Mouhamed Harfouch

Mouhamed Harfouch

Nosso entrevistado de hoje é o ator  Mouhamed Harfouch que está em cartaz no Theatro Net Rio, em Copacabana, vivendo o Jerry do musical ” Ou Tudo Ou Nada”. Confira entrevista exclusiva onde o ator fala sobre a carreira, o musical e a paternidade. Leia na íntegra: 

DMJ: Mouhamed, Como funciona a abordagem do homem contemporâneo tendo que se reinventar?

Mouhamed: Funciona de maneira verdadeira. Vivemos num momento adverso de crise, medo, insegurança no amanhã. Um paralelo interessante com um filme de 1997 que é o mote desse musical. Isso só mostra o quanto essas ondas são cíclicas e o quanto esse filme é mais atual ainda hoje do que na década de 90. Hoje vemos a figura do homem em crise. Esse papel do macho alfa caiu. O homem está tendo que se reinventar também. Estamos passando por um momento de mudança. Que bom! Tratamos em cena de encarar esses dramas verdadeiramente, sem diminuí-los a meras piadas. Esse é o trunfo dessa montagem, acredito. Quanto mais sinceros somos na vivência desses conflitos, mais engraçado se torna. E mais a plateia embarca.

DMJ: Você está em cartaz no Theatro Net Rio com o espetáculo “Ou Tudo ou Nada”. Do que fala o texto?

Mouhamed: O musical fala de superação. Fala de dar a volta por cima. Mostra um coletivo, cada qual com sua crise particular, que passa pela situação econômica dos homens dessa cidade e pelas crises pessoais de cada um deles. É um espetáculo demasiado humano e cômico. De  grande empatia, porque nos reconhecemos nos dramas risíveis de cada um deles.  

DMJ: Conte-nos um pouco sobre o Jerry.

Mouhamed: O Jerry é um personagem delicioso. Um cara errado, torto, imaturo, orgulhoso e machão, mas que vai através do amor pelo seu filho conquistar a redenção e recuperar a autoestima. Ele está perto de perder a guarda do filho por falta de pagamento de pensão, está desempregado e revoltado. Sua vida é uma ladeira que só desce, muito pelo orgulho também. A ameaça da perda do filho, é a sua ponte de salvação. O amor pelo filho vai fazer com que ele comece sua pequena revolução.

DMJ: O que você acha que o público vai levar desse espetáculo?

Mouhamed: Vai levar muitas risadas com doses de emoção. E também presenciar que somos capazes sim, de superar um crise, qualquer crise, basta uma dose de perseverança, humor e uma pitada de loucura! (risos)  Somos capazes de grandes proezas, só precisamos de coragem.

DMJ: Ser ator sempre foi o seu desejo ou você tinha outros planos?

Mouhamed: Sempre quis ser ator. Desde de que me entendo por gente, gostava de brincar de atuar, nasci com isso. Já brincava de teatro com minhas primas sem nem saber que aquilo era teatro. Nunca tinha ido a um. Minha tia então me matriculou num curso e aí….descobri algo que amo fazer. Passei por muitas coisas, custei a ganhar algum dinheiro com profissão e cheguei a duvidar se teria chance. Por isso quis ter um plano B e cursei a faculdade de Direto. Uma experiência maravilhosa, mas quando me formei e tirei a OAB, me dei 2 anos para tentar viver do que amo. E não me arrependi.

DMJ: Existe algum papel que você gostaria de interpretar?

Mouhamed: Todo e qualquer papel que me desafie. Gosto de contar histórias.

DMJ: Como foi pra você retratar um pouco da origem do seu pai na TV?

Mouhamed: Foi muito bom poder falar na TV sobre a minha cultura e de certa forma a origem do meu pai. Não só do meu pai, mas de muitos que como ele, vieram tentar a sorte num país distante, lutando contra toda sorte de adversidades para sobreviver. Meu pai chegou ao Brasil sem ler, escrever, e sem dinheiro. Teve que se virar para crescer e prosperar num país acolhedor como o Brasil. Vendeu limão, bijuteria, dormiu na rua.  Mas venceu, formou uma família e criou 3 filhos.  É uma bonita história de superação, assim como muitos que conheço. Tenho orgulho de todos.

DMJ: Como foi interpretar um personagem tão divertido e ao mesmo tempo tão polêmico em “Cordel Encantado”?

Mouhamed: Cordel Encantado foi um presente em minha vida. Antes de mais nada, pelo prazer que é trabalhar e dizer um texto como o da Thelma Guedes e Duca Rachid. Sou fã dessas meninas, guardo ambas no coração. Elas me deram uma oportunidade linda e divertida, dentro de uma novela que foi um primor, um dos maiores sucessos recentes do horário. Sinto o carinho do público até hoje por esta novela e pelo Farid, Tufik, Said…era hilário. Foi um trabalho que me deu enorme alegria e me abriu portas. Só tenho a agradecer!

DMJ: Quais são os projetos para este ano de 2016?

Mouhamed: Levar este musical adiante, circular por outras cidades. É um espetáculo lindo que tenho imensa alegria em fazer. Um baita desafio também. Tenho um monólogo que escrevi com outro autor e que quero mantê-lo em breve. No teatro será meu próximo desafio. A direção será do Amir Haddad, estou em fase de captação. Captando no meio de uma crise, tal qual o Jerry, vou ter que me reinventar (risos)

DMJ: Quando começou a cantar profissionalmente?

Mouhamed: Ontem…(risos) Nunca tinha cantado profissionalmente. Cantar é um ato de autoconfiança. De estudo e claro, ouvido. Este espetáculo é minha estreia. Estou me descobrindo cantor e estou adorando. É muito difícil, mas tenho ao meu lado companheiros valorosos e feras que estão me ensinando muito. Olho atentamente a todos e  tento aprender também com cada um deles. Está sendo um experiência muito rica e de certa forma,  estou me redescobrindo como um artista com outras possibilidades. Me sinto uma criança. Não posso deixar de agradecer ao Tadeu Aguiar,  nosso diretor e ao Eduardo Bakr pela confiança e por não me deixarem em nenhum momento duvidar de que seria possível! Agradecer também a Mirna Rubim e Karla Boechat, minhas professoras de canto! E a todo esse elenco incrível!

DMJ: Qual  é a sua maior fonte de inspiração?

Mouhamed: Alguns atores me inspiram  pelo talento e conduta. Pela verdade com que conseguem dizer qualquer texto e pela brilhante carreira que construíram: Fernanda Montenegro, Drica Moraes, Antonio Fagundes, Tony Ramos, Osmar Prado… Das gerações mais novas, Wagner Moura, Mateus Solano, Selton Mello, João Miguel, Alexandre Nero…só estou citando alguns. Tem um monte! Sempre que vejo um bom ator fazendo um bom trabalho me inspira. Me faz pensar, tá aí: Vale a pena seguir!

DMJ: O que a paternidade mudou na sua vida e como é a sua relação com a Ana Flor?

Mouhamed: A paternidade me trouxe um amor que não cabe em mim, algo que só a paternidade traz. Uma descoberta de um sentimento que só cresce, uma alegria imensa. E um desafio também. Educar não é brincadeira, mas é fascinante. Minha relação com minha filha é de uma cumplicidade maravilhosa. Um ser tão pequeno, uma menina e tão parecida comigo: Temperamento, afinidades, gostos, humor…é muito engraçado você se revisitar num ser tão pequeno. Enfim, pai babão!

DMJ: Uma frase

Mouhamed: Você pode sobreviver, mas sobrevivência não é vida. Opte pelo que faz o seu coração vibrar. Opte pelo que gostaria de fazer, apesar de todas as consequências. (Osho)

DMJ: Um Lugar:

Mouhamed: Qualquer um ao lado dos que amamos

DMJ: Uma música:

Mouhamed: Samba da Bênção (Vinícius de Morais)

“É melhor ser alegre que ser triste

Alegria é a melhor coisa que existe

É assim como a luz no coração…”

Galeria:

DMJ: Obrigada, Mouhamed! Prazer enorme tê-lo aqui no nosso cantinho! Sucesso!!!

Leia também entrevista com o diretor do espetáculo Tadeu Aguiar (clique AQUI e confira), com o ator Sergio Menezes, que  vive o personagem “Jegue” no musical (clique AQUI e confira),  com a atriz Sylvia Massari (clique AQUI) e com o diretor Tadeu Aguiar (clique AQUI).

 

 

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

2 Comments

  1. Avatar
    Cadu
    19 de janeiro de 2016 at 21:21 Reply

    Eu gostei muito desse musical e estou adorando as entrevistas com os atores

  2. Avatar
    Duda Freitas
    19 de janeiro de 2016 at 21:24 Reply

    Gosto muito desse ator. Adorei o papel dele em Cordel Encantado!

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