Rose Lima

Rose Lima

Desde a infância, em Salvador, Rose Lima já sonhava em ser atriz e iniciou os estudos de teatro com apenas 13 anos. Recentemente brilhou nos palcos do Rio de Janeiro com o espetáculo “Suelen, Nara, Ian”,  lindo texto da Luisa Arraes que aborda as diferentes possibilidades de formação de famílias e volta a cartaz ainda nesse semestre. Conversamos com a atriz sobre a peça, seus sonhos e carreira.

NJ: Rose, você sempre quis ser atriz ou tinha outros planos?

Rose: Eu sempre quis ser atriz. Quanto eu tinha sete anos de idade, já falava isso e aos 13 anos comecei a fazer cursos de teatro em Salvador. Sigo até hoje apaixonada por este ofício.

NJ: O que mais a interessa no processo de construção teatral ?

Rose: O encontro e a troca com as pessoas. Traduzir a vida em forma de arte e chegar no coração das pessoas.

NJ: Você esteve em cartaz com o espetáculo “Suelen Nara Ian”, no Teatro dos 4, na Gávea, uma temporada de sucesso absoluto. Conte-nos um pouco sobre esse trabalho.

Rose: Eu faço quatro personagens: a Carmen, que é mãe do Ian, uma telefonista, a Soraya que é uma capitalista e a Gertrudes, uma vidente. Tem sido uma experiência maravilhosa, o público se identifica muito com a história da peça que fala da formação de novas famílias. Voltaremos aos palcos ainda nesse primeiro semestre para mais uma temporada aqui no Rio.

NJ: O que mais a emociona nesse texto tão lindo da Luisa Arraes?

Rose: Me emociona muito a forma como a Luisa trata de assuntos sérios e importantes de maneira lúdica, divertida e assim consegue chegar nas pessoas emocionando. O público, assim como os personagens Suelen, Nara e Ian, percebem que a família pode ter várias formações.

NJ: Como tem funcionado no palco a parceria com Zéu Britto?

Rose: Ah é muito boa. Conheci Zéu quando morávamos em Salvador, sempre admirei o trabalho dele, as canções. Ele é uma festa, criativo, engraçado. Grande parceiro de trabalho.

NJ: “A Menina Edith e a Velha Sentada”, texto e direção de Lázaro Ramos, lhe rendeu a indicação a melhor atriz no prêmio CBTIJ de Teatro para Crianças. O que mais a empolgou nesse trabalho?

Rose: Tudo começou quando eu li o livro do Lázaro – “A velha Sentada”- Falei para ele que a personagem parecia comigo. Aí ele fez a adaptação do livro para teatro com Elísio Lopes Jr e juntos escreveram a peça “A menina Edith e a velha sentada”. Tudo foi empolgante e lindo desde o início:  a minha identificação com a personagem Edith e a alegria por realizar um projeto meu, junto com duas pessoas que admiro muito e são referências na minha carreira. O resultado foi incrível e fizemos a peça durante cinco anos. Foi sucesso de público e crítica.

NJ: É nítido seu carinho e cuidado com as crianças, inclusive fiquei encantada com a forma como tratou minha filha, todas as vezes que ela assistiu a peça aqui no Rio. Trabalhar para o público infantil tem um gostinho especial pra você?

Rose: Amo as crianças, é o publico mais sincero e não tem máscara nem filtro, o retorno deles é imediato. “Suelen Nara Ian” é a  oitava peça que faço para este público. E aconteceu naturalmente.

NJ: Como foi participar do musical que conta a história de dona Ivone Lara, a rainha do samba?

Rose: Nossa! foi transformador!  eu já amava as canções da D. Ivone desde sempre, mas conhecer a fundo a  sua história foi um grande presente. Que mulher inspiradora… sempre a frente do seu tempo. Imagine, na década de 40, já era empoderada. Foi a primeira mulher a escrever um samba enredo para uma  escola de samba.

NJ: Como enxerga a política cultural brasileira?

Rose: Estamos em um momento muito delicado, mas tudo passa e a arte e a cultura continuam. Só espero realmente que o olhar da política para a cultura seja de respeito e estímulo para a diversidade.

NJ: Pra você, como artista, como a arte pode ajudar a colocar luz para alguns temas importantes para a sociedade?

Rose: A arte é fundamental, traduz as experiências da vida, então é um veículo de informação muito potente que traduz, transforma e educa. Não podemos negligenciar  jamais a arte e a cultura.

NJ: Na televisão, você participou das novelas como “Vitória” (Rede Record/2014), “Avenida Brasil” (Rede Globo/2012), “Amor e Intrigas” (Rede Record/2008) e “Bicho do Mato” (Rede Record/2006. Quais são as lembranças que guarda desses trabalhos?

Rose: Gosto muito da velocidade do trabalho na TV, me ajuda muito a ficar atenta e alerta, não temos muito ensaio então exige uma instalação imediata. Isso é muito estimulante.

NJ: Como espectadora, qual é a sua novela preferida e por quê?

Rose: Adoro assistir novelas. Geralmente o que me prende é um ator ou atriz, até mais do que a própria história da novela. Por exemplo, adoro ver a Glória Pires em “Éramos Seis”. Assisto suas cenas e fico impressionada com a naturalidade da interpretação, isso me toca profundamente. A novela “Amor de Mãe” também trata de temas muito relevantes para esse momento que estamos vivendo. Estou amando o texto da Manuela Dias. Maravilhosa!

NJ: No cinema você participou de filmes campões de bilheteria como “Trair e Coçar e Só Começar” (2006/direção Moacyr Góes) “Meu Passado Me Condena” (2013/direção Julia Rezende) e Chocante do Bruno Mazzeo ( 2017). Como avalia hoje o cinema nacional?

Rose: Essas três participações foram muito importantes para eu entender um pouco a linguagem do cinema. Os três foram cenas de comédia e eu adorei fazer, deu gostinho de quero mais… espero ter outras oportunidades em breve. Sou apaixonada pelo cinema nacional, os filmes que vi mais recentes foram “Os Impecáveis”, “Bacurau” e “A vida Invisível”. Estou ansiosa para assistir o “Marighella”do Wagner Moura e o “Medida Provisória”, do Lázaro Ramos que deve estrear ainda este ano aqui no Brasil. Gente, e o fenômeno do Paulo Gustavo ” Minha Mãe é Uma Peça” ?Sucesso total de bilheteria. Isso é maravilhoso para o Brasil e para o nosso cinema. E tem um movimento lindo de Cinema na Bahia também. A questão não é o cinema nacional e sim, a política cultural. Viva o cinema nacional!!!

NJ: Algumas pessoas defendem que o artista não deve posicionar-se em relação à política. O que pensa em relação a isso e como enxerga o nosso atual quadro político?

Rose: Tem uma frase do Paulo Freire que explica muito o que eu penso e vai te responder. “Não existe imparcialidade. Todos são orientados por uma base ideológica. A questão é se sua base ideológica é inclusiva ou excludente”.

NJ: Quem a inspira na vida e na profissão?

Rose: Me inspira quem acredita e faz acontecer. Quem realiza. Muita gente…

NJ: Como avalia sua trajetória profissional até aqui?

Rose: Uma vez uma amiga me disse que eu era corajosa e acho que ela está certa. Sigo na minha vocação…

NJ: Há um provérbio chinês que diz : “Se o vento soprar de uma única direção, a árvore crescerá inclinada”. Como você costuma lidar com as situações que o vento não sopra a favor dos seus objetivos?

Rose: Sinto o vento, deixo-o passar e continuo em minha trilha…

NJ: Uma frase

Rose: É melhor ser alegre que ser triste.

NJ: Um sonho

Rose: Realizar meus sonhos, são muitos ainda…

NJ: Um lugar

Rose: Rio de Janeiro.

NJ: Uma música que a faz sorrir

Rose: Samba da Benção, Vinicius de Moraes.

“É melhor ser alegre que ser triste
Alegria é a melhor coisa que existe
É assim como a luz no coração…”

NJ: Um espetáculo teatral que considera inesquecível

Rose: “A ver estrelas”, com texto e direção do João Falcão. Eu fiz essa peça, mas a sensação que tive quando li o texto e entendi foi transformador.

NJ: Um filme

Rose: São tantos… Mas “Central do Brasil” me emociona todas as vezes que vejo e  já vi umas seis vezes… Viva Fernanda Montenegro!

NJ: O que é felicidade pra você?

Rose: Me sentir bem.

NJ: Considera-se uma pessoa religiosa? O que é a fé pra você?

Rose: Não sou religiosa, tenho fé em muitas coisas. Fé é acreditar  e confiar.

NJ: Como lida com a velocidade da internet e como é a sua relação com as redes sociais?

Rose: É um mundo de possibilidades. Não tem como fugir, só controlo para não viciar. Tem muita coisa importante na vida real.

NJ: Quando pensa na Bahia, do que mais sente saudade?

Rose: Sinto falta da minha família, dos meus amigos, do banho de mar no Porto da Barra, do Rio vermelho, do vento e  do cheiro de Salvador…

NJ: Quais são os seus planos profissionais para esse ano de 2020?

Rose: Tenho muitos… o que eu  mais quero é continuar trabalhando como atriz. Seja no teatro, cinema ou TV.

NJ: Rose Lima por Rose Lima

Rose: Ariana e sonhadora. Isso me define bem.

NJ: Antes de encerrar, você gostaria de abordar algum assunto, deixar alguma mensagem especial?

Rose: Acredite nos seus sonhos. Adoro esta frase, me fortalece.

NJ: Rose, muito obrigada por participar dessa Janela que também é sua. Beijo de luz!

Rose: Eu que agradeço, Lu. Beijos

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

1 Comment

  1. Avatar
    Cremilda Santana Anias
    8 de fevereiro de 2020 at 06:43 Reply

    Rose, li a sua entrevista e foi tão natural quanto ouvi-los falando.Tenho o maior orgulho de fazer parte da sua família. Espero que se seja recíproco.infelizmente moro longe do Rio para te assistir.Sucesso sempre e que Deus nossoPai te abençoe.

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