“Tom na Fazenda” em nova temporada no Teatro Petra Gold de 1 a 16 de fevereiro

“Tom na Fazenda” em nova temporada  no Teatro Petra Gold de 1 a 16 de fevereiro

Foto: José Limongi

Obra do premiado autor canadense Michel Marc Bouchard aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, violência e fracasso.

Idealizador do projeto, Armando Babaioff assina a tradução do texto e divide a cena com Soraya Ravenle, Gustavo Vaz e Camila Nhary. Direção de Rodrigo Portella.

Espetáculo vencedor dos prêmios da Associação de Críticos de Teatro de Québec, Cesgranrio, Shell, APTR, Botequim Cultural, Questão de Crítica e Cenym. 

Em cartaz desde março de 2017, o espetáculo “Tom na Fazenda estreia a nona temporada em 1º de fevereiro (sábado) no Teatro Petra Gold. Idealizado pelo ator e produtor Armando Babaioff, que também assina a tradução, a montagem tem apresentações de sexta a domingo, às 19h30, até 16 de fevereiro. Dirigida por Rodrigo Portella, a peça traz no elenco Gustavo Vaz, Camila Nhary e Soraya Ravenle (substituindo Kelzy Ecard), além do próprio Babaioff. Desde sua estreia, “Tom na Fazenda” fez 185 apresentações e já foi vista por mais de 25 mil pessoas.

A peça é baseada na obra Tom à la Farme, do autor canadense Michel Marc Bouchard. Foi numa conversa com um amigo que Babaioff tomou conhecimento do filme Tom na Fazenda (2013), adaptação da peça homônima, com direção do franco-canadense Xavier Dolan. Arrebatado pela obra, o ator começou a traduzir a peça, que aborda a inabilidade do indivíduo para lidar com o preconceito, a impotência, a violência e o fracasso.

Em cena, o publicitário Tom (Armando Babaioff) vai a uma fazenda no interior para o funeral de seu companheiro. Ao chegar, descobre que a sogra (Soraya Ravenle) nunca tinha ouvido falar dele e tampouco sabia que o filho era gay. Nesse ambiente rural e austero, Tom é envolvido numa trama de mentiras criada pelo truculento irmão (Gustavo Vaz) do falecido, estabelecendo com aquela família relações de complicada dependência. A fazenda, aos poucos, vira cenário de um jogo perigoso, onde quanto mais os personagens se aproximam, maior a sombra de suas contradições.

“No ano em que traduzi a peça, 347 pessoas foram assassinadas pelo simples fato de serem quem eram. O Brasil é o país que mais mata homossexuais no mundo, mais do que nos 13 países do Oriente e da África onde há pena de morte aos LGBT. O que me fascina em Tom na Fazenda é essa possibilidade de falar de assuntos que eu realmente acho necessário. Eu sinto essa necessidade de dizer para o mundo verdades das quais eu acredito”, diz Babaioff. “Manter o espetáculo em cartaz enquanto tiver público para nos assistir se tornou uma regra. Temos que resistir neste tempo em que a cultura é atacada de uma forma muito covarde e cruel”, completa Babaioff.

Tom na Fazenda” conta uma história bastante comum entre jovens de várias gerações, mesmo de culturas diferentes. No Canadá, no Brasil, no Oriente Médio, no Japão ou na África do Sul, homens e mulheres jovens aprendem a mentir antes mesmo de aprenderem a amar. As famílias, guardiãs das normas sobre a sexualidade, garantindo sempre a heteronormatividade, inserem nos próprios membros a semente da homofobia.

“Todo redemoinho que devastará a vida dos que fogem das normas surge no núcleo de suas próprias famílias”, comenta Rodrigo Portella, que opta, mais uma vez por uma encenação com poucos elementos para que as sutilezas das relações propostas pelo texto se sobressaiam. “Bouchard compôs uma obra de estrutura impecável. Ele vai fundo nas contradições dos seus personagens, o que os torna muito próximos de nós”, acredita o diretor.

TRAJETÓRIA DO ESPETÁCULO

Tom na Fazenda” estreou no Rio de Janeiro em março de 2017 no Oi Futuro, com patrocínio da Oi. As temporadas seguintes no Rio de Janeiro — nos teatros SESI Centro, Dulcina, Poeirinha, Cesgranrio, Leblon e no Imperator —, quase sempre com ingressos esgotados, no entanto, não tiveram qualquer recurso vindo de leis de incentivo. Este ano, o espetáculo vai circular pelo Canadá, Estados Unidos e França. De 3 a 12 de março, “Tom na Fazenda” cumpre temporada no Usine C, em Montreal, e, no dia 20 do mesmo mês, haverá uma apresentação no Quick Center for the Arts, em Connecticut. De 3 a 26 de julho, a peça faz parte da programação do Festival de Avignon.

Esta não é a primeira vez que “Tom na Fazenda” ganha carreira internacional. Em junho de 2018, o espetáculo foi apresentado no Festival TransAmériques (FTA), em Montreal, no Canadá –  um dos mais importantes eventos de artes cênicas do mundo —, com legendas em inglês e francês. A indicação foi do próprio autor da obra, o dramaturgo canadense Michel Marc Bouchard, que mora em Montreal e assistiu à peça em sua estreia, no Rio. As três apresentações naquele país renderam à peça o prêmio de melhor espetáculo estrangeiro pela Associação de Críticos de Teatro de Québec.

INDICAÇÕES E PRÊMIOS

  • Prêmio Aplauso Brasil 2019 (5 indicações): Iluminação (Tomás Ribas), Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard) e Espetáculo Independente.
  • Espetáculo vencedor do Prêmio APCA 2019 na categoria teatro.
  • Espetáculo vencedor do prêmi0 de melhor espetáculo estrangeiro da Associação de Críticos de Teatro de Québec.
  • 30º Prêmio Shell de Teatro (5 indicações): Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Cenografia (Aurora dos Campos) e Música (Marcelo H.). Espetáculo vencedor em duas categorias: Direção (Rodrigo Portella) e Ator (Gustavo Vaz).
  • 5º Prêmio Cesgranrio de Teatro (7 indicações): Direção, Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Cenário (Aurora dos Campos), Iluminação (Tomás Ribas), Espetáculo e Especial (Lu Brites, pela preparação corporal). Espetáculo vencedor em três categorias: Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz) e Cenografia (Aurora dos Campos).
  • 6º Prêmio Botequim Cultural (10 indicações): Direção, Espetáculo, Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard e Camila Nhary), Figurino (Bruno Perlatto), Cenografia (Aurora dos Campos), Iluminação (Tomás Ribas) e Música (Marcello H). Espetáculo vencedor em sete categorias: Melhor Espetáculo, Direção (Rodrigo Portella), Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard) e Cenografia (Aurora dos Campos) e Iluminação (Tomás Ribas).
  • 12ª Prêmio APTR (6 indicações): Espetáculo, Produção, Direção, Ator (Armando Babaioff e Gustavo Vaz), Iluminação (Tomás Ribas) e Cenografia (Aurora dos Campos). Vencedor na categoria Melhor Espetáculo.
  • Espetáculo vencedor do 7º Prêmio Questão de Crítica.
  • Prêmio Cenym de Teatro Nacional (17): Espetáculo, Direção, Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Camila Nhary e Kelzy Ecard), Texto Adaptado, Qualidade Artística, Qualidade Técnica, Elenco, Preparação Corporal (Lu Brites), Iluminação, Cenário, Montagem, Cartaz ou Programação Visual (Bruno Dante), Fotografia de Publicidade (José Limongi, Renato Mangolin e Ricardo Brajtman) e Trilha Sonora (Marcello H).  Espetáculo vencedor em oito categorias: Espetáculo, Direção, Ator (Armando Babaioff), Ator Coadjuvante (Gustavo Vaz), Atriz Coadjuvante (Kelzy Ecard), Qualidade Artística, Montagem e Preparação Corporal (Lu Brites).

Temporadas anteriores:

1ª – Oi Futuro (de 24 de março a 14 de maio de 2017)

2ª – Teatro Sesi Centro (de 31 de agosto a 30 de setembro de 2017)

3ª – Teatro Poeirinha (de 6 de outubro a 17 de dezembro de 2017)

4ª – Teatro Dulcina (12 a 28 de janeiro de 2018)

5ª – Teatro Cesgranrio (de 3 de março a 1 de abril de 2018)

6ª – Teatro Leblon (de 14 de abril a 27 de maio de 2018)

7ª – Imperator (de 10 a 23 de novembro de 2018)

8ª – Sesc Santo Amaro, SP (de 16 de março a 14 de abril de 2019)

SOBRE MICHEL MARC BOUCHARD (autor)

Michel Marc Bouchard nasceu em Saint-Coeur-de-Marie, em Quebec, no Canadá. Formado em teatro pela Universidade de Ottawa, fez sua estreia profissional como dramaturgo em 1983 com Contre-nature de Chrysippe Tanguay, Écologist, e, desde então, escreveu mais de 25 peças que foram traduzidas em diversas línguas e apresentadas em muitos países e festivais. Bouchard foi condecorado Cavaleiro da Ordem Nacional de Quebec, em 2012.

Sua obra mais conhecida é Lillies (Les Feluettes ou la Répétition d’un Drame Romantique), que posteriormente foi roteirizada e dirigida por John Greyson em seu filme homônimo. The Painter Madonna foi sua primeira peça traduzida para o inglês. Entre suas obras mais conhecidas, destaque para The Coronation Voyage (Le Voyage du Couronnement), Down Dangerous Passes Road (Le Chemin des Passes-Dangereuses) e Written on Water (Les Manuscrits du Déluge). Sucessos no teatro, as peças The Orphan Muses (Les Muses Orphelines) e Tom at the Farm (Tom à la Farme) também foram adaptadas para o cinema pelos diretores Robert Favreau e Xavier Dolan, respectivamente.

Ao longo de sua carreira, Bouchard foi agraciado com importantes prêmios de artes cênicas no Canadá: Prix Journal de MontrealPrix du Cercle des Critiques de L’outaouaisMoore Award Dora Mavor for Outstanding New PlayFloyd S. Chalmers Award Canadian Play. Recebeu nove prêmios Jessie Richardson Theatre Awards para as peças Lillies e Les Muses Orphelines.

SOBRE ARMANDO BABAIOFF (Idealizador, tradutor e ator)

Formado pela escola Estadual de Teatro Martins Pena e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UNIRIO) em Artes Cênicas. Como integrante da Quantum Cia. de Teatro, Babaioff fez de diversas montagens sob a direção de Rodrigo Portella. Em 2004, protagonizou, ao lado de Vera Fischer, A Primeira Noite de um Homem, com direção de Miguel Falabella.

No teatro, participou ainda dos espetáculos O Santo e a Porca (2008), de Ariano Suassuna, com direção de João Fonseca, pelo qual foi indicado ao prêmio de melhor ator coadjuvante pela APTR; A Gota d’Àgua (2009), de Chico Buarque e Paulo Pontes, também com direção de João Fonseca; Rockantygona (2011), baseado na obra de Sófocles, com direção de Guilherme Leme Garcia; Escola do Escândalo, de Richard B. Sheridan, com direção de Miguel Falabella; A Propósito de Senhorita Júlia, de August Strindberg, dirigida por Walter Lima Jr.; O que Você Mentir Eu Acredito, de Felipe Barenco, com direção de Rodrigo Portella.

Em 2009, criou a produtora ABGV Produções Artísticas, em parceria com o amigo e ator Gustavo Vaz. Pela primeira vez atuou também como produtor de teatro, com a peça Na Solidão dos Campos de Algodão, com texto de Bernard Marie Koltès e direção de Caco Ciocler. O espetáculo lhe rendeu uma indicação ao Prêmio de Melhor Ator pela APTR.

Na TV, pode ser visto interpretando o personagem Diogo Cabral em Bomsucesso, onde viveu seu primeiro vilão na tv, indicado ao Prêmio Melhores do Ano. Antes disso esteve em Segundo Sol, de João Emanuel Carneiro, também na TV Globo. Estreou na emissora na novela Páginas da Vida (2006), de Manoel Carlos. Também na Globo, participou das novelas Duas Caras (2010/2011), Ti-ti-ti (2010), Sangue Bom (2013) e A Lei do Amor (2016). Protagonizou a série DOAMOR, ao lado da atriz Maria Flor, no canal Multishow.  No cinema, protagonizou o longa Prova de Coragem, baseado no romance Mãos de Cavalo, do autor gaúcho Daniel Galera e com a direção de Roberto Gervitz. Recentemente, protagonizou o filme “O Homem Livre” com a direção de Alvaro Furloni que estreou nos cinemas de todo Brasil em 2019.

Clique AQUI e confira entrevista com Armando Babaioff sobre o espetáculo.

SOBRE RODRIGO PORTELLA (diretor)

Natural de Três Rios, no interior do Rio, Rodrigo Portella é formado em Direção Teatral pela UniRio.  Em 27 anos de carreira, dirigiu 23 espetáculos e escreveu nove peças teatrais, sendo indicado quatro vezes ao Prêmio Shell pelas peças Uma História Oficial (2013), Antes da Chuva (2014),  Alice Mandou Um Beijo (2016) e Insetos (2018).  Esta última em comemoração os 30 anos da Cia dos Atores.

Foi com Antes da Chuva, da Cia Cortejo, que Portella começou a ser reconhecido por seu trabalho. Com ela, percorreu dezenas de cidades pelo projeto Palco Giratório, participou dos maiores festivais de teatro do país, além de turnês na Argentina, Equador, Alemanha e Chile. Matérias na imprensa legitimaram e reconheceram a importância do movimento feito por Portella na contramão do senso comum, por trocar, em 2010, a capital pelo interior, como espaço potencial para a verticalização do seu processo criativo, funcionando como um impulso para a circulação nacional. Em Três Rios, dirigiu por quatro anos o Festival Internacional Off Rio, os Pontos de Cultura Teatro Aberto e o Centro de Produção Audiovisual.

Atualmente, circula também com os espetáculos Os Impostores (2019) As Crianças (2019), esse último indicado a 14 prêmios em diversas categorias no Rio e em São Paulo. Portella também se dedica à sua pesquisa de mestrado em direção pela UniRio. É também professor do curso superior de teatro do Instituto Cal de Arte e Cultura.

SERVIÇO

TOM NA FAZENDA

Temporada: de 1 a 16 de fevereiro de 2020.

Apresentações: de sexta a domingo, às 19h30.

Local: Teatro Petra Gold – Sala Marília Pêra. Rua Conde de Bernadotte 26, Leblon. Tel.: 2529-7700.

Ingressos: R$ 70 (sexta e sábado) e R$ 80 (domingo) – meia-entrada para os casos previstos em lei.

Duração: 120 min. Lotação: 400 lugares. Classificação etária: 18 anos.

Facebook e Instagram: @tomnafazenda

FICHA TÉCNICA

Texto: Michel Marc Bouchard.

Tradução: Armando Babaioff.

Direção: Rodrigo Portella.

Elenco: Armando Babaioff, Soraya Ravenle, Gustavo Vaz e Camila Nhary.

Cenografia: Aurora dos Campos.

Iluminação: Tomás Ribas.

Figurino: Bruno Perlatto.

Direção Musical: Marcello H.

Guitarras e violões: Jr Tostoi e Marcello H.

Preparação Corporal: Lu Brites.

Coreografia: Toni Rodrigues.

Programação visual: Bruno Dante.

Mídias Sociais e Contrarregra: Egídio La Pasta.

Hair Stylist: Ezequiel Blanc.

Assistente de cenografia: Manu Libman.

Assistente de figurino: Luísa Marques.

Direção de Produção: Sérgio Saboya e Silvio Batistela.

Produção executiva: Milena Monteiro.

Produção: Galharufa Produções.

Idealização: ABGV Produções Artísticas 

 

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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