Maria Gal

Maria Gal

                                                                              Foto: Levi Cruz                                                                                                                       

No ar vivendo a Gleyce em “As Aventuras de Poliana”  no SBT, Maria Gal viu cedo nascer a paixão pela arte. Acompanhe nosso bate-papo sobre a personagem, sua trajetória artística, a dificuldade do reconhecimento multirracial na dramaturgia brasileira e as novas possibilidades de trabalho que surgiram através das plataformas de stream.

NJ: Maria, como a arte entrou em sua vida? Como tudo começou?

Maria Gal: A arte entrou em vida já na infância, desde que comecei a fazer ballet, aquela coisa de menina bem inocente, o bacana é que teve um momento no curso do ballet que a gente começou a ter aulas de teatro e eu comecei a gostar mais das aulas de teatro do que de ballet, adorava as aulas de improvisação. Então, o gosto maior por atuar foi a partir desse momento.

NJ: Você está no ar em “As Aventuras de Poliana”, no SBT. Como se deu o processo de construção da Gleyce e o que tem aprendido com ela?

Maria Gal: A construção foi feita a partir de uma percepção, um estudo dos textos para entender um pouco dessa personagem,  a partir da sinopse que o SBT mandou pra mim sobre a Gleyce. Também teve um coach da própria emissora, o Ariel, que a gente fez um trabalho em conjunto.  Além disso, usei algumas inspirações da minha vida pra compor a personagem. Uma foi a minha mãe que sempre foi uma mulher muito preocupada comigo nessa questão de dar oportunidades para ter um futuro melhor, uma preocupação até um pouco exagerada como quase toda mãe. A outra foi a percepção da típica da mulher brasileira, do quanto ela tem que trabalhar pra além de colocar comida em casa, também cuidar da educação, do caráter dos filhos. Então, essa também foi outra inspiração e entendimento para compor a Gleyce. Uma outra coisa bacana foi que eu acabei criando um bordão que foi o “ô Paizinho do Céu”. Eu queria muito que ela tivesse um bordão e acabou ficando esse. 

NJ: Se tivesse que escolher uma “hashtag” para a personagem, qual seria?

Maria Gal: Se  eu tivesse que escolher uma “hashtag” para a minha personagem, seria o próprio bordão:  #ÔPaizinhodoCeu (risos). Porque acabou virando uma forma de interação e aproximação com o  público. Engraçado que quando alguém quer me abordar na rua pra tirar foto, geralmente começa pelo bordão. Isso é muito legal.

NJ: Você atuou na série “3%” da Netflix. Como avalia essa nova possibilidade de trabalho que surgiu através das plataformas de stream?

Maria Gal: Ah, o  vídeo on demand, é fantástico! principalmente essa chegada do Netflix no Brasil porque amplia muitas possibilidades e oportunidades para os atores e todo mundo que trabalha com audiovisual, a gente tem aí novas narrativas, novas histórias e uma ampliação de oportunidades.  O interessante é que é muito louco como no exato momento que estreia, o mundo todo já tem acesso. Isso é muito interessante e eu senti mesmo isso porque na época da estreia do “3 %” , alguns amigos que moram fora (na Itália, nos Estados Unidos e etc) viram a série até antes de mim, eu ainda não havia terminado de assistir e eles já tinham visto a série inteira (risos). Então é  muito interessante e um mercado bacana que está crescendo cada vez mais. Super interessante e importantíssimo para o audiovisual no Brasil. 

NJ: Em 2018 você palestrou no evento internacional TEDx SP sobre racismo no Brasil. Qual é a sua opinião sobre o sistema de cotas e apropriação cultural?

Maria Gal: Eu acredito que o sistema de cotas é essencial em todos os campos da nossa sociedade para que a gente tenha realmente uma sociedade mais justa e igualitária.  Hoje, de fato, a gente percebe o quanto esse discurso da meritocracia é incoerente, uma vez que se as pessoas não partem do mesmo ponto, elas não podem chegar ao mesmo ponto. Existe um passado histórico e ele não pode ser ignorado. 

NJ: Viola Davis reclamou publicamente ao receber o 1º Emmy entregue a uma mulher negra, afirmando que “não há como vencer um Emmy para um papel que não existe” fazendo menção que atores negros não ganham papéis de grande relevância nos Estados Unidos. Como você avalia o reconhecimento multirracial na dramaturgia brasileira?

Maria Gal: Eu vejo esse discurso da Viola não só como uma simples reclamação, mas principalmente como uma exposição de um fato histórico, de dados reais e do quanto atrizes negras ficam a margem das obras de audiovisual nos Estados Unidos, em sua grande maioria, apenas pelo fato de serem negras. Isso porque eles têm uma porcentagem de negros que não chega a 15%. Se a gente pensar que no Brasil negros  somam mais de 54% (vide IBGE de 2017, se não me engano) e que  (seguindo pesquisas do grupo GEMA, da Universidade Estadual do Rio de Janeiro) os filmes produzidos aqui tem no seu elenco principal atrizes negras em apenas 4,4%. Essa desproporção absurda é completamente incoerente com a nossa realidade, então, eu tenho certeza que a gente ainda tem muito para caminhar no audiovisual aqui no Brasil no que diz respeito ao reconhecimento multirracial e de igualdade de gêneros, não somente na frente das câmeras mas também por trás nas funções de direção, produção, roteiro e etc.

NJ: O que você acha desse debate que tem havido na internet com cobrança de definições políticas por parte dos artistas? Você costuma se posicionar em relação a isso?

Maria Gal: Eu tenho visto essa cobrança não só por parte dos artistas mas também por parte da intelectualidade, de pessoas que de alguma forma estão conscientes e realmente preocupadas com tudo que está acontecendo nesse país. Eu me posiciono a respeito nas entrevistas e até mesmo nas minhas redes sociais porque a gente está vivendo um momento de aberração. Não só pelas questões da própria censura que está começando a haver não só por parte da presidência, mas também por parte dos governos de alguns Estados, como foi recentemente o caso do Rio de Janeiro, mas também por conta das aberrações comportamentais públicas dos que fazem parte desse governo, como por exemplo, o próprio Paulo Guedes falando da primeira dama da França porque ela é uma mulher mais velha e que talvez não tenha um padrão estético que ele acredita  ser o ‘ideal’.  Aí se chega em um nível tão baixo que não atinge apenas a França, ou a ela, ou a ele.  Mas agride a todos nós brasileiros. É essa imagem que o Brasil está passando lá pra fora. Eu me sinto completamente agredida com esse tipo de comportamento que é de baixíssimo nível, tacanho, absurdo, inapropriado e inadmissível. 

NJ: Há um provérbio árabe que diz que “adversidades são grandes oportunidades”. Como costuma lidar com os obstáculos que aparecem no seu caminho?

Maria Gal: Tem uma frase do Martin Luther King que me acompanha que é : “Tudo é considerado impossível até acontecer”. Eu busco também olhar por esse ponto de vista, que todas as adversidades que acontecem na nossa vida são oportunidades para que a gente possa avançar, são oportunidades de superação e para isso, basta a gente olhar a situação por um outro ângulo. Claro que falando assim parece a coisa mais fácil do mundo e a depender da situação não é nada fácil mesmo. Mas é importante a gente ter  essa consciência e esse amadurecimento pra poder olhar a situação por um outro plano e poder superar da melhor forma possível. Pra mim isso tem funcionado muito. Por exemplo: há alguns anos eu fui preterida por um teste de um filme porque o diretor acreditava que a atriz branca tinha um tom de pele mais comercial do que o meu. Claro que no primeiro momento isso me incomodou profundamente porque por mais que a gente saiba que o racismo existe – e eu sempre soube disso – mas ouvir isso nos tempos atuais e da forma que foi, (apesar de ele não ter falado diretamente pra mim, eu soube através de uma pessoa da produção) foi muito difícil e frustrante. Depois disso, eu criei a minha produtora pra focar em audiovisual e produzir filmes e séries que tenham a temática do empoderamento negro e feminino e que sejam amplamente comerciais. Então, os projetos que a gente está desenvolvendo e formatando, as co-produções, são todas nesse sentido. Esse é um exemplo dessa fase que você acabou de citar. “Adversidades são grandes oportunidades”, só depende da forma  que iremos enxergá-las.

NJ: Como avalia sua trajetória artística até aqui?

Maria Gal: Minha trajetória de atriz até aqui são de alguns desafios, principalmente, no que diz respeito a mudança de local de mercado. Sou nordestina de Salvador, morei em São Paulo e hoje moro no Rio de Janeiro, apesar de trabalhar em São Paulo. Além disso, tem o desafio de criar  oportunidades até porque além de ser um mercado complexo, pela forma e estrutura de como ele é, do quanto que envolve recursos, a gente tem poucos canais que produzem teledramaturgia  e as oportunidades para atrizes negras são poucas. Então, eu venho buscando também criar oportunidades. Eu entendo que estou em um momento de crescimento e acredito que a própria novela é uma consequência disso, uma novela que vai ficar dois anos no ar, uma personagem super bacana que exige de mim como atriz, uma personagem emocional e que tem grande empatia com o público. Como a boa capricorniana que sou, minha carreira tem sido pautada em desafios e de “step by step”, ou seja, degrau a degrau. E subindo. Sempre.

NJ: Você atua como realizadora/ captadora de recursos e produtora de diversos projetos na área de artes cênicas e audiovisual. Como analisa as políticas públicas voltadas para arte no Brasil?

Maria Gal: Engraçada essa pergunta porque eu capto mesmo recursos mas eu capto para os meus  próprios projetos, né?. Eu descobri o quanto sou boa vendedora. Mas também não acho que eu sei vender qualquer coisa ou qualquer projeto (risos). Eu sei vender bem os meus projetos porque são concebidos por mim, talvez porque como eu tenho um embasamento social em relação a eles, acaba que eu sei falar bem sobre eles e consequentemente vendê-los. A situação da política cultural no Brasil é muito complexa, é um momento muito difícil com essas mudanças todas que estão ocorrendo, até a própria mudança da Lei Rouanet, o que é uma pena porque a gente está falando de um mercado, no caso do audiovisual por exemplo, que o PIB é maior do que na indústria farmacêutica e as pessoas não sabem disso. É um mercado que emprega muita gente, não só de forma direta mas também de forma indireta. A gente vive um momento de incógnita, de não saber o que vai acontecer e isso é delicado porque os projetos tem que andar, as coisas tem que andar e a gente não tem ideia do que pode acontecer. Realmente é um momento delicadíssimo não só para quem vive desse mercado mas pra a nossa cultura e ao mesmo tempo as pessoas têm uma desinformação enorme sobre as leis de incentivo, é tanta falácia… que artista pega dinheiro público, tanto absurdo. As pessoas não sabem o quanto é trabalhoso aprovar um projeto na lei de incentivo. É uma desinformação absurda, as pessoas criticam sem ter a menor noção de como funciona e o quanto o processo é complexo. E é curioso como mexe apenas na cultura porque ninguém fala da lei do esporte, por exemplo, e que também usa a lei de incentivo. Enfim, é uma situação realmente delicada não apenas na questão do governo mas em relação a própria sociedade, a gente vive em uma sociedade, infelizmente ,desinformada, medíocre e hipócrita. É a realidade. 

NJ: Quais são suas principais lembranças da Bahia e do Bando de Teatro Olodum?

Maria Gal: Vixiiii minhas lembranças da Bahia e do Bando de Teatro Olodum são que eu era feliz e não sabia (risos). É isso, quando a gente vai se colocando com mais responsabilidades, mais desafios, e eu sou uma pessoa que trabalho muito, sou uma  work holic , acordo muito cedo até porque ocupo mais de uma função, não só como atriz, mas como você mesma falou na  outra pergunta, também atuo como produtora e captadora de recursos. Então é uma rotina bastante intensa . O sentimento é esse a gente era feliz e não sabia, tinha a inocência do início da carreira que é  maravilhoso. Tenho amigos dessa época que ainda moram em Salvador e mantenho contato até hoje. Inclusive acabei de vir de lá, recebi o prêmio Maria Felipa, um prêmio fantástico, uma homenagem que algumas mulheres negras receberam e eu me senti muito honrada. Salvador está nas minhas raízes, na minha base. Eu tenho muito orgulho de ser nordestina, baiana, soteropolitana. 

NJ: Como nasceu a “Cia dos Crespos”?

Maria Gal: Os Crespos nasceu na USP. Eu estudava na EAD que é tida como uma das melhores escolas de artes dramáticas do Brasil. A gente criou um grupo de estudos,  sem muita pretensão. E como eu já vinha do Bando de Teatro Olodum, tinha muita vontade de criar um grupo de teatro em São Paulo formado por atores negros. E foi a partir desse grupo de estudos que tudo começou. A gente montou o primeiro espetáculo que chamava ” Ensaio Sobre Carolina” e era inspirado na grande escritora brasileira Carolina Maria de Jesus.

NJ: Você está buscando uma editora para relançar o seu livro infantil.  Por que esse desejo?

Maria Gal: A leitura faz parte da minha história, meu pai tinha bastante livros e eu lembro que sempre gostei muito de ler, gostava muito de  passar para os meus colegas as coisas que eu lia, as brincadeiras que tinha nos livros e tal. A leitura abre possibilidades, então minha ideia é relançar “ A Bailarina e a Bolha de Sabão”.  Meu desejo é relançar em Salvador, inclusive. 

NJ: Você estudou em colégio de freiras e durante um tempo pensou em se tornar uma. Como é hoje a sua relação com a religião?

Maria Gal: É engraçada essa minha questão com a espiritualidade (risos). Primeiro, teve um período na minha infância / adolescência que estudei em escola de freiras. Depois estudei no Salesiano, que era de padres.  Eu sou uma pessoa de muita fé, uma pessoa que vive da fé até para poder modificar as próprias crenças, pra conseguir concretizar as coisas. Eu não sei fazer nada sem utilizar a espiritualidade. Hoje sou budista, mas já passei por todas as religiões:  evangélica, candomblé, umbanda, espiritismo, kabbalah. Eu gosto de pontuar isso porque é importante a gente falar sempre sobre a questão de respeitar sempre todas as religiões. eu hoje estou no budismo e não é porque ele é melhor ou pior, até porque eu acredito que todas as religiões, elas servem como um veículo para a  gente se conectar e é importante a gente respeitar cada uma delas. Eu me converti ao budismo porque tem algumas crenças que a religião coloca em prática e que contribui muito para esse momento que estou agora. Mas eu de fato acredito em todas as religiões e as enxergo  como  ferramentas para a gente amadurecer, crescer espiritualmente.

NJ: Você costuma acompanhar os movimentos feministas que ganham forças nas redes e nas ruas?

Maria Gal: Eu costumo acompanhar esses movimentos feministas que eu acredito que são de extrema importância até pra a gente não regredir e sempre que posso divulgo nas minhas redes. É importante sempre a gente falar disso, da violência doméstica, dos salários das mulheres, que  ganham em media 70% a menos que os homens mesmo ocupando os mesmos cargos. A gente tem que falar sobre isso porque a gente precisa  urgentemente viver em uma sociedade que seja mais justa pra todos porque todos nós perdemos muito com essas diferenças que hoje já não cabem mais, mas infelizmente, continuam existindo.

NJ: O que a deixa verdadeiramente emocionada?

Maria Gal: As questões ligadas a afetividade me deixam muito emocionada: um bebê, um bom filme, um livro, uma música, uma boa peça com dose de emoção. Meu ascendente é câncer e apesar de eu evitar chorar, no meu íntimo sou chorona (risos). As vezez são cenas bestas, um comercial que pegue nessa questão do afeto já me emociona. 

NJ: O que é felicidade pra você?

Maria Gal: Felicidade pra mim é você estar aonde você quer, com quem você quer. Eu acho que a família traz muita felicidade em casa. Acho também que você ter o domínio e as rédeas de sua vida, isso compõe a felicidade. 

NJ: Uma frase

Maria Gal: Vou falar uma da Shonda Rhimes que e gosto muito. Ela é uma das roteiristas mais importantes do  mundo. “ eu odeio demais a palavra diversidade. Sugere algo especial, raro, diverso. É como se tivesse algo incomum fazer histórias sobre mulheres, pessoas negras ou LGBT   na televisao. Eu tenho uma palavra diferente: normalizar. Eu estou normalizando a TV porque mulheres, negros e LGBTs são a maioria da nossa população, o que significa que eles não são qualquer coisa”.

NJ: Um sonho

Maria Gal: Que as oportunidades no Brasil sejam mais justas e igualitárias para todas as pessoas independente de gênero, raça ou classe social.

NJ: Um lugar

Maria Gal: Minha casa (risos).

NJ: Um livro

Maria Gal: “Um Defeito de Cor ” de Ana Maria Gonçalves.

NJ: Uma meta

Maria Gal: Ter uma grande autonomia na minha carreira.

NJ: Maria Gal por Maria Gal

Maria Gal: Essa mulher determinada que trabalha constantemente sua autoestima e para ampliar suas possibilidades enquanto mulher, negra, cidadã, artista. 

NJ: Antes de concluir, gostaria de abordar algum outro assunto ou deixar alguma mensagem?

Maria Gal: Vou deixar aqui o meu instagram @mariagalreal. Lá eu falo diretamente com meu público, com fãs quando mandam direct, me sigam (risos). É legal falar disso porque a gente está falando de comunicação e o meu instagram hoje está com mais de 500 K graças a vocês, graças ao meu público, ao público da novela que nos acompanha, que gosta da Gleyce, que gosta da Maria Gal. A gente está sempre fazendo ações lá no instagram pra promover o diálogo, promover o afeto, promover melhor qualidade de vida. Um beijo! 

NJ: Maria, muito obrigada por esse papo gostoso.

Fotógrafo: Levi Cruz

Maquiador: Renato Pinheiro

Styling: Fernanda Gunutzmann

Produção de moda:  Naiara Albuquerque

Assistente de Moda: Vinicius Sousa

Produtos da make: Divas Black
Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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