“Uma pirueta! Duas piruetas! Bravo! Bravo!”
A matéria de hoje é super especial, trata-se de uma cobertura linda, com gostinho de infância e cobertura de alegria.
Acostumada a assistir muitos espetáculos de teatro principalmente no Rio de Janeiro e em Salvador, eu nunca havia vivido tamanha emoção. Não sei se pelas músicas que remetem a infância, pela oportunidade de ver Renato Aragão, Dedé Santana e Roberto Guilherme (eterno sargento Pincel) atuando ao vivo, pelo talento dos artistas, pela história linda ou pela super produção (que em nada deve aos espetáculos da Broadway), o fato é que, fui do riso às lágrimas (de emoção) durante todo o espetáculo.
Como não poderia deixar de ser, o público aplaude de pé, reverenciando os artistas. Parado no meio do palco, encontramos Renato Aragão, olhos marejados e visivelmente emocionado. Na platéia, alguns tiram lenços do bolso, adultos choram como crianças. Uma verdadeira declaração de amor de várias gerações que cresceram sendo alegradas pelos trapalhões. Em 80 anos de vida ele está colhendo o amor que foi plantado durante toda a sua carreira, junto com os companheiros.
O Musical foi inspirado, no conto “Os Músicos de Bremen” dos irmãos Grimm e teve uma montagem magnífica em 1077, com adaptação de Chico Buarque, que contou no elenco com Pedro Paulo Rangel (o cachorro), Marieta Severo (a gata), Miucha (a galinha) e Grande Otelo (o burro). A obra originou o disco que foi sucesso absoluto entre a criançada. Em 1981, Renato Aragão levou o texto de Chico para o cinema inserindo novas músicas compostas pelo próprio poeta.
A nova montagem está em cartaz no Teatro das Artes, no Rio de Janeiro e traz Renato Aragão aos palcos pela primeira vez. Além do nosso queridíssimo Didi Mocó, o elenco conta com 27 atores, cantores, acrobatas e bailarinos que abrilhantam ainda mais as composições do Chico. Entre eles Roberto Guilherme (que interpretou durante anos o Sargento Pincel), Dedé Santana, Tadeu Melo (que participou na Turma do Didi) e Lívian Aragão (que está estreando no teatro junto com o pai). Destaque também para Nicola Lama (Assis Satã), João Gabriel Vasconcellos (Frank Severino), Ada Chaseliov (Zoroasta) e Adriana Garambone (Tigrana).
Giselle Prates interpreta Karina (papel de Lucinha Lins na versão cinematográfica) e arranca aplausos e elogios durante todo o espetáculo, principalmente ao cantar um trecho de “História de uma Gata” de ponta cabeça. Um verdadeiro show! Sem dúvida Charles Möeller e Claudio Botelho deixaram a peça com centenas de detalhes capazes de arrancar lágrimas até dos mais durões.
Nós, gatos, já nascemos pobres
Porém, já nascemos livres
Senhor, senhora ou senhorio
Felino, não reconhecerás”
O espetáculo começa com uma sequência onde em uma época distante um arqueólogo alemão encontra o conto dos irmãos Grimm. Décadas depois, o conto chega as mãos de Didi que leva-o para o grupo que resolve montar um musical e se desvincular do Barão (o dono do circo). Em paralelo, há ainda a história de Zoroasta, a falsa cartomante que obriga a neta a vestir-se de homem para garantir um bom casamento e sair da vida circense.
Um característica de Charles Möeller e Claudio Botelho é a direção impecável de atores. Neste caso, é claro, a proposta era realizar um espetáculo em torno do Renato, mas não há como deixar de citar o cuidadoso cuidado com todo o elenco.
Lívian Aragão mostrou que levou a sério a responsabilidade do parentesco e justificou em totalmente a sua escalação, com extrema maturidade e serenidade, protagonizou um dos momentos mais lindos da peça na canção “Alô Liberdade”, que no original foi gravada por Bebel Gilberto.
“Alô, liberdade desculpa eu vir assim sem avisar
Mas já era tarde e os galos tão cansados de cantar
Bom dia, alegria
A minha companhia Vai cantar
Sutil melodia Pra te acordar”
Criado por Rogério Falcão, o cenário é um show à parte. Quando as cortinas se abrem e o circo é mostrado pela primeira vez, é quase impossível controlar a respiração. Ele conseguiu construir no palco, um verdadeiro circo adequando fantasia e criatividade. São incontáveis detalhes que não perdem a simplicidade necessária para caracterizar a trupe. Diversos elementos entram e saem de cena de forma lúdica, acrescentando inúmeros momentos inesquecíveis ao musical. Argolas, panos e todo o aparato necessário para as acrobacias são somadas aos carros, jaulas e leões. Destaque também para os belíssimos figurinos de Luciana Buarque, simplesmente encantadores!
A direção musical ficou por conta de Claudio Botelho. A orquestra é formada por sete músicos com Marcelo Castro e Zaida Valentim nos Teclados, Anderson Pequeno no Violino, Whatson Cardozo no Clarinete e Clerone, Omar Cavalheiro no baixo e violão, Marcio Romano na bateria e percussão e Matheus Moraes no trompete. Juntos, fizeram reeleituras fantásticas dessas canções que já viraram clássicos.
“Au, au, au. Hi-ho hi-ho.
Miau, miau, miau. Cocorocó.
O animal é tão bacana
Mas também não é nenhum banana”
Por mais que descreva, que cite, que conte, é impossível mostrar a grandiosidade deste sonho ao vivo que recebe o nome de Saltimbancos Trapalhões. Um espetáculo maravilhoso em conjunto! Imperdível!
Confira galeria de fotos:
“Todos juntos somos fortes
Tomos flecha e somos arco
Todos nós no mesmo barco, não há nada pra temer
Ao meu lado há um amigo que é preciso proteger
Todos juntos somos fortes, não há nada pra temer”
A temporada no Rio acabou, mas em breve, uma outra será iniciada em São Paulo. A minha torcida, é de que o musical consiga viajar o país, pois muitas outras cidades merecem viver esse sonho. Afinal:
“Olha o público Cansado de esperar
O espetáculo não Pode parar
Vinte piruetas, Trinta piruetas
Bravo, bravo…”
FICHA TÉCNICA
Texto: Charles Möeller
Música e Letras: Chico Buarque, Luis Bacalov, Sergio Bardotti
Arranjos e Regência: Marcelo Castro
Coreografia: Alonso Barros
Cenário: Rogério Falcão
Figurinos: Luciana Buarque
Design de Som: Marcelo Claret
Iluminação: Paulo Cesar Medeiros
Visagismo: Beto Carramanhos
Casting: Marcela Altberg
Direção de Produção: Edson Bregolato EDSON BREGOLATO
Produção Executiva : Edson Mendonça/ Edson Mendonça/ Alessandra Azevedo
Coordenação Artística: Tina Salles
Direção Musical: Claudio Botelho
Direção: Charles Möeller
ELENCO
Renato Aragão Didi
Dedé Santana Dedé
Adriana Garambone Tigrana
Roberto Guilherme Barão
Tadeu Mello Coisa
Giselle Prattes Karina
João Gabriel Vasconcellos Frank
Ada Chaseliov Zorastra
Nicola Lama Assis Satã
Livian Aragão Ana/João
Nicolas Prattes Pedro
Diego Luri Ogro
Cristiana Pompeo Trupe do Circo
Marcel Octavio Trupe do Circo
Augusto Arcanjo Trupe do Circo
Laís Lenci Trupe do Circo
Zago Mirabelli Trupe do Circo
Andrei Lamberg Trupe do Circo
Gabi Porto Trupe do Circo
Camila Marotti Trupe do Circo
Kostya Biriuk Trupe do Circo (acrobata)
Jessica Gardolin Trupe do Circo (acrobata)
Yulia Suslova Trupe do Circo (acrobata)
Jonatan Karp Trupe do Circo (acrobata)
Erica Henriques Trupe do Circo (acrobata)
Rafael de Abreu Trupe do Circo (acrobata)
Olavo Rocha Trupe do Circo (acrobata)
Fabiana Tolentino (Diretora Assistente / Swing)
SERVIÇO:
Cidade das Artes (Sala Principal)
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6 Comments
Dalia Leal
18 de março de 2015 at 13:45Gosto mto da voz dela, bom repertório
Camile Seixas
22 de março de 2015 at 13:12Que vontade de assistir também!
Giselle Prattes
22 de março de 2015 at 13:13Que linda matéria!!! Amei!! Muito obrigada pelo carinho!!
Mila Oliveira
22 de março de 2015 at 13:14Cobertura linda de um espetáculo lindo!
José Junior
22 de março de 2015 at 13:15Boa matéria. Gostei!
Son Izabel
22 de março de 2015 at 13:16Nunca irei esquecer do filme ” A filha dos Trapalhoes”, o meu preferido… ” pai 1, pai 2, pai3, pai 4 … Q saudade… Bjos