Papai Noel

Ele está presente no nosso imaginário e em nossos corações. Amado por crianças e adultos, usa barba, roupa vermelha e um gorrinho super charmoso. Nesse Natal, ninguém melhor que o próprio Papai Noel pra conversar com a gente.

Lu: Quando se tornou Papai Noel? Já nasceu com essa missão ou percebeu seu talento mais tarde?

Papai Noel: Apenas em 2016 recebi oficialmente um convite e fui fazer um curso na Escola de Papais Noéis aqui do Rio de Janeiro e acabei assumindo essa figura tão emblemática no final de ano.

Lu: Você teve que estudar ou fazer um treinamento para se tornar Papai Noel?

Papai Noel: Evidente. Existe um curso com mais de 30 anos de existência e os Papais Noéis passam por esse processo que trabalha com esse imaginário que envolve a figura do Papai Noel. 

Lu: Conte-nos um pouco sobre como funciona a Escola de Papai Noel.

Papai Noel: A Escola de Papai Noel é uma escola que existe desde 1992 e é um curso bastante simples, mas aborda todas as situações em que o Papai Noel pode passar durante o seu trabalho. E lida muito com o imaginário da criança, com os presentes e aborda também a expectativa dos pais que querem fazer do Papai Noel um instrumento para apavorar as crianças em relação ao seu comportamento em casa. 

Lu: Quais são as crianças que são presenteadas por Papai Noel?

Papai Noel: Na verdade há uma certa ilusão em relação a figura do Papai Noel lidando apenas com crianças que se comportam de acordo com os padrões dos adultos e eu pessoalmente não partilho dessa ideia. Pra mim todas as crianças são comportadas.

Lu: Além  de entregar presentes, você também realiza sonhos? 

Papai Noel: Eu acredito que sim. Só ter aquele momento mágico da fotografia, muitas pessoas já estão realizando sonhos. Eu adoro realizar os sonhos das crianças.

Lu: Após o Natal o senhor tira férias? 

Papai Noel: Sim, tiro férias  com a Mamãe Noel e descanso bastante para repor as energias. Leio muito, pesquiso e tenho alguns hobbies que tomam bastante do meu tempo: Gosto de floricultura, de marcenaria, de cozinhar . Também gostamos de viajar . Depois  organizamos a fábrica de brinquedos e começamos a produzir tudo novamente para o próximo Natal.

Lu: Com a era da internet, as cartinhas estão cada vez mais esquecidas. Você ainda recebe muitas cartas com os pedidos das crianças ou elas preferem  pedir os presentes pessoalmente?

Papai Noel: Ambos. Recebo os pedidos tanto pessoalmente na hora da fotografia quanto através de cartinhas. Isso é uma prática muito comum e quando elas não sabem, pedem para os pais escreverem. Com cinco , seis anos a gente vê crianças que já lidam desde que nasceram com a tecnologia e ainda fazem uma verdadeira festa quando encontram o Papai Noel. É lindo e emocionante.

Lu: Por que, às vezes, você se confunde com o presente?

Papai Noel: Eu estou velhinho. Às vezes, confundo os presentes e até os nomes das crianças, mas nunca deixei de levar uma lembrancinha para aqueles que visito.

Lu: Depois do Natal você costuma fazer a barba ou fica com ela o ano todo?

Papai Noel: Eu faço uma “poda” geral (risos).

Lu: Como consegue entregar todos os presentes em uma só noite?

Papai Noel: Minhas renas encantadas são tão rápidas que, quando eu me dou conta, já visitei todas as crianças. Além  disso,  existem diferenças de tempo local. Na Europa eu entrego os presentes na véspera de Natal, na América isso é feito na noite de Natal.  E o mais importante é que eu tenho a magia. As crianças entendem isso naturalmente.

Lu: Como você entra nas casas, para entregar os presentes, com a porta trancada?

Papai Noel: Na maioria das vezes, entro pela chaminé, mas também tenho uma chave mágica para que possa entrar sem fazer barulho.

Lu: Para quantas crianças você entregará os presentes esse ano?

Papai Noel: Para milhares de crianças. Onde tiver uma criança querendo minha presença, eu estarei lá. Inclusive, a Nina também receberá minha visita, pode esperar.

Lu: O senhor gostaria de ter uma roupa de verão pra visitar os países quentes?

Papai Noel: Evidente que sim e ainda penso em fazer uma revolução nesse sentido. Acredito que é algo inimaginável mudar essa vestimenta tradicional do Papai Noel, mas acho que é possível sim mudar esse veludo que é um tecido extremamente quente para os países como o nosso. Aqui no Rio de Janeiro, com esse calor todo,  é algo quase incompreensível não tentar modificar a vestimenta do Papai Noel.

Lu: Quantas renas puxam o seu trenó?

Papai Noel: São infinitas e vão se revezando. Eu tenho uma criação de renas na Lapônia. 

Lu: Como é a sua casa na Lapônia?

Papai Noel: É uma casa muito gostosa, com um salão bem grande onde os duendes e a Mamãe Noel ajudam a confeccionar os brinquedos. Como lá é muito frio, na sala, há uma chaminé.  Tem também dois quartos, um para mim e outro para os duendes. Ainda tem um jardim grande onde eu deixo as renas soltas e felizes. Também é lá que fica o trenó.

Lu: Onde está a mamãe Noel que não está aqui com a gente agora participando da entrevista?

Papai Noel: Ela está em casa cuidando das renas, dos duendes e também concluindo a confecção dos últimos brinquedos a serem entregues nesse Natal. 

Lu: O senhor visita muitos países pra atender a todas as crianças do mundo. Se pudesse mudar a única coisa no Brasil o que seria e por quê?

Papai Noel: Vou dar um pequeno exemplo: uma criança que me visitou pediu um humilde chinelo para a mãe dele. Era um menino de 8 anos, aproximadamente. O universo que me visita no shopping Leblon  é a classe no mínimo B, talvez até A e um menino, de repente, me pede um chinelo para a mamãe. Eu mudaria no Brasil a  desigualdade social. 

Lu: Qual é a melhor parte de ser Papai Noel? 

Papai Noel: Tudo, principalmente o carinho das crianças. 

Lu: Existe um lado ruim também? qual? 

Papai Noel: Não  existe nenhum lado ruim.

Lu: O que mais gostaria de ganhar de presente de Natal? 

Papai Noel: Cada sorriso de criança. Essa é a satisfação plena de dever cumprido. 

Lu: Algumas pessoas acham que Papai Noel não existe. O que acha disso e o que gostaria de dizer a essas pessoas? 

Papai Noel: Em primeiro lugar nós precisamos lidar com o imaginário das crianças e com o nosso também. Acreditem em mim. Acreditem na magia. Enquanto continuarem acreditando, continuarei existindo. E sejam solidários. Eu sempre procuro  dizer que sou o verdadeiro Papai Noel para todas as crianças que me perguntam.  Os pais usam o Papai Noel para transmitir aos filhos um recado de carinho, de amor, de atenção. Eu tenho uma convicção que os presentes tem uma relação enorme com aquele primeiro presente que Jesus recebeu dos magos. Os presentes significam que a criança é muito importante, que a criança tem um destino promissor a cumprir e que terá sucesso na vida. É nesse espírito que sempre dei e continuo dando presente pra elas, sempre partindo dessa perspectiva. 

Lu: Uma frase 

Papai Noel: Quem não ama ao seu próximo a quem vê, não pode amar a Deus a quem não vê. 

Lu: Uma música que o faz sorrir

Papai Noel: É Natal, da dona Ivone Lara. É um samba maravilhoso.

“É bonito e comovente
Sem ninguém pra comandar
O maior presente
É fazer esse povo amar…”

Lu: Um lugar 

Papai Noel: Onde eu estou.

Lu: Por fim, qual mensagem o senhor gostaria de deixar para todas as crianças do Brasil? E qual mensagem gostaria de deixar para os adultos?

Papai Noel: Para as crianças:  não se preocupem, façam arte, brinquem, sejam absolutamente autênticas e façam tudo com naturalidade porque os adultos irão querer podar vocês de qualquer forma, sendo boazinhas ou não. Então façam o que “dá na telha” de vocês”. E adultos, por favor, deixem as crianças fazerem o que “dá na telha” delas porque elas vão nessa brincadeira educar vocês a serem bons pais. 

Lu: Obrigada, Papai Noel. Tenho que dizer que realizar essa entrevista com o senhor foi muito emocionante pra mim. Sem dúvida, esse é o meu melhor presente de Natal. Um beijo super carinhoso e um lindo Natal. Continue levando alegria e magia para as crianças e os adultos que também acreditam no senhor. 

Papai Noel: Que coisa linda de se ouvir, Lu. O prazer foi todo meu. Um beijo e feliz Natal pra você, essa princesa linda e toda a sua família e amigos hohohoho.

Galeria:

 

Nota: Eu tenho a sorte de acreditar  no “Papai Noel” desde pequena e desde  que me tornei repórter, queria  realizar uma entrevista com essa figura tão presente no meu imaginário e em todos os natais da minha vida. Fiquei tão comovida com essa pauta que foi passando um filme na  cabeça.  Lembrei muito de “voinha” que tanto incentivava essa magia na nossa família e acreditou no bom velhinho até o último minuto de vida. Envolvida nessa atmosfera de encantamento e saudade, fui elaborando as perguntas de forma natural. E antes que alguém me pergunte: sim, eu ainda acredito em Papai Noel até hoje e pretendo continuar acreditando. Então, desejo do fundo do meu coração que você também acredite, independente da idade. Vivemos em um mundo tão louco, tão violento. Estamos sempre em uma correria tão grande  que um pouco de magia não faz mal a ninguém. Ao contrário, alimenta a alma e traz força para seguir em frente. Da minha infância para cá, vários natais já se passaram e hoje, além de ganhar presentes do bom velhinho, também tenho a oportunidade de me tornar Noel, mesmo sem barbas longas ou gorrinho.

Eu gostaria muito que todos tivessem condições de incentivar isso em suas casas, independente de terem crianças ou não. Mas infelizmente, sei que a realidade do nosso país não permite e seria utopia pensar o contrário. Então, meu desejo para esse Natal é que a magia invada o maior número de lares possível. E que o espírito natalino desperte nas pessoas a vontade de cuidar melhor do nosso planeta,  e  faça renascer o espírito de doação.  Desejo ainda que ele acenda a chama do respeito e da empatia, tão esquecidos hoje em dia. Que nossos corações se encham de esperança e amor.

Um feliz Natal e um lindo ano para todos nós. Luz!

Aproveitando a oportunidade para agradecer ao nosso querido amigo Papai Noel Gaúcho que nos recebe tão bem todos os anos no shopping Leblon, no Rio de Janeiro, e topou essa entrevista com tanto carinho. A Letícia e a  Escola de Papai Noel por ter autorizado a pauta. A minha meNINA  que com um simples sorriso, diariamente, renova todo amor e magia que existe dentro de mim.  Essa matéria, sem dúvidas,  é dedicada ao  sexteto  que faz  meu coração transbordar de amor: Nina, Lalá, Lipe, Bella, Juju e Ton.