Mariana Santos

Mariana Santos

Foto: Rodrigo Velloni

Ela é pedagoga formada, trabalhou muito para pagar as aulas de teatro e sempre teve um olhar artístico da vida. Seu papel mais recente na TV foi a Carla em  “Malhação Toda Forma de Amar”. Conversamos com Mariana Santos sobre a carreira, os retrocessos na cultura, transtornos de ansiedade e a importância da arte no processo de superação de problemas como esse.

NJ: Mari, como a arte entrou em sua vida?

Mariana: Muito naturalmente. Meu olhar sempre foi artístico na vida e, desde pequena, meus pais incentivavam a leitura, passeios nos museus e idas ao teatro com frequência.

NJ: Seu trabalho mais recente na TV foi em  “Malhação Toda Forma de Amar”.  O que mais a empolgou nesse trabalho e o que tem em comum com a Carla?

Mariana: Eu amei cada parte do processo. Quando entro num projeto, faço dele minha segunda morada e essa morada precisa ter leveza no trato, precisa de troca e de entrega. Precisa ser no afeto, repleto de vontade de aprender com cada pessoa envolvida. Tenho em comum com a Carla muita coisa, empresto meus sentimentos e tento transformá-los para caber na personagem. Emprestar meu lado maternal foi lindo.

NJ: Quais são as lembranças que guarda da Maria Pia de “Pega Pega”?

Mariana: Foi minha primeira novela e será inesquecível por tudo que esse momento representou na minha vida. Dei muita sorte, a Maria Pia era uma personagem muito complexa e isso é sempre um deleite para uma atriz.

NJ: Você é muito bem resolvida quando o assunto é sexo e nunca fugia de nenhuma pergunta de Fernanda Lima na bancada do Amor & Sexo. Como foi pra você participar do programa? Sente saudades?

Mariana: Sinto saudade sempre. No programa éramos livres. Me sentia em casa e me coloquei à disposição. É um baita exercício para o artista estar vulnerável, sem texto, participando do jogo. Eu amo esse tipo de proposta que, além de entreter, ensina muito.

NJ: Qual seu posicionamento diante do atual momento que o país enfrenta e todos esses retrocessos, especialmente na cultura?

Mariana: Sempre que o país passa por esse tipo de polarização política a arte sofre. A cultura é vista como inimiga e perigosa. Pensar requer esforço, desenvolver ideias também. Acredito que mais uma vez a arte vai nos salvar. Ela sempre salva.

NJ: De 2006 a 2015 você fez parte do humorístico “Zorra” Da Rede Globo. Como avalia o humor político no país hoje? Acha que temos poucas pessoas dispostas a atuar nesse segmento?

Mariana: Não acho que temos poucas pessoas trabalhando com humor político. Pelo contrário, sempre tivemos artistas empenhados e produzindo conteúdos políticos interessantíssimos. Desde os programas dos anos 70, 80, com personagens marcantes de Chico Anysio, Jô Soares e tantos outros, se fazia humor político. Agora temos Marcelo Adnet que é genial, o Gregório Duvivier (idem), o site Sensacionalista, cartunistas incríveis. Rir pra não chorar é um mantra.

NJ: Há um provérbio chinês que diz : “todas as flores do futuro estão nas sementes de hoje”. Quais são as lições que você mais tem aprendido ultimamente e o que gostaria de aprender mais?

Mariana: Precisamos  estar atentos ao tempo e a tudo que ele nos mostra. Temos que enxergá-lo como um amigo leal, estando lado a lado, não apressando e nem diminuindo o passo.

NJ: Como foi a experiência de participar da Dança dos Famosos?

Mariana: Foi uma das experiências mais incríveis pra mim em programas ao vivo, venci vários obstáculos. Topei participar para me desafiar mesmo, desafiar meus medos, aprender e me divertir dentro de uma competição. E consegui!

NJ: Mari,  você declarou que começou a desenvolver transtornos de pânico e ansiedade ainda na infância. E afirmou que o teatro a salvou. De que forma?

Mariana: O meu amor pelo ofício me faz sair de casa, é um impulso vital. Mesmo sofrendo muitas vezes com os deslocamentos para chegar nos lugares, nunca desisti, pelo contrário, me fortalece a cada dia. A felicidade do dever cumprido revigora.

NJ: Só quem sofre com isso pra saber o quanto é difícil. Como foi viver tanto tempo nessa condição e qual conselho daria para as pessoas que estão sofrendo com isso nesse momento?

Mariana: Apesar do sofrimento que causa, eu nunca problematizei demais a questão. Um dia de cada vez. Temos dias mais difíceis que outros e momentos incríveis. Acho que isso resume a vida da maioria das pessoas. Não existe um conselho mágico, mas dou uma dica. Faça planos de curto, médio prazo. Não se cobre muito, viva e siga o fluxo.

NJ: Como é a sua relação com a fé  e a religião?

Mariana: Já pesquisei e já experimentei várias religiões. A minha fé é muito grande.

NJ: Como você avalia a importância da arte no processo de recuperação e superação de problemas como esse?

Mariana: A arte é libertadora. Ela renova seu olhar sobre o outro, expande o conhecimento sobre si mesmo. No meu caso, como sou atriz, ela me tira a todo momento da zona de conforto. E isso é importante, necessário, catártico.

NJ: Uma frase

Mariana: Não perca a sua criança jamais.

NJ: Um sonho

Mariana: Ser cada vez mais livre.

NJ: Um lugar

Mariana: Minha casa.

NJ: Um livro

Mariana: Feliz Ano Velho (Marcelo Rubens Paiva).

NJ: Uma série

Mariana: Big Little Lies.

NJ: Uma meta

Mariana: Segundo Rita Lee: Quero mais saúde.

NJ: Uma música que a faz sorrir

Mariana: Bola de Meia Bola de Gude (Fernando Brant e Milton Nascimento).

NJ: Vinícius de Moraes afirmou certa vez que “Críticos são sujeitos que têm mau hálito no pensamento”. Como você lida com as críticas, a velocidade da internet e  as coisas que falam sobre você?

Mariana: Lido melhor com críticas do que com mau hálito.

NJ: O que a tira do sério e o que a faz rir?

Mariana: Tanta coisa me tira do sério hoje em dia que seria egoísmo citar uma só.

NJ: O que a deixa verdadeiramente emocionada?

Mariana: Pessoas que doam e se doam para outras.

NJ: Mariana Santos por Mariana Santos

Mariana:“Anairam”. Mariana ao contrário, às vezes, ao avesso.

NJ: Antes de concluir, há algum assunto que queira abordar? Alguma mensagem que gostaria de deixar?

Mariana: Vou deixar um trecho da música que citei acima:

“Há um menino
Há um moleque
Morando sempre no meu coraçãoToda vez que o adulto fraqueja
Ele vem pra me dar a mão .”

NJ: Mari, muito obrigada por participar da Nossa Janela. É uma alegria tê-la no nosso site.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

2 Comments

  1. Avatar
    Fabiana LS Marques
    11 de maio de 2020 at 18:32 Reply

    Ótima entrevista! Adorava as participações dela no Sexo frágil. Muito legal conhecer um pouco mais da pessoa Mariana.

  2. Avatar
    Sida
    12 de maio de 2020 at 11:56 Reply

    Entrevista maravilhosa! Amei muito!
    Todo meu respeito por essa atriz incrível! E muita admiração pelo ser humano lindo que Mariana Santos é! ❤️🌹💋

Leave a Reply