No ar em “A Dona do Pedaço”, da Rede Globo, vivendo o Amadeu, Marcos Palmeira divide seu tempo entre os estúdios e o trabalho de empreendedor. Ele tem uma fazenda em Teresópolis, a “Vale das Palmeiras”, onde cultiva alimentos orgânicos. Foi com muita tranquilidade e carinho que abriu as portas da sua casa, no Rio e Janeiro, para a nossa equipe.
Lu: Marcos, o que representa a arte na sua vida?
Marcos: A arte é tudo na minha vida, eu devo a minha vida a arte. Meu trabalho como ator, o olhar perante a vida de uma forma mais lúdica. Eu acho que a arte e a cultura são fundamentais. Eu fico muito feliz de estar inserido dentro da cultura trazendo entretenimento para as pessoas. É um prazer muito grande para mim.
Lu: Você está fazendo o Amadeu em “A Dona do Pedaço”, trama que está sendo super acompanhada e comentada nas redes. A que você atribui todo esse sucesso?
Marcos: A história é muito interessante, os ganchos, a forma como as coisas acontecem. O elenco é muito entrosado, não tem guerra de espaço, todos se preocupam na melhor forma de contar a história. É um elenco incrível, uma equipe maravilhosa. A fotografia da novela também fantástica, a direção primorosa, bem pensada. Eu vou gravar com muito prazer e isso é mérito da equipe inteira da novela.
Lu: A novela fala muito sobre superação. Como você costuma lidar com as pedrinhas que aparecem no seu caminho?
Marcos: De modo geral sou bastante otimista e acho muito bacana na história da novela esse lance da superação. A Maria da Paz é uma mulher guerreira, que batalha e não perde tempo se lamentando, apesar das decepções e de todo sofrimento. Isso é muito interessante porque tem gente que passa muito tempo se lamentando e a vida acaba passando, já que o papel de vítima mobiliza. Ela, ao contrário, não se deixa abater e vai à luta por pior que seja a situação.
Lu: Como funciona a troca com a nova geração de atores?
Marcos: Essa novela tem uma turma nova muito boa: a Agatha Moreira, o Caio Castro, o Rafael Queiroz que faz o Rael e muitos outros. Eu acho isso fundamental, tem que renovar mesmo, isso faz parte e existe papel para todas as idades. Essa troca é super importante porque cada um vem de uma escola diferente, com uma bagagem diferente e vai agregando. É justamente isso que dá a liga, o resultado.
Lu: Como você avalia o papel social e político da arte no nosso país?
Marcos: Tudo é política na vida, né? toda ação da gente é uma ação política. Tem uma fase do Bertold Brecht muito boa, ele dizia que teatro é teatro, mesmo quando é didático. Tem que ser bom e divertir. Então eu acho que o mais importante é você ser bom, no sentido de fazer um bom trabalho, de divertir as pessoas, de entreter as pessoas, não acho que a arte é necessariamente você ter um compromisso político-social. Eu acho que ela já faz o seu papel quando ela entretém, quando ela traz diversão e quando permite que o telespectador se enxergue naquilo que ele tá vendo.
Lu: O que o levou a cultivar alimentos orgânicos e qual é a importância de uma alimentação orgânica?
Marcos: Comecei a cultivar quando eu comprei a fazenda. Eu descobri que os fazendeiros de Teresópolis, a maior região produtiva de hortaliças do Estado do Rio, não comiam o que eles mesmos plantavam por causa do veneno que eles colocavam ali e isso foi um divisor de águas pra mim. Foi aí que eu entendi que o que eles chamam de adubo para fortalecer o solo é um veneno. O remedinho para matar um bichinho, é um veneno. E aí eu mergulhei no mundo dos orgânicos, na sustentabilidade, principalmente. E hoje é uma grande paixão na minha vida, esse lado ambiental de fomentar a produção orgânica e fortalecer essa cadeia como um todo no Brasil. O orgânico não é diet, light, não vai emagrecer. É só alimentação produzida de forma ética.
Lu: E como combater as pragas para que não seja necessário utilizar os venenos?
Marcos: Não existe praga, existe desequilíbrio. Não adianta ficar focado naquilo e não resolver. Aí eu comecei a investir nisso, a trabalhar o solo. E passei a querer passar os alimentos orgânicos que produzia para outras pessoas.
Lu: Quais são os alimentos que produz no Vale das Palmeiras?
Marcos: A Vale das Palmeiras já foi uma grande produtora de hortaliças, mas eu sempre quis mexer com leite. Sempre tive o leitinho e o queijo, mas agora estou quase 100% no desenvolvimento dos laticínios. Produzimos uma variedade de produtos lácteos: queijo minas, minas padrão, ricota, cottage, coalho, iogurte puro, iogurte com mel, iogurte com morango. Enfim, tem o carro chefe que é o minas frescal e tem uma linha sem lactose também que a gente vai lançar no final de novembro. Então, hoje é uma fazenda voltada para a pecuária leiteira orgânica. Eu sou parceiro do Balde Cheio. São os pesquisadores da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) que realizam esse trabalho do Balde Cheio, que é a vaca se alimentando do pasto, quase nada no coxo, desenvolvendo a propriedade como um núcleo de prazer para os animais, é muito legal.
Lu: O que o levou a fechar o Armazém do Leblon?
Marcos: Fechei o Armazém do Leblon depois de cinco anos mas foi uma experiência muito válida. Tive a oportunidade de lidar com o consumidor final, mas era um outro negócio, dependia de um tempo maior, de uma dedicação maior. Eu resolvi focar na produção e deixar o varejo na mão de quem entende melhor desse universo. A ideia era ter um espaço de produtos orgânicos no Leblon e eu consegui. Tanto que no mesmo lugar onde era o meu armazém, segue um outro armazém com a mesma linha de produção. A diferença é que ele vende produtos naturais e o meu era 100% orgânicos.
Lu: Qual é o maior desafio o agricultor orgânico enfrenta e como está o mercado hoje em dia?
Marcos: Os desafios que o agricultor orgânico enfrenta, são muitos. Primeiro é um mercado totalmente voltado para o grande negócio, para o cara que tem uma escala muito grande. Eu acho que na hora que o poder público entender a importância de ter alimentos orgânicos nas escolas, nos hospitais, nas creches, isso vai poder ajudar muito no desenvolvimento. Eu acho que faltam políticas públicas concretas e esse universo do agrotóxico ainda é muito pesado. A indústria que financia o alimento é a mesma indústria que financia o remédio, pra você ver como é tão complicado. O cara te dá o veneno e quer te dar o antídoto. E o alimento orgânico realmente é a solução de viabilidade econômica para o país, com certeza.
Lu: Como avalia a política agrária do país?
Marcos: A política agrária ainda beneficia muito o grande produtor, o latifundiário. E a gente tem uma visão um pouco antiga disso. A gente fala de alimento e você lembra do agronegócio. Só que o agronegócio não produz alimento, produz commodities: soja, milho que são vendidos para a Europa para produzir ração e a gente compra essa matéria prima processada como ração para alimentar os porcos, as galinhas. Eles têm milhões de subsídios, de facilidades que o produtor orgânico não tem, não acha. A soma de vários orgânicos é que vai atingir um grande mercado. Você jamais vai ter o rei do alface, o rei do leite. No orgânico não somos reis, nós trabalhamos em grupos pela comunidade.
Lu: Como faz para conseguir conciliar dois universos tão diferentes como a arte e o agronegócio?
Marcos: Eu concilio porque eu tenho muito prazer nas duas pontas. Hoje faço menos do que eu gostaria e mais do que achei que fosse conseguir. São dois universos que não se encontram mas que se ajudam e ambos me dão muita alegria.
Lu: Você está ligado à rede de sustentabilidade. Como avalia a importância de fomentar essas discussões?
Marcos: Eu estou ligado a rede e acho que a rede tinha um propósito muito lindo no início quando a Marina pensou. Não era nem para virar um partido, era pra fomentar grandes ideias e montar essa rede de grandes encontros no país. Acho o discurso da Marina bastante avançado para o Brasil, acho que ela é uma pensadora incrível. Realmente nós temos que evoluir muito para chegarmos ao nível de termos uma Marina como presidente. Mas acredito muito nesses ideais e comungo desses mesmos ideais de sustentabilidade e de olhar o Brasil de uma forma menos dividida.
Lu: Como nasceu a ideia da campanha com outros artistas pelas 10 medidas anticorrupção do Ministério Público?
Marcos: As dez medidas é uma campanha junto com o Ministério Público e a Transparência Internacional. Eu sempre acreditei que a união de todos deveria ser contra a corrupção. Mas aí você vai encontrando grupos onde cada um tem o seu corrupto favorito. Então fica difícil, as pessoas não se unem, ficam bombardeando esse ou aquele. Mas eu acho que tem que prender todo mundo e mudar a cara do Brasil. Eu acredito nas dez medidas e hoje acredito nas novas medidas anticorrupção que são muito maiores, foram criadas por 200 juristas, é um trabalho muito interessante. Até gravei um vídeo com a Transparência Internacional falando disso. Enfim, eu acho que esse é o melhor caminho para o Brasil hoje. Do mesmo jeito que houve o plano real no governo do Fernando Henrique Cardoso e trouxe estabilidade para a economia de alguma forma, que o plano real do Bolsonaro realmente seja a corrupção e deixe pelo menos esse legado.
Lu: Conte-nos um pouco sobre o manual de sobrevivência do Séc XXI.
Marcos: É um projeto do João Amorim e ele me convidou. São ações que são feitas pelo Brasil visando a qualidade de vida da humanidade. São pessoas que estão pensando no todo, não estão pensando só no seu umbigo. É um muito rico, que foi feito com muita dificuldade, mas com muito prazer e foi uma grande escola para mim. A oportunidade de conhecer trabalhos tão focados em sustentabilidade, poder rodar um pouco do Brasil… Acho que é um manual que tem fôlego pra mais tempo. O João é um diretor muito talentoso que conhece a fundo as questões ambientais. É super importante para o cinema esse olhar mais ambiental.
Lu: Pantanal, Renascer e Amazônia foram novelas ambientadas no campo. Como é a sua relação com a natureza?
Marcos: Minha relação com a natureza vem da convivência com os índios, da infância na fazenda no interior da Bahia, meu avô sempre trazendo questões pertinentes, como a importância da pessoa que é proprietária de uma fazenda plantar o próprio alimento. Quando você parar para analisar as coisas básicas, vai tendo um outro olhar. E cultura orgânica sem dúvidas me deu um outro olhar, inclusive a riqueza de uma floresta em pé.
Lu: Foi bom você tocar nesse assunto das florestas, pois o desmatamento hoje é uma realidade assustadora e algo precisa ser feito urgentemente pela preservação.
Marcos: Preservar e restaurar florestas é fundamental para evitar as mudanças climáticas mais perigosas e alcançar metas globais de redução de emissões de gases efeito estufa. As florestas também são extremamente importantes para a segurança alimentar, a segurança da água e os meios de subsistência. Nessa cruzada, os povos indígenas são fundamentais.
Lu: Você teve oportunidade de conviver com os índios e até de participar de alguns rituais. Conte-nos um pouco sobre essa experiência. Em sua opinião, quais são as questões indígenas que mais precisam ser discutidas?
Marcos: Teve uma época que eu morei com índios, trabalhei com índios, fui batizado em Xavante. Os índios realmente são os guardadores da floresta, eles deveriam ter um apoio melhor, deveriam estar inseridos no contexto do Ministério da Educação, de preservação de suas festas. Seria importante poder levar as crianças para as aldeias, pra a gente ter mais essa vivência, poder aprender com os índios que são nossos ancestrais. Eu acho que o Brasil ainda não atingiu essa maturidade e eu espero que de alguma forma os índios sejam considerados e respeitados. Essa conversa que índio tem terra demais é uma balela. A terra era toda deles, a gente é que tem terra demais e explora muito pouco, muita área pra pouco emprego. Mas essas questões são bem complexas.
Lu: Você já participou de algumas comédias como “E aí, Comeu?” e “A Noite da Virada” e vem de uma família com histórico riquíssimo no humor. Gosta de fazer rir?
Marcos: Esse ano também teve o filme da Mônica Martelli, “Minha Vida em Marte”que também é uma comédia. Mas eu explorei pouco o humor, levando em consideração a minha família que tem tantos comediantes talentosos. mas eu adoro, acho que fazer rir é muito divertido, é muito bom trazer esse lado da graça, da piada. Eu gosto muito, muito mesmo. Tenho tido poucas oportunidades, mas tento fazer o melhor em todas as oportunidades que tenho.
Lu: Como foi viver Dom Pedro e Villa-Lobos no cinema?
Marcos: Em Carlota Joaquina eu fiz Dom Pedro, foi maravilhoso, era a retomada do cinema brasileiro. Depois eu fiz Villa-Lobos dirigido pelo meu pai, Zelito Viana, foi a oportunidade de conhecer melhor a história desse gênio da música brasileira. É o cinema, a arte, sempre me ensinando. Minha grande escola está dentro dos meus personagens e eu tive um orgulho muito grande em poder apresentar o Villa-Lobos por ser uma biografia riquíssima, um homem muito pouco estudado no Brasil. O Brasil deu muito pouco mérito a ele, que é um gênio.
Lu: Você concorreu ao Emy Internacional com “Mandrake”. Qual é a importância dessa indicação para a sua carreira?
Marcos: Fui indicado duas vezes e achei incrível. A série era incrível, estava dando certo e não entendo até hoje porque a gente não continuou, mas a HBO deve ter os seus motivos. Foi importante pra mim poder mostrar o meu trabalho lá fora e ter esse reconhecimento. Não tenho ambição além disso, por exemplo, não tenho ambição de ser um ator de Hollywood, mas foi muito legal poder ver um trabalho feito com tanto amor pelo Zé Henrique, meu amigo, poder fazer o texto do Rubem Fonseca. Foi um trabalho que a gente fez com muita dedicação e fica essa indicação marcada de uma forma muito positiva na minha carreira.
Lu: Você declarou que o seu personagem em “O Homem que Desafiou o Diabo” foi um dos papéis mais difíceis da sua vida, pois ele se transformou em um homem completamente diferente. Ainda pensa dessa forma?
Marcos: “O Homem que Desafiou o Diabo” talvez seja o meu maior sucesso no cinema. Até hoje, em todo lugar que eu vou, as pessoas vêm falar comigo por causa dele. Foi um filme muito visto, né? foi muito difícil, mas foi muito divertido e ali tem um tom de comédia. Outro dia encontrei uma mulher que disse que não podia olhar para mim que dava vontade de rir lembrando do filme e isso é muito prazeroso. A declaração eu devo ter dado na época pela virada do personagem mas foi muito bom de fazer.
Lu: Como foi reviver em “Velho Chico” o universo rural do coronelismo?
Marcos: Foi um personagem incrível que o Luiz me deu. Foi um personagem que não tinha muitos caminhos e a gente foi criando juntos, o personagem cresceu e acabou acontecendo de uma forma muito boa para mim.
Lu: Ainda sobre “Velho Chico”, como foi pra você integrar o elenco de uma novela que levantou temas tão importantes como agricultura sustentável e a poluição do rio São Francisco, uma das bacias hidrográficas mais relevantes da América do Sul?
Marcos: A novela foi muito pertinente ao falar das questões do Velho Chico, do coronelismo, da exploração do rio e a gente está vendo as questões da transposição até hoje, o rombo financeiro que deixou no país. Eu acho que a gente tem outras formas de levar água para o Nordeste, recuperando inclusive os rios que já tem. Mas esse é um tema amplo. Foi uma novela muito importante por abordar esses temas e muito importante na minha carreira também. São os velhos coronéis que a política está aos poucos conseguindo tirar.
Lu: Você viveu Aderbal Pimenta, um prefeito corrupto em “Babilônia”. A trama foi muito criticada, mas o seu personagem foi muito elogiado pelo público. Como você lida com as críticas?
Marcos: Eu adorei fazer “Babilônia”. O público tem todo o direito de criticar, tá tudo certo. Eu tento sempre fazer o melhor que eu posso e as críticas construtivas a gente sempre ouve, identifica e tenta melhorar. Eu particularmente recebi muitos elogios com o Aderbal Pimenta, aquele lado mais cômico ali com Arlete. Pra mim foi muito bom ter feito e voltar a uma novela do Gilberto Braga.
Lu: Você já fez algumas cenas bastante dramáticas, como na novela “Celebridade”, quando seu personagem Fernando Amorim, perdeu o filho. Como faz para que a carga dramática das gravações não o acompanhe fora do estúdio?
Marcos: Eu não sou um ator que leva trabalho pra casa, então acabou a filmagem, eu tô livre disso. “Celebridade” foi uma novela difícil pra mim também, é um personagem que não aconteceu muito, mas a novela fez muito sucesso. Depois fui fazer o “Mandrake” e por causa dele não renovei com a Globo. Até hoje sigo com uma carreira paralela, ora na Globo, ora fora, o que é muito bom pra mim também. Eu brinco que sou o ator mais barato da Globo porque eu sou considerado um ator global, mas só ganho quando estou trabalhando (risos). E isso sem nenhum demérito. É muito prazeroso poder ter essas outras portas abertas também.
Lu: Quais lembranças guarda do Sandro de “Cheias de Charme” que apesar de tão enrolado, caiu nas graças do público?
Marcos: “Cheias de Charme” eu amei, foi uma homenagem que fiz ao meu tio Chico, o personagem foi uma mistura de Azambuja com Coalhada, dois dos muitos personagens que ele fazia. O Sandro era um vagabundo, um personagem que era pra ser mau, mas se regenerou, acabou voltando com a esposa no final da novela. Eu adoro quando a gente muda o personagem, quando a gente dá um nó na cabeça do diretor e ele tem que trilhar outros caminhos. Eu realmente amei fazer aquela novela. Sou muito agradecido ao Carlinhos Araujo, a Denise, que me convidaram e me colocaram em um papel diferente.
Lu: Você participou da novela “Porto dos Milagres”, ambientada na Bahia e tem uma fazenda no sul do estado. Como é a sua relação com a região?
Marcos: Bahia é meu outro estado, me sinto tão carioca quanto baiano. É onde eu vivi a minha infância, os meus grandes momentos. Tenho uma relação até hoje com Itororó, com a Cabana da Ponte. “Porto dos Milagres” foi maravilhosa, resgatou questões ligadas a minha família, ligada ao Candomblé. O Guma foi um personagem muito forte, foi muito legal.
Lu: O que você acha desse debate que tem havido na internet com cobrança de definições políticas por parte dos artistas? Você costuma se posicionar em relação a isso?
Marcos: Eu dou minhas opiniões, mas procuro não entrar em polêmicas. Eu acho que o artista não é obrigado a dar opinião, acho que hoje em dia todo mundo dá muita opinião, todo mundo acha muita coisa, todo mundo tem muito a própria verdade. Meu avô dizia uma coisa muito importante: “Nunca assuma compromisso com a eternidade”. Eu acho que você tem que estar aberto, nada é totalmente “ferro e fogo”. Eu dou minha opinião quando eu acho importante, mas também não fico discutindo, criticando a opinião dos outros. Eu acho que eu tenho um espírito bastante democrático que vem da minha família e principalmente do meu avô Sinval que foi um comunista bastante democrático, apesar da contradição. Ele foi contra o radicalismo, sempre falou que os radicais se encontram. O radical de direita se encontra com o radical de esquerda. E a gente percebeu isso bastante nas últimas eleições.
Lu: Sendo uma pessoa tão engajada e que luta tanto pelos seus direitos, como foi viver a realidade da ditadura em “Os Dias Eram Assim”?
Marcos: “Os Dias Eram Assim” foi bem interessante, mostrou o lado da ditadura através de uma história de amor. Adorei contracenar com a Letícia Spiller, com a Carla Salli. Foi ótimo! fizemos um triângulo, uma coisa bem diferente, gostei muito.
Lu: Como é o Marcos pai e como é o seu relacionamento com Júlia?
Marcos: A Júlia é meu xodó, a coisa mais linda e maravilhosa da minha vida, minha filha amada. Eu procuro ser o melhor pai que eu posso, sabendo de todas as minhas limitações. Mas ela é a luz da minha vida, trouxe outras pretensões, ambições, sonhos. Eu sou só amor por ela.
Lu: Como lida com o passar dos anos e a maturidade?
Marcos: o passar dos anos é inevitável, a maturidade vai te ajudando, você entra menos em bola dividida. Acredito que enquanto eu estiver com saúde e fizer alongamento estarei bem (risos); o resto a gente corre atrás.
Lu: Considera-se uma pessoa religiosa?
Marcos: Eu sou uma pessoa de fé. Não tenho nenhuma religião, não gosto de doutrinas, mas respeito todas as religiões. Acredito que isso é uma coisa pessoal de cada um, é que nem terapia. Terapia é uma coisa muito bacana mas cada um sabe o seu momento de fazer.
Lu: Tem algum personagem que ainda sonha fazer?
Marcos: Eu adoraria fazer o Glauber Rocha.
Lu: Uma frase
Marcos: Já que a gente falou tanto da Bahia, vou escolher uma frase do poeta baiano Raul Seixas “Sonho que se sonha só é só um sonho que se sonho só. Mas sonho que se sonha junto é realidade. “
Lu: Uma palavra
Marcos: Humildade.
Lu: Um sonho
Marcos: Viver em um país com justiça social .
Lu: Um filme
Marcos: Pixote, um filme do Babenco.
Lu: Uma música que o faz sorrir
Marcos: Bob Marley é um cantor que me faz sorrir. Caetano também. Vou escolher a música “Muito”, do caetano.
Lu: Marcos Palmeira por Marcos Palmeira
Marcos: Um homem procurando se tornar uma pessoa melhor a cada dia. Fazer o bem é um bom exercício.
Galeria:
Lu: Marcos, muito obrigada por participar da Nossa Janela. Estamos muito felizes pela oportunidade de entrevistar você para o nosso site.
Lu: Eu que agradeço. Adorei conhecer vocês e a Nina linda.
4 Comments
Dalia Leal
28 de outubro de 2019 at 13:56Marcos Palmeira, excelente ator! gostei de todas as suas atuações! e em “A Dona do Pedaço”, ele está mto perfeito! e Luciana Leal, amei a entrevista!👍👏👏👏☀️🌜🌟
Tácio Mendes
28 de outubro de 2019 at 20:40Mais uma entrevista maravilhosa! Lu, você é uma colunista incrível e Marcos Palmeira
é um grande ator. Adorei conhecer esse lado dele mais intimista – mais humano.
Marcela Teles
29 de janeiro de 2020 at 10:22Ele é lindo e muito talentoso. Muito bom conhecer esse outro lado dele. Muito bacana, a entrevista.
Pedro Aguiar
29 de janeiro de 2020 at 10:24Todos deveriam ter essa preocupação em ingerir alimentos orgânicos. Isso é fundamental para a saúde.