Lucas Veloso

Lucas Veloso

A arte sempre o atraiu, mas o gosto pelo humor nasceu ao perceber o quanto isso podia fazer bem a sua mãe. A carreira na TV foi iniciada na novela Velho Chico, mas depois disso já viveu o Didico de “Os Trapalhões” e foi vice campeão da dança dos famosos. Acompanhe nosso bate-papo com o ator, imitador, cantor, mímico e comediante Lucas Veloso sobre  a profissão,  o show “Tudo Novo de Novo” e a importância de seu pai, um dos maiores e mais respeitados comediantes do país de todos os tempos, na sua vida e na sua carreira.

 SNJ: Lucas, por que “Tudo Novo De Novo”?

 Lucas: É um pequeno trocadilho com o “tudo de novo” no sentido da repetição e no sentido de realmente ser tudo novo! Desde que comecei a fazer show, sempre procurei fazer alguma coisa que os outros não fazem,  só que este ano, resolvi colocar realmente um pouco de tudo, inclusive algumas coisas que já haviam no espetáculo anterior (Cócegas no Cérebro).  Então é tudo de novo, só que mais novo.

SNJ: Conte-nos um pouco sobre o espetáculo.

Lucas: Acho uma falta de respeito com o público, pagarem um ingresso pra ver o artista “só” contar piada, então além disso que eu acho obrigatório (e ser bom), coloquei um pouco de imitações, dança, mímica, histórias de bastidores, mais imitações, e uma singela homenagem para o meu eterno professor, meu pai, Shaolin.

SNJ: Qual é a pior coisa que podem acontecer durante uma apresentação de Stand Up?

Lucas: Um terremoto, seria terrível (risos)

SNJ: Você já esqueceu o texto durante uma apresentação? Como fez para se safar e pegar o ritmo outra vez?

Lucas: Só uma vez na época que eu achava que decorar texto era bom, daí esqueci na frente de 3 mil pessoas enquanto abria o show do Tom Cavalcante, a salvação foram algumas imitações e depois disso, ao invés de texto, comecei a colecionar repertório. Me dá mais liberdade.

SNJ: Em sua opinião, quais são os assuntos que mais provocam riso na platéia?

Lucas: Sempre quando brinco com as intimidades que ninguém tem coragem de falar, tipo diarreia na casa da namorada, levar chifre, correr de vendedor de chip etc. Acho que é porque são assuntos da vida real, contados de um jeito que é o jeito que a vida deveria ser.

SNJ: Você sempre quis trabalhar com humor? Como tudo começou?

Lucas: Eu sempre quis trabalhar com arte, mas o gosto por fazer humor veio quando eu descobri o quanto isso poderia fazer bem à minha mãe. Até hoje eu trabalho pelo sorriso dela.

SNJ: Quem foi a primeira pessoa que você imitou na vida e como saiu a imitação?

Lucas: Marcelo Resende.  Enchi o saco de meu pai imitando errado até ele me ensinar a fazer certo, lembro como se fosse hoje.

SNJ: E a primeira imitação musical?

Lucas:  O rei do baião! Luiz Gonzaga. Eu sempre achei bonita a imitação que meu pai fazia dele. E no teatro a coisa é diferente,né? Quando eu fiz uns 14 anos, minha voz parou de mudar porque como eu sempre forcei muito ela, começou a mudar cedo e parou de mudar cedo. Com essa idade, ela já estava estabilizando.  Aí eu comecei a procurar a ressonância dele, a estudar o jeito de falar, os “erres”bonitos. Eu acho a postura dele enquanto  músico, muito bonita. Ele foi a minha primeira imitação musical, mas depois desembestei e veio a turma toda que você viu no teatro. Você gostou das imitações?

SNJ:  Eu amei, fiquei verdadeiramente emocionada, principalmente com a imitação de Luiz Gonzaga.  E preciso parabenizá-lo por isso. Você é talentoso de verdade!

Lucas:  Obrigado, Lu. Eu acho que é porque eu gosto muito do que eu faço. Além da imitação que pode ser bacana, acredito que isso é fruto do carinho que tenho pelo meu trabalho. A plateia sente, sabe? Eu tenho muito amor por cada piada, por cada história, por cada imitação. Tenho muito carinho mesmo. Amo fazer o que faço.

SNJ: Qual foi a imitação mais difícil até hoje e por quê?

Lucas: Chico Anysio! O tom de voz de maior idade, ex-fumante, timbre grave e uma expressão facial super elástica! É bem difícil segurar essa imitação por mais de um minuto.

SNJ: Com o passar do tempo, as pessoas mudam um pouco. Como funciona esse processo de atualização das imitações?

Lucas: Tenho sempre que estar de olho em como estão os artistas. O que mais tem me dado trabalho é Luan Santana, que corta o cabelo toda semana! (risos).  Em relação aos que já partiram, vou pro time da homenagem.

SNJ : Você é filho de um dos maiores humoristas de todos os tempos. A comparação incomoda? Como lida com isso?

Lucas: Hoje em dia não incomoda mais. No começo incomodou porque o povo achava que eu queria tomar o lugar dele e eu nunca quis isso. Sempre falo que não sou o segundo Shaolin, sou o primeiro Lucas Veloso. Respeito demais a obra dele e sei que o que ele fez  só ele poderia mexer. Então, eu não conto as piadas dele, eu faço a minha própria obra. Mas no início a galera demorou a entender isso.

 SNJ :  E é complicado pra que quem está começando ser comparado com uma pessoa com anos de carreira.

Lucas: Claro! Ele já tinha mais de 20 anos de estrada. Mas acho que depois de uns dois anos, o público  começou a perceber que eu não queria mexer com o dele e que estava fazendo o meu. É claro que a gente se parece por causa da genética. E graças a Deus que parece, caso contrário seria um mal sinal pra ele, iam achar que houve alguma pulada de cerca e que eu era filho do vizinho (risos). Mas hoje já sabem diferenciar meu trabalho do dele. A linguagem se parece  porque é a linguagem da comédia e eu adoro fazer as pessoas rirem, como ele também adorava.  Mas hoje assistem o show do Lucas para conhecer o trabalho dele e pra matar um pouco a saudade do pai dele. É essa visão que as pessoas têm do meu trabalho. Não é mais aquela cobrança chata, sabe?

SNJ: Que história é essa que você é mímico? É verdade isso?

Lucas:  É verdade. Quando eu comecei teatro, comecei no teatro mímico. Sou formado em teatro e estudei teatro mímico em Paris porque a mímica nasceu lá. Serve muito  pra mim porque é uma coisa que eu gosto muito de fazer, mas nunca apresentei nada específico de mímica. Uso só um pouquinho no show, principalmente na parte do Michael Jackson, que tem um humor mais corporal. Gosto também de brincar com amigos, em mesas de restaurante. Mas isso é meu, sabe? Gosto de brincar com a turma, fazer uma gracinha. Uso só um pouquinho no show, mas nada além da conta.

SNJ:  Lucas de “Velho Chico” entrou em sua vida?

Lucas: Entrou apenas pra me dar emprego e até hoje ele me ensina algumas coisas! Acho que a gente nunca deixa os personagens de lado por completo.

 SNJ: Como surgiu a ideia de imitar Silvio Santos na novela? A imitação já estava no roteiro?

Lucas: Eu estava brincando de imitá-lo  em uma confraternização com o Luiz Fernando Carvalho, diretor do Velho Chico e ele mesmo sugeriu colocar na novela, por ser uma figura emblemática e completamente atemporal. Acabou  que deu super certo, foi minha primeira alavanca pro Brasil todo.

SNJ: Qual trabalho mais o entusiasmou até hoje?

Lucas: Fazer teste pro Velho Chico! A falta de experiência me fez achar tudo aquilo lindo e assustador, e cá pra nós, Globo é Globo!

SNJ: Quais lembranças guarda de Didico de “Os Trapalhões”?

Lucas: As melhores! Inesquecível trabalhar com Dedé Santana e Renato Aragão! Digo sempre que o Didi é a criança que todo adulto quer ser quando crescer.

SNJ: Como você lida com a velocidade da profissão, sucessos e fracassos?

Lucas: Fazer sucesso não pode ser algo planejado. Eu sempre procuro fazer um bom trabalho e o sucesso vem porque o trabalho é bom. E se eu fracassar…Parabéns pra mim! Aprendi uma forma de como não fazer um bom trabalho.

SNJ: A autocensura mexe muito com a criatividade?

Lucas: Na era do mimimi, quem faz teatro é rei! Está até chato fazer algo em redes sociais ou até mesmo na TV, mas acredito que seja apenas uma fase! O que realmente atrapalha a criatividade é tentar seguir essas regras de “pode e não pode”. Eu crio tudo do jeito que tem que ser e depois vou limpando pra conseguir apresentar em qualquer lugar.

SNJ: Quem são as suas referências no humor?

Lucas: Shaolin, Tom Cavalcante, Jim Carrey e José Vasconcellos.

SNJ: Quais foram as principais lições que aprendeu com Shaolin (dentro e fora da profissão) e que faz questão de colocar em prática diariamente?

Lucas: Ele sempre conseguiu pegar desgraças reais da vida e transformar nas mais leves piadas. É  nessa linha que eu sempre procuro caminhar! E como homem, me lembro todos os dias de uma frase que ele dizia “nós somos anjos de uma asa só”, um sempre precisa do outro pra alcançar o voo.

SNJ: Quais são as lembranças mais fortes da sua infância na Paraíba?

Lucas: A época do São João! fogueira na casa dos meus avós, muitas bombinhas, pamonha, milho assado e nenhuma preocupação!

SNJ: Como foi o Lucas na escola? Era aquele cara engraçado que fazia piada com tudo ou era mais quietinho e estudioso?

Lucas: Eu era CDF até descobrir que as piadas que eu ouvia em casa poderiam comer até 40 minutos da aula (risos).

SNJ: A crítica à política através da comédia é uma forma inteligente de lutar por um governo melhor e chamar a atenção do público para questões importantes. Mas, sinceramente, você tem esperanças de um país melhor?

Lucas: Tenho esperança de um povo melhor! Não dá pra acreditar num político enquanto o povo fura fila, corta as faixas no trânsito, faz compras piratas, e fala da vida dos outros! Acho que a situação política só vai mudar quando o povo (verdadeiro patrão do político) mudar de vez.

SNJ: Considera-se uma pessoa religiosa?

Lucas: Extremamente!

SNJ:  Daqui a muitos anos, quando alguém pensar em Lucas Veloso, como gostaria de ser lembrado?

Lucas: De preferência, vivo! Isso já é muito pra mim. Mas gostaria de ser lembrado por fazer uma obra que sirva para a diversão e para a formação das crianças.

SNJ: O que é felicidade para você?

Lucas: Saber viver com o que se tem.

SNJ: O que o deixa de mau humor?

Lucas: Boletos

SNJ: Uma mania

Lucas: Pisar em cerâmicas alternadas

SNJ: Uma frase

Lucas: “Se o malandro soubesse como é bom ser honesto, ele seria honesto só por malandragem “

SNJ: Um lugar

Lucas: Praça da Bandeira – Campina Grande – PB

SNJ: Um livro

Lucas: Gênesis

SNJ: Prato preferido

Lucas: Arroz, feijão e ovo.

SNJ: Uma viagem inesquecível

Lucas: Meu primeiro trabalho pra TV em São Paulo

SNJ: Um filme

Lucas: Poderoso Chefão

SNJ: Uma música

Lucas: Emoções – Roberto Carlos

SNJ: Um sonho

Lucas: De valsa (risos)

SNJ: Lucas Veloso por Lucas Veloso.

Lucas: Um gaiato moderno.

Galeria:

SNJ: Lucas, muito obrigada por participar da Nossa Janela. E parabéns pelo show! Fiquei com dor na barriga de tanto rir. E olhe que não é tudo que acho graça, viu?  Pra me fazer rir, tem que ser algo realmente engraçado. Você me fez rir muito! De doer a barriga (risos).

Lucas: Verdade? Nossa! Que bom ouvir isso! E eu te agradeço demais! Pela entrevista, pelo carinho. Agradeço  também a toda a equipe do site pelo sorteio.  Foi super bacana, a galera participou bastante, foi um sucesso. E acho que as meninas sorteadas curtiram de verdade o show e nosso bate-papo no final. Dia 13 de outubro estarei aqui de novo, no teatro Sesc. Você já esta convidada, tô te esperando lá, viu? vou cobrar!

SNJ: Estarei lá sim, com fé em Deus! Obrigada mais uma vez! continue levando o riso pra todas as cidades brasileiras que você puder. Nosso país precisa muito. Axé!

Agradecimentos especiais a Marlucia Sie Produções.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

9 Comments

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    Ana karolina
    1 de setembro de 2018 at 19:35 Reply

    Adorei a entrevista , muito bom mesmo e parabéns a todos os profissionais envolvidos❤

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    Matheus Chetto
    1 de setembro de 2018 at 19:42 Reply

    Parabéns pelo seu trabalho, Lu! Muito sucesso para você!

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    Miguel Vita
    1 de setembro de 2018 at 19:44 Reply

    👏🏼👏🏼👏🏼 parabéns Lu, sempre profissional e querida. 😘😘

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    Lucília Leal Souza
    1 de setembro de 2018 at 19:47 Reply

    Gostei muito da entrevista. Vc está de parabéns.👏👏👏👏 Gosto e admiro muito Lucas Veloso.

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    Dalia Leal
    2 de setembro de 2018 at 11:01 Reply

    Lu eu amei a entrevista, gosto do modo q vc a conduz! amei tbém conhecer o jeito de ser Lucas Veloso, pois é competente, perfeito no que faz. Parabéns tbém pela galeria de fotos!👍👍👍👏👏👏💋❤☀️🌛🌟

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    Lane Mota
    3 de setembro de 2018 at 09:03 Reply

    Melhor show de humor que já assisti. Esse menino tem um talento incrível e pode ser o que quiser. Arrasa em tudo o que faz!

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    Carlos Wagner
    3 de setembro de 2018 at 09:04 Reply

    Além de extremamente talentoso é um exemplo de simpatia e humildade. Parabéns!!

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    Vaneide Oliveira
    3 de setembro de 2018 at 09:07 Reply

    Você é muito simpático! Continue assim! Valeu nordestino arretado!!!

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    Elaine Bastos
    4 de setembro de 2018 at 22:54 Reply

    Como sempre vc arrasou na entrevista. Parabéns Lu.

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