Maika Celi

Maika Celi

Foto: Ariana Almeida

No dia 25 de junho é celebrado  o dia da conscientização do Vitiligo. Mas, esse entendimento  precisa ser incentivado todos os dias e é fundamental que seja estimulado  em casa, nas escolas e em todos os lugares. Para debater melhor o assunto, conversamos com Maika Celi, criadora do projeto “Vitiligo Meu Lugar ao Sol” e mentora da primeira lei de conscientização do vitiligo no Brasil.

Lu: Maika, quando notou os primeiros sinais de vitiligo e como se deu o seu processo de aceitação?

Maika: – Há 20 anos atrás, sofri um acidente o qual não foi muito grave porém, lesionei algumas partes da minha pele… na fase da cicatrização, reparei que estas partes não repigmentou. Busquei um diagnóstico o qual recebi da seguinte forma: “Que dó, Maika… isso é vitiligo!”. O processo da aceitação se deu após um assédio o qual sofri na empresa, com uma postagem nas redes sociais, onde usaram o vitiligo para tentar me atingir…. a partir daí, eu jurei que nunca mais, ninguém me humilharia ou zombaria de mim usando o vitiligo, algo que faz parte de mim!

Lu: Como nasceu o projeto “Vitiligo meu lugar ao sol”?

Maika: Após este assédio, fiz um desabafo nas minhas redes sociais e  muitas pessoas se identificaram,  começaram a me procurar. Alguns amigos me questionaram sobre iniciar algum projeto para ajudar essas pessoas… foi a partir daí que nasceu o projeto “Vitiligo Meu Lugar ao Sol”!

Lu: Ainda existe muito preconceito?

Maika: Sim…. ainda existe e sempre existirá… e, um dos pilares do projeto “Vitiligo Meu Lugar ao Sol” é justamente a “conscientização”. Só
conscientizando é que vamos conseguir combater todo o tipo de preconceito!

Lu: Quais são os maiores mitos em relação ao vitiligo que circulam por aí?

Maika: Por se tratar de uma doença autoimune, muitos acham que, somos limitados a realizar alguns tipos de atividade e isso não é verdade! O vitiligo não nos impede de nada, muito pelo contrário! Outra questão é: VITILIGO NÃO É TRANSMISSÍVEL! Infelizmente ainda
existe este paradigma também…

Lu: Você é a mentora da primeira lei de conscientização do vitiligo no Brasil. Quais foram os maiores desafios enfrentados e quais são os pontos abordados na lei?

Maika: Ao levar o projeto para a Câmara dos Vereadores de Piracicaba, consegui com que a minha cidade realizasse eventos voltados para a
conscientização do vitiligo pois, até 2019, o ano da aprovação da lei, nunca havíamos tido nenhum evento voltado à nossa causa! A partir daí, tenho feito reivindicações para uma atenção maior as pessoas com vitiligo como: psicólogos disponíveis no SUS, filtro solar gratuito, incluir no currículo escolar trabalhos de conscientização sobre o vitiligo. Acredito que este seja o meu maior desafio pois, o poder publico precisa, de fato, se sensibilizar e não só criar leis para ter mais um inserido em seu “currículo” de mandato!

Lu: Junho é um mês significativo, o mês de conscientização do vitiligo. Você considera essa conquista um avanço da causa?

Maika: O primeiro evento voltado a conscientização do vitiligo foi em 2011 na Nigéria. Em 2012, um cientista de Nova York se sensibilizou pois, se sentia inconformado por não ter pesquisas voltadas ao tratamento e até mesmo a “cura” para o vitiligo dado que, sua filha também tem a doença. Neste caso, o movimento foi tão grande a ponto de criar-se uma petição on line pedindo a atenção da ONU para o reconhecimento do dia 25 de junho como o “Dia oficial da Conscientização do Vitiligo”. Ano após ano vejo muitos projetos sendo criado e muitas pessoas se mobilizando com a causa.

Cada vez mais estamos ganhando força e, esperança de que, nosso dia seja, de fato reconhecido e, muitos apoiadores invistam em mais pesquisas para desmistificarmos ainda mais estes “mistérios” que envolvem o vitiligo.

Lu: De que forma você acha que a conscientização do vitiligo poderia ser implantada nas escolas para conscientizar as crianças e evitar o bullyng?

Maika: Trabalhando com materiais voltados para a conscientização do vitiligo. Um livro que eu indico é “A Menina Feita de Nuvens” da autora Tati Santos de Oliveira, onde, ela se inspirou na filha diagnosticada com vitiligo aos 3 anos de idade para cria-lo pois, não encontrava nenhum tipo de material para explicar sobre o vitiligo para a Maria Luiza… Incluir o vitiligo como assunto obrigatório n grade curricular das escolas, assim como outras pautas de diversidade. Levar depoimento de pessoas com vitiligo para uma roda de conversa, palestras, enfim, ideias não faltam, só precisamos de pessoas que queiram se envolver com a nossa causa e abraça-la, fazendo acontecer!

Lu: Você é uma das estrelas do clipe “Mais um de nós”, do cantor e compositor Del Feliz. Como foi participar dessa experiência?

Maika: Foi uma experiência incrível!!!! Poder representar o vitiligo no clipe do Del, foi para mim a realização de um sonho em poder levar a mensagem de aceitação e respeito para todo o canto do mundo!!!!!!! Sou e sempre serei grata por esta linda oportunidade!

Lu: De onde busca forças para transpor os obstáculos da vida?

Maika: Sempre que acordo pelas manhãs lembro-me que Deus me deu este propósito de levar a mensagem de aceitação, amor-próprio,
conscientização e o permita-se para todas as pessoas que ainda se sentem limitadas a conquistarem o seu lugar ao sol!

Lu: Uma frase

Maika: “A partir do momento em que você aceita as suas limitações e diferenças, nada e nem ninguém tem o poder de te destruir ou te humilhar!”

Lu: Um sonho

Maika: Poder sempre representar o vitiligo em diversas mídias para que a mensagem de aceitação alcance a muitos que ainda sofrem com a
doença!

Lu: Um lugar

Maika: Meu infinito particular…

Lu: Um livro

Maika: Empodere-se (Maynara Fanucci), presente da minha amiga muito querida, Cris Ribas.

Lu: Uma música que a faz sorrir

Maika:“Here comes the sun” (abertura do meu programa “Nosso Lugar ao Sol” transmitido pela radio web Portal Nova 15)

Lu: O que é felicidade pra você?

Maika: Poder  justamente ser livre para conquistar o meu lugar ao sol, sem me preocupar com opiniões alheias ou olhares de julgamento!

Lu: Maika por Maika

Maika: Sempre fui muito intensa e verdadeira demais, a ponto de, muitas vezes, afastar quem se aproxima, mas, hoje eu entendi que, só os verdadeiros e os que respeitam o “jeito Maika de ser”, permanecem!

Lu: Antes de concluir, há algum assunto que queira abordar? Alguma mensagem que gostaria de deixar?

Maika:Gostaria de agradecer imensamente a oportunidade em abordar o assunto “vitiligo” em seu espaço tão aconchegante e dizer que, estou a disposição para você e seu público que se identificar com minha história! Sucesso sempre, Lu! Admiro demais o seu trabalho!

Lu: Obrigada, meu amor!  e a recíproca é verdadeira. Agora, para finalizar, qual é o seu lugar ao sol?

Maika: Após me excluir por um longo período, hoje eu entendo que, o meu
lugar ao sol é onde eu quiser e me sentir acolhida!

Lu: Maika, muito obrigada por participar da Nossa Janela. Esse espaço é seu, volte sempre que quiser, viu?

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

1 Comment

  1. Avatar
    Dalia+Leal
    25 de junho de 2021 at 14:36 Reply

    Bem oportuna essa matéria! Maika é perfeita! ela é guerreira, batalhadora e c certeza ainda ajudará várias pessoas q possuem o vitiligo. Lu gostei mto da maneira como vc conduziu toda a entrevista! o assunto tem q ser abordado mesmo para q outras pessoas possam ser ajudadas, para q não se sintam estigmatizadas. Parabéns! excelente!!!👏👏👏👏👏❤🌞🌜🌟

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