Anderson Tomazini

Anderson Tomazini

Já em sua primeira novela, Anderson Tomazini conquistou o público. Seu personagem Xodó de “O Outro Lado do Paraíso”, da Rede Globo, fez um sucesso estrondoso. O ator nos recebeu no Teatro Vanucci, na Gávea, onde está em cartaz com o espetáculo “Mundo Ideal”.

NJ: Anderson, quando decidiu que queria viver da arte? Como tudo começou?

Tomazini: Minha mãe é artista plástica, tenho uma grande referência dentro de casa, mas até os 24 anos viver de arte era algo inimaginável pra mim. Depois de algumas experiências no comércio descobri que viver para trabalhar em função de receber um salário ao fim do mês, não era pra mim. Meu lado artístico falou mais alto e resolvi me jogar naquilo que fazia sentido pra mim.

NJ: Você está em cartaz ao lado de Josie Pessoa e Bia Guedes no Teatro Vanucci com o espetáculo “Mundo Ideal”. Conte-nos um pouco sobre o texto e o seu personagem.

Tomazini: O texto é uma grande brincadeira que se revela no final e por isso me encantou, é leve e divertido, além de ser, também, muito desafiador pois é um personagem que transita entre várias “realidades” sem seguir uma linha latente. A direção foi muito precisa nas escolhas tornando o espetáculo ainda mais interessante.

NJ: A peça fala da insatisfação de seus personagens em relação às suas próprias vidas – não importa quão boas elas sejam –e da ânsia de terem aquilo que nunca poderão ter: um mundo ideal. Pra você, Tomazini, qual seria o “mundo ideal”?

Tomazini: Não acredito que exista um “mundo ideal”. Nem pra mim nem pra ninguém, o ser humano nunca está satisfeito com o que tem, conquistou ou ganhou. Queremos sempre mais e mais, faz parte do instinto de sobrevivência que herdamos de nossos antepassados, quem não lutava para ter mais comida morria, e assim sua família. O mundo mudou, a sociedade se organizou e tudo ficou mais acessível, mas nós, seres humanos, ainda continuamos os mesmos, querendo cada vez mais daquilo que não temos e desvalorizando o que já é parte de nós, principalmente nossa cultura.

NJ: O que mais o interessa no processo de construção teatral?

Tomazini: Me livrar das amarras que o mundo de hoje impõe. No palco sou livre, posso construir meu personagem sem pensar em nada, somente nele. Poder entrar em outra “vida”, moldá-la da maneira que a emoção vai me conduzindo. Isso é espetacular, sem contar que cada segundo no palco vale por horas na vida real.

NJ: Como foi a experiência de participar da Dança dos Famosos?

Tomazini: Uma das melhores experiências da minha vida, pude estar ao lado de grandes personalidades da cena nacional e aprender muito com eles, além de me arriscar na dança ( que nunca foi o meu forte ). Encontrei uma produção que me fazia sentir sempre a vontade. Pena que só podemos participar uma vez (risos).

NJ: Não dá pra entrevistar você sem lembrar do Xodó de “O Outro Lado do Paraíso”. Quais são as lembranças que guarda do personagem e qual é a importância dele para a sua trajetória artística?

Tomazini: As melhores possíveis, foi minha estreia na TV, minha primeira novela e foi também um trabalho que exigiu muito de mim. Gosto de desafios, Xodó ficará sempre em meu coração, abriu muitas portas em minha profissão.

NJ: Seu núcleo tinha alguns atores jovens, como você, e experientes, como a Marieta Severo e a Fernanda Montenegro, por exemplo. Como era a troca entre as gerações?

Tomazini: Tínhamos praticamente 4 gerações na novela, toda elas eram generosas umas com as outras, acredito que esse foi o segredo do sucesso que a novela alcançou. Na arte, como em outros lugares, somos melhores juntos. Nossa arte não se faz sozinho, nossa arte depende sempre de outro e fomos muito alegres neste sentido.

NJ: Há um provérbio árabe que diz “ o maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade”. Considera-se uma pessoa ansiosa? Arrepende-se de alguma oportunidade perdida?

Tomazini: Sou muito ansioso, mas o teatro ajudou muito a me entender como pessoa porque o ator tem que saber de si para poder emprestar suas emoções e experiencias aos personagens.

NJ: Você é pós-graduado em Gestão Pública. Como enxerga a crise política na qual o país mergulhou?

Tomazini: Adoro politica, falo muito sobre com amigos próximos, mas infelizmente o dialogo é algo que está sumindo em nosso país , então prefiro não comentar.

NJ: Como avalia a política cultural brasileira?

Tomazini: Delicada. o povo é reflexo da sua cultura. Se não  olharmos para a cultura com mais carinho, nosso país pode perder sua identidade, que vai muito além do carnaval e do futebol.

NJ: Uma frase 

Tomazini: Só por hoje.

NJ: Um lugar

Tomazini: Meu país

NJ: Um medo

Tomazini: A ignorância.

NJ: Uma música que o faz sorrir 

Tomazini: Luz dos Olhos – Nando Reis. 

NJ: O que o deixa verdadeiramente emocionado?

Tomazini: Um abraço sincero.

Galeria:

NJ: Anderson, muito obrigada por participar da Nossa Janela. 

Tomazini: Obrigada, Lu. Adorei recebê-los aqui.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

2 Comments

  1. Avatar
    Vanessa Santos
    29 de janeiro de 2020 at 10:14 Reply

    Além de lindo, super talentoso.Amei!

  2. Avatar
    mila oliveira
    29 de janeiro de 2020 at 10:16 Reply

    ahhh eu assisti essa peça no Rio. Linda entrevista!

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