Miá Mello

Dona de uma gargalhada contagiante, a personagem “Alegria”, que dublou na versão brasileira da animação “Divertidamente”, não poderia ser mais adequada.  Miá Mello está em cartaz no Rio de Janeiro, no Teatro das Artes, com o espetáculo “Meu Passado Me Condena”, ao lado do amigo Fábio Porchat. E foi no camarim, entre duas sessões, que a atriz nos recebeu com todo entusiasmo e bom humor. Confira nosso bate-papo:

DMJ: Por que Miá?

Miá: Eu nasci Marília, mas desde bebê sou Miá. Minha irmã colocou o apelido quando cheguei da maternidade. 

DMJ: Miá, Você está em cartaz com o espetáculo “Meu Passado Me Condena” no Rio de Janeiro, que já foi sucesso como série e como filme. Como surgiu a ideia de levar o texto para o teatro?

Miá: A gente passou 21 dias enclausurados dentro do navio para gravar o filme. Então a gente pensou: “Já que conseguimos ficar esse tempo todo no navio sem brigar, então já podemos fazer uma peça de teatro e dividir coxia felizes” rsrs. Aí a gente começou a estudar a ideia de fazer a peça. Jamais iremos  fazer uma coisa apenas comercial, ou porque dá dinheiro. Temos o mesmo objetivo, por isso a gente combina tanto. Sempre queremos fazer algo legal, que as pessoas gostem e que a gente também goste de fazer. Eu acho que é por isso que a gente se dá tão bem.

DMJ: Como você define o espetáculo?

Miá: Eu acho que é uma catarse de riso rs. Uma vez a gente contou, tem um riso a cada 12 segundos, do começo da peça até o final. Então é uma loucura, né? Em relação a história, não é uma remontagem, uma releitura do filme ou mesmo do programa de TV. Trata-se da noite de núpcias do casal e o que a gente faz é falar de relacionamento. O publico vai se identificando com a história e essa identificação gera a comicidade.

DMJ: Como funciona a parceria com Porchat?

Miá: A gente brinca que foi paixão profissional  à primeira vista, a gente se dá muito bem desde o comecinho.  A gente gosta muito de trabalhar um com o outro e isso para o teatro é fundamental, porque dividir coxia não é fácil,né?

DMJ: Qual situação mais engraçada que  viveram atuando juntos?

Miá: Durante a peça a gente sai pouco de cena. Na verdade cada um só sai uma única vez.  Ele sai antes de mim e vai pra um banheirinho, onde a gente deixa sempre papel e caneta pra anotar coisas da peça, coisas que a gente precisa melhorar e etc. E ele sempre usa pra colocar coisas que ele sabe que eu vou dar risada. Dia desses ele fez um desenho do meu dente, que ele diz que é separado, mas não é rsrs. Eu tive que terminar a peça de costas porque eu não conseguia parar de rir e foi desesperador, porque era uma cena que eles estavam brigando e eu não conseguia parar de rir! Meu sonho era sair de cena antes dele! rsrs

DMJ: Com quais sensações espera que o público saia do espetáculo?

Miá: Com dor na barriga de tanto rir rs. Eu acho super interessante essa coisa do riso, do entretenimento, da diversão. Mas eu acho muito bacana a identificação, quando a pessoa fala “Pô,  quando você casa com a pessoa é assim que acontece”. O humor, nada mais é  do que você colocar uma lente de aumento na realidade, no cotidiano. Então, é tudo aumentado e a gente gosta de gerar essa reflexão sobre o relacionamento. No começo é bacana as descobertas, você vai conhecendo a pessoa. Ninguém fala no primeiro encontro, por exemplo, se fez  plástica ou não rs. Aí o cara vai vendo suas fotos e percebe que você era totalmente diferente rs. Eu acho  muito interessante que essa coisa de você trazer essas situações para o palco e mostrar como elas se desenrolam.

DMJ: Vocês foram para Portugal gravar o filme. Gostou de lá?

Miá: Muito!!! Eu esperava que fosse gostar de lá, mas não imaginei que fosse tanto. Adorei a comida, as pessoas, os lugares… foi uma experiência maravilhosa!! E Eles têm um carinho, um respeito muito grande pelos brasileiros.

DMJ: Como foi a história da dublê de cavalo que vocês contrataram? rs

Miá: A gente fez uma cena que eu tinha que cair do cavalo e aí contrataram uma dublê. Só que em Portugal as coisas são literais demais e a dublê sabia cair do cavalo, mas não sabia andar a cavalo. Parece piada, né? mas aconteceu mesmo rs. Então ela começou a tentar andar a cavalo, mas não conseguia e o animal começou a ficar bravo. Todo mundo começou a ficar desesperado porque a única dublê que caia e  sabia andar a cavalo estava na Espanha e se fossemos esperar que voltasse, iria atrasar set, seria um transtorno! Eu até estou acostumada a andar a cavalo, mas em Pangaré. Pra a cena era aquele cavalo altíssimo, era uma descida, tinha pedrinhas no caminho, ou seja, tudo errado rsrs. Mas eu pensei “Vamos fazer esse negócio dar certo”. Subi no cavalo morrendo de medo, mas no final realmente deu tudo certo. Conversei com o cavalo, pedi ajuda pra ele rs. Soltei a rédea e ele deu uns quatro galopes. Daí conseguimos montar a cena. Só tenho a agradecer ao cavalo, ele foi muito bonzinho comigo rsrs

DMJ: Você sempre gostou de fazer imitações? rsrs

Miá: Eu sempre gostei de imitar sim! Na agência de publicidade onde trabalhei, imitava os colegas, imitava bichos, gato, galo… sempre gostei de bichos!

DMJ: Você é Publicitária, né? Quando decidiu que queria ser atriz?

Miá: Sou, trabalhei uns cinco anos na área. Quando resolvi ser atriz, voltei a estudar, mas continuei trabalhando como freela, enquanto ainda não conseguia me sustentar como atriz. Foi o meio que encontrei para conseguir levar o meu sonho adiante.

DMJ: Você começou a carreira nos Deznecessários, né? 

Miá: Isso! Eu recebi o convite quando estava acabando o último ano de teatro e foi uma baita escola! Eles só faziam coisas autorais e eu tive que escrever o meu próprio texto. Eles são todos maravilhosos! 

DMJ: Quais lembranças guarda dos Legendários?

Miá: Ah eu tenho muito orgulho. E o Mion me dava muita liberdade pra criar, aprendi muito com ele e com o Programa. A Teena.  era uma personagem que o público adorava e eu tive uma despedida linda. Me senti lisonjeada

DMJ: Como foi parar no Casseta e Planeta?

Miá: Recebi um telefonema do Helio de la Peña e fiquei eufórica. Quando me vi sentada com eles em uma mesa, fazendo parte daquilo tudo fiquei extremamente feliz porque estava tendo a oportunidade de trabalhar com artistas maravilhosos, que eu já admirava.

DMJ: Como escolheram a sua voz pra dublar a “Alegria” de Divertidamente? Gostou de atuar no projeto?

Miá: Adorei!!! É um filme tocante. Praticamente emprestei a minha voz pra ela porque eu falo rápido, rindo muito rs. Acho que casou bem e eu adorei fazer.

DMJ: A Nina gostou do filme? Como foi a emoção de levá-la na estreia?

 Miá: Ah eu estava bem nervosa na estreia, foi a minha primeira experiência como dubladora e estava indo assistir com a minha filha.. Mas a  Nina curtiu muito o filme!

DMJ: Qual limite do humor?

Miá: Humilhar as pessoas. Isso não dá pra aceitar de jeito nenhum!

DMJ: O politicamente correto limita bastante também,né?

Miá: Muito! Acho que essa é a nossa maior censura. Eu fico lembrando de programas mais antigos, como o TV Pirata por exemplo, que foi sensacional. Hoje seria uma dificuldade para grava-lo, com certeza muitos textos teriam que ser adaptados.

DMJ: O que seria se não fosse atriz?

Miá: Jornalista. Acho super interessante porque tem todo um trabalho de pesquisa por trás, tem que ir em busca da fonte… acho sensacional!

DMJ: Quais cuidados costuma ter com a saúde e com a alimentação?

Miá: Não como carne e frango, assisti a um documentário e fiquei muito impactada. Adoro frutas e legumes, sou aquela pessoa que come feliz um prato de salada. Não curto chocolate e não bebo refrigerantes.

DMJ: Como foi a experiência de participar do Superchef? (quadro do programa da Ana Maria Braga)

Miá: Foi ótimo! Eu não sabia nem fritar ovo e agora faço até massas, recebo os amigos pra jantar. O Programa foi um divisor de águas na minha vida! rsrs

DMJ: Qual é a importância da família na sua vida?

Miá: Família é tudo! É muito sorte nascer em uma família legal e eu tenho essa sorte! Meus pais são os meus pilares e as minhas irmãs são incríveis. Sinto muita falta da época em que morávamos todos na mesma cidade.

DMJ: Uma mania: Fazer listas.

Miá: Eu faço listas de tudo.

DMJ: Um sonho:

Miá: Igualdade entre os gêneros.

DMJ: Pra completar, o que aconteceu no passado que você condena? Rsrs

Miá: Não há quem viveu nos anos 80 e que não tenha nada no passado que condene,né? rsrs Aquele cabelo com a franja curta que a mãe cortava… rs. Mas uma coisa que condeno muitooooo,  aconteceu quando eu tinha uns 14, 15 anos e fui fazer intercâmbio na Califórnia. Quando sai daqui era uma Patricinha, bem arrumadinha e quando voltei, era uma surfista, com aquelas calças largas, a barra da calcinha aparecendo e o cabelo colorido. Minha família levou um susto quando me viu! Eu vejo fotos e não acredito que fiz aquilo rsrs

DMJ: E se a sua filha resolver fazer isso? rsrs

Miá:  Meu Deus, eu fico louca!!!! rsrsrs Que ela nunca pinte o cabelo rsrsrs

DMJ:  Miá,  muito obrigada! Muitas coisas lindas sempre na sua vida e mais e mais sucesso. Beijo de luz!

Miá: Magina, Lu. Eu que agradeço. Estou adorando que vocês estão aqui com a gente  hoje.

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