Aymara Limma: Uma Mulher de Múltiplos Talentos no Universo da Arte e do Entretenimento

Aymara Limma: Uma Mulher de Múltiplos Talentos no Universo da Arte e do Entretenimento

Ela é atriz, produtora, fotógrafa, apresentadora e curadora.  Aymara Lima demonstra uma dedicação impressionante em todas as suas profissões, deixando sua marca em cada projeto que abraça. Nesta conversa, exploraremos suas diversas facetas  e  como cada uma de suas profissões se entrelaça em sua vida criativa. Além disso, mergulharemos em sua experiência como curadora no renomado LA Brazilian Films Festival, onde ela dá voz e espaço para novos talentos no cenário cinematográfico. Aymara também nos guiará pelo mundo da fotografia, revelando como essa arte influencia sua visão artística e de mundo, e compartilhará histórias especiais por trás de suas fotos favoritas, incluindo sua exposição de “Gaivotas em Veneza”.

Lu: Aymara, ao longo de sua carreira multifacetada, como você vê a interseção entre arte e emocionalidade? De que forma a arte pode tocar as pessoas de maneira profunda e transformadora?

Aymara: Que pergunta interessante! Eu vejo a arte e a emoção como uma coisa só. Em todos os tipos de arte que criei ao longo da minha carreira, sempre busquei trazer a emoção, porque ela tem o poder de tocar e, assim, transformar. Tento manifestar emoções em tudo que faço.

Lu: Como começou a carreira de atriz e apresentadora de TV? O que a inspirou a seguir esse caminho?

Aymara: A minha carreira de atriz começou bem cedo, justamente dessa necessidade de manifestar emoções. O meu primeiro trabalho profissional foi em “Capitães de Areia”, a minissérie da Band, dirigida pelo cineasta Walter Lima Jr, baseada no livro de Jorge Amado, em 1989. Eu contracenava com o André Gonçalves. Já a minha carreira de apresentadora de TV começou com um programa chamado “Vídeo Vela”, nos anos 90. Eu apresentava esse programa de vela, falando das regatas, porque, na época, eu já era velejadora e vice-campeã mundial de iatismo, na classe Pinguim. Mas oficialmente, foi mais tarde, quando comecei a ser menos tímida e desenvolvi a vontade de compartilhar conhecimento. Em 2020, em plena pandemia da Covid-19, eu recebi o convite para apresentar o “Cine Arte Variety” e já estou na terceira temporada, pelo VRT Channel, toda quarta-feira, às 23h. Para mim, é muito gratificante poder ajudar as pessoas através dessas artes.

Lu: Como é apresentar um programa de entretenimento gravado em Veneza e transmitido internacionalmente? Quais são os desafios e as recompensas dessa experiência?

Aymara: É muito enriquecedor e gratificante. Veneza é uma cidade incrível e cheia de realizadores, pessoas que fazem acontecer, além de ter tanta história e uma beleza que sempre causa fascínio, descoberta e felicidade. A possibilidade da transmissão internacional é o que impulsiona toda essa troca de cultura e conhecimento. O desafio, às vezes, é justamente toda essa diferença cultural e as recompensas são inúmeras, sempre uma conquista diária com essas trocas. E também quando vencemos os desafios de produção, porque nem sempre é fácil gravar em Veneza.

Lu: Ao apresentar seu programa, você tem a oportunidade de conhecer e interagir com uma variedade de pessoas notáveis. Existe algum encontro ou momento que realmente tocou seu coração? O que você aprendeu com essas experiências?

Aymara: É verdade. O meu programa abriu uma porta incrível na minha vida, me possibilita ter acesso a pessoas notáveis, como você disse, e isso é realmente enriquecedor. Eu tenho vários momentos. Para ser honesta, eu sempre sou tocada pelos meus entrevistados, sempre me emociono. Me encho de orgulho deles e aprendo a ser melhor todas as vezes. Tenho como foco principal nas minhas entrevistas essa troca, a possibilidade de o meu entrevistado tocar e inspirar o telespectador.

Já entrevistei pessoas muito importantes, mas a série de entrevistas que fiz para o meu programa e para um documentário sobre a Biennale de Teatro de Veneza, que estou preparando, em que tinham os profissionais tops do mundo na área do Teatro, me dava aquele frio na barriga antes de todas as entrevistas que fazia. E quando consegui entrevistar o Roberto Cicuto, Presidente da Biennale di Veneza, foi incrível, porque realizei um sonho, admiro muito o trabalho dele.

Lu: Você pode nos contar um pouco sobre seu filme “Te Amo! Shabbat Shalom” e a importância de ter conquistado o prêmio de Melhor Curta-metragem por Júri Popular no Cinema at the Edge Independent Film Festival?

Aymara: Nossa! “Te Amo, Shabbat Shalom” foi um marco na minha vida, o meu primeiro filme como diretora e fazendo comédia, porque sempre fui uma atriz de drama. Venci todos os meus desafios porque acreditei em mim, na mensagem que estava querendo transmitir com o filme e sabia o que eu queria. Consegui ajuda de profissionais superimportantes em Hollywood. E realmente fiz o que o meu mestre Milton Katselas me ensinou: a ver o meu potencial e colocar os meus sonhos em ação. Acredito que os prêmios são aqueles “reforços” para nos dizer que estamos no caminho certo. E é claro que é sempre gratificante.

Lu: Como foi atuar em “Cidade dos Anjos” ao lado de Nicolas Cage e Meg Ryan? Que impacto essa experiência teve em sua carreira?

Aymara: Foi uma experiência inesquecível e a minha primeira experiência em Hollywood. Quando fiz o teste diretamente com o diretor do filme, descobri o profissionalismo da indústria e me tornei uma atriz profissional nos Estados Unidos. Até hoje recebo a minha porcentagem de direitos autorais sobre o faturamento do filme. Foi também a primeira vez que tive um trailer (camarim) com o meu nome, e atuar com Nicolas Cage foi maravilhoso!

Lu: Além de atuar e apresentar, você também é roteirista, diretora, produtora e fotógrafa. Como equilibra todas essas atividades criativas e como cada uma contribui para a sua expressão artística?

Aymara: Não é fácil, mas como tenho DDA (Déficit de Atenção e Hiperatividade), tenho hiperatividade mental e sempre preciso ter vários projetos abertos ao mesmo tempo. Acredito que seja importante escrever um pouco todos os dias, pois o roteiro sempre evolui. Como produtora, abro vários projetos porque nem sempre temos controle dos acontecimentos. Quando um projeto está ganhando força, foco nele e depois retorno aos outros. A fotografia é o meu momento de relaxamento. Ao apresentar, tenho que conciliar tudo e é sempre fascinante. E atuar é o meu momento de pausa, ou seja, quando estou trabalhando como atriz, tento fazer apenas isso, pois considero a concentração, o foco e a entrega importantes para realizar um bom trabalho.

Lu: Você recentemente estreou como curadora no LA Brazilian Films Festival (maior festival de cinema brasileiro em LA). Qual é a importância de dar voz e espaço para novos talentos no cenário cinematográfico? Como você identifica e apoia artistas emergentes?

Aymara: Eu amo dar espaço para novos talentos e artistas emergentes e sempre ajudo quando posso. Fiquei apaixonada pelo trabalho de curadoria de filmes e pela nomeação de atores. Nossa! Quantos filmes, séries de TV e profissionais brasileiros maravilhosos temos por aí. Isso fez com que o trabalho fosse muito difícil, porque a competição chega a ser injusta. É difícil selecionar entre tantos trabalhos maravilhosos. Acho que todos os profissionais devem se orgulhar de ter um trabalho em competição, isso já é uma grande vitória, pois os prêmios sempre dependem de muitos fatores.

Lu: Você também é uma fotógrafa talentosa. Como a fotografia influencia sua visão artística e de mundo? Existe alguma história especial por trás de uma de suas fotos favoritas?

Aymara: Acho que a fotografia tem um poder enorme e é uma forma importante de “congelar emoções”. Aprendo coisas novas todos os dias com a fotografia. Há algum tempo, tenho sido apaixonada por fotografar gaivotas, pois acho que consigo sentir as emoções e intenções delas por trás das fotos. Mas nem sempre fico feliz, pois elas às vezes brigam, seguindo a tal “lei da selva”, e fico mal em ver algum ser sofrendo. Hoje, por acaso, fotografei uma gaivota atacando um pombo no canal em Veneza. Foi uma cena surreal, todos pararam para tentar salvar o pombo, e acabei pegando-o machucado e colocando-o em um lugar mais protegido. As gaivotas são como águias, sempre estão olhando de cima para, no momento certo, atacar (elas estão sempre famintas).

Lu: Sua exposição de fotografias “Gaivotas em Veneza” é um novo empreendimento. O que essa exposição representa para você?

Aymara: Essa exposição representa muito para mim, primeiro de tudo porque amo as fotos. Acho que tenho fotos lindas das “Gaivotas em Veneza”, fotos difíceis de serem feitas, e isso me faz ter coragem de fazer acontecer. Com elas, eu consegui vencer aquele meu autocrítico perfeccionismo e me conectei mais com a minha autoconfiança. Algo que as gaivotas têm de sobra. Elas são elas!

Fotos da exposição “Gaivotas de Veneza”

Lu: Como enxerga o papel da mulher no mundo do entretenimento e do cinema? Quais mudanças positivas você já observou e quais ainda espera ver no futuro?

Aymara: As mulheres estão conquistando seu espaço no mundo da arquitetura, da arte, do entretenimento, do cinema e na política. Admiro infinitamente o trabalho de algumas mulheres e, em relação a outras, sinto vergonha, então nem sempre comparo. Mas sempre falo no meu programa sobre as mulheres que admiro, porque elas me enchem de orgulho. Eu espero ver mais amor e mais solidariedade no futuro. Acho que devemos nos ajudar, pois a nossa verdadeira competição é interna. Ter inveja ou menosprezar o outro é um erro, pois cada uma tem o seu espaço, o seu valor, as suas dores e experiências. Somos todas importantes e únicas.

Lu: Como encontra equilíbrio entre sua vida pessoal e profissional, considerando todas as suas atividades criativas e compromissos? Existe alguma prática ou abordagem específica que você adote para cuidar de si mesma? Fotografo, medito e encontro as amigas que amo e admiro. Quando me sinto muito triste, eu vou caminhar na praia e fotografo os animais.

Aymara: Existe um ditado árabe que diz “Não declares que as estrelas estão mortas porque o céu está nublado”. Em algum momento o céu já esteve tão nublado a ponto de você não conseguir ver as estrelas? Como costuma agir nesses momentos?

Aymara:  Kabbalah diz: onde tem escuridão, tem luz. Aprendi a ver que nem sempre os momentos difíceis são negativos, que tudo tem uma razão de ser. E que as coisas só vão nos afetar se permitirmos. Sei que é fácil falar, mas sempre tento mudar o foco quando vejo que algo não está indo bem e, muitas vezes, essas coisas se resolvem sozinhas. As estrelas sempre vão estar lá, temos que confiar que as coisas acontecem no momento certo e vão acontecer.

Lu: Qual é a sua análise sobre esse aumento dos mais diversos tipos de intolerância (religiosa, de gênero, étnico-racial e social)?

Aymara: Nossa, isso me dá uma tristeza profunda. Tem muita gente achando que sabe tudo, muita informação falsa circulando e muita gente fazendo telefone sem fio, sem se informar corretamente. Eu, honestamente, pensava que a pandemia iria unir as pessoas. O mundo não é feito só de uma nação ou de uma cor, temos que respeitar e ajudar a diversidade, a democracia e respeitar o próximo. É impressionante o poder, a energia poderosa, que recebemos quando ajudamos ao próximo. Não tem preço quando vemos que o nosso trabalho ajudou alguém.

Lu: Uma frase

Aymara: “Quanto mais ajudamos ao próximo, mais recebemos em retorno.”

Lu: Um sonho

Aymara: Ser mãe.

Lu: Um lugar

Aymara: Búzios.

Lu: Um livro

Aymara:“A mulher é Amar”, do Arthur da Távola (último livro dele que eu editei) “Dream into Action” do Milton Katselas

Lu: Uma comida

Aymara: Sushi.

Lu: Uma superstição

Aymara: Não passar uma faca ou o sal na mão de ninguém.

Lu: Uma música que a faz sorrir

Aymara: “Happy” (Pharrell Williams) Acho que a música tem muito poder, amo várias, mas essa me faz sorrir…

Lu: O que a deixa verdadeiramente emocionada?

Aymara: Solidariedade e Amor.

Lu: Se você pudesse transmitir uma mensagem para todas as pessoas que assistem e admiram seu trabalho, qual seria essa mensagem?

Aymara: Todos nós temos momentos de altos e baixos, mas não se esqueça: você é especial como você é! Então, nunca desista dos seus sonhos. Amor próprio é tudo.

Fotos; Fiorenzo De Luca

 

Lu: Aymara, muito obrigada por participar da Nossa Janela e por nos inspirar com sua trajetória. Muito sucesso e luz em sua caminhada. Receba o meu abraço e carinho.

Aymara: Lu, eu que agradeço do fundo do coração. Achei as suas perguntas ótimas. Parabéns pelo seu trabalho! Muita luz, amor, saúde e sucesso. Um super abraço.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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