade que não se reconhece, que não questiona e, consequentemente, não evolui. Cada ato artístico é, um ato político. Sempre que subimos ao palco, temos algo a dizer. Até mesmo ao representar personagens que podem ser moralmente ambíguas, estamos mostrando à sociedade reflexos de si mesma. Há uma frase de Goethe que aprecio muito e costumo citar: “O caráter de uma pessoa pode ser medido pelas coisas que ela acha engraçadas”. Como artistas, levamos ao palco situações engraçadas, e depende do público perceber o que está por trás desse humor. Às vezes, as pessoas saem chocadas, mas isso faz parte do processo de avaliação e reflexão que nossa sociedade precisa para evoluir. A arte nos ajuda nesse processo.

Lu: Há um provérbio chinês que diz: “A melhor época para plantar uma árvore foi há 20 anos. A segunda melhor época é agora.” Como você interpreta esse provérbio em relação ao seu planejamento e às decisões que tomou em sua vida? Há alguma situação em que você se arrependeu de não ter agido mais cedo?

Grace: Entendo que a vida é um constante processo de construção. Como diz Mario Sergio Cortella, nascemos não prontos, e ao longo da jornada, vamos nos moldando. As decisões que tomei há 20 anos eram baseadas no conhecimento que eu tinha naquela época. Hoje, após acertos, erros e aprendizados, tenho uma compreensão mais sólida da vida. Os erros do passado contribuíram para me tornar quem sou hoje e me proporcionaram ferramentas valiosas para tomar melhores decisões no presente. Claro, sempre há situações em que, com o conhecimento atual, eu teria agido de forma diferente, mas a jornada é assim. A vida é dinâmica, e continuo a enfrentar desafios diários. Em situações nas quais não tenho conhecimento suficiente, recorro a especialistas e pessoas mais experientes. O importante é que deixei a vida me levar, e essa jornada me trouxe até onde estou hoje.

Lu: Uma frase

Bem aventurados os inadequados porque deles é o reino da originalidade.

Lu: Um sonho

Grace: Meu sonho é que as comunidades indígenas tenham seus territórios demarcados e que sua importância seja reconhecida. Esses sábios têm muito a nos ensinar, pois são os guardiões da vida neste planeta.

Lu: Um lugar

Grace: A natureza.

Lu: Uma comida

Grace: Eu adoro comida árabe.

Lu: Uma música que a faz sorrir

Grace: “Agora só falta você”, da Rita Lee, sempre coloca um sorriso no meu rosto.

Lu: O que me deixa verdadeiramente emocionada

Grace: Sem dúvida, o que me emociona profundamente são as realizações e a felicidade de cada um dos membros da minha família.

Lu: Grace Gianoukas por Grace Gianoukas:

Grace: Sou uma pessoa simples que adora brincar e descobrir coisas novas. Novos conhecimentos me fascinam, e acho que sempre tenho muito a aprender. Acredito que uma vida inteira não será suficiente para saciar minha sede de conhecimento, e estou sempre interessada em tudo. Não acredito que eu esteja pronta, eu quero ser desafiada e crescer até o último dia da minha vida. Sou muito grata por tudo o que vivi até hoje e sou um pouco teimosa. A linha entre persistência e teimosia é tênue, mas essa sou eu. Rsrs.

Lu: Antes de concluir, há algum assunto que queira abordar? Alguma mensagem que gostaria de deixar?

Grace: Com certeza. Tenho profundo respeito pela natureza e pelas gerações futuras que merecem viver plenamente neste maravilhoso planeta Terra. Minha maior preocupação é o estado do nosso planeta, que talvez tenha atingido um ponto sem retorno. Portanto, é crucial nos preocuparmos com o ambiente e a vida das próximas gerações. Faço um apelo para que todos em Salvador pensem mais sobre reciclagem de lixo e a preservação da natureza espetacular que os rodeia. A reciclagem é de extrema importância, pois tudo o que descartamos acaba afetando o mar e a vida marinha. Esta cidade é mágica, e é essencial termos um projeto sério de reciclagem e preservação do meio ambiente.

Lu: Grace, muito obrigada por participar da Nossa Janela. Que você continue a brilhar e a inspirar todos ao seu redor com seu amor pela arte, preocupação com a natureza e dedicação às futuras gerações. Muito obrigada por ser parte da Nossa Janela. Receba o meu  abraço carinhoso!

Grace: Foi uma verdadeira delícia! Agradeço muito a você, Lu, por proporcionar este espaço para nossa conversa tão especial incentivando a arte e a cultura.

SERVIÇO: 

Nasci Pra Ser Dercy

Teatro Sesc Casa do Comércio – Av. Tancredo Neves,1109, Salvador – Bahia

10, 11 e 12 de novembro.

Sexta e Sábado às 20:00/ Domingo às 19:00

Para compra de ingressos clique AQUI.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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