Ele sempre gostou de arte e acabou encantando-se pelo teatro. Está no ar como o protagonista Neto, na nova temporada de “Show da História” do canal Futura e aguarda ansiosamente a estreia do longa “Minha Fama de Mau” que contará a trajetória de Erasmo Carlos no cinema. É com o ator Felipe Frazão que conversamos agora.
SNJ: Felipe, você sempre quis ser ator? Como tudo começou?
Felipe: Não, nem sempre eu quis ser ator. Eu queria ser cantor quando eu era criança e aprendi violão antes de começar a fazer teatro. Eu sentia que ia ser com arte, mas o teatro me pegou de surpresa. Nada planejado.
SNJ: O que mais o atrai no processo de construção de um personagem?
Felipe: Não sei se é sempre a mesma atração, o mesmo tipo de atração. No geral eu me atraio muito pela contracena, e por fazer parte de uma contação de história. Mas cada personagem é um personagem, o objeto de atração se modifica, se desloca também.
O programa fala da nossa História, mas de um jeito diferente, porque ressignifica alguns pontos que ficaram suspensos na maneira como a História nos foi contada. Acho que coloca uns pingos nos ‘is’ na medida em que pontua os movimentos de resistência, nossa história sangrenta e de muitíssima exploração. O Brasil é muito doido, não dá pra ser contado apenas por um olhar.
SNJ: Você está no ar como o protagonista Neto, na nova temporada de “Show da História” do canal Futura. Como está sendo a experiência?
Felipe: Gravamos toda a segunda temporada no ano passado. Nós fizemos num curtíssimo período de tempo, uma grande quantidade de material. Foi gratificante mesmo, porque isso só foi possível pela qualidade técnica e o engajamento da equipe, todo mundo queria estar ali porque acredita muito no programa, no seu potencial de transformação. E a gente já tinha estado junto outra vez, então foi massa. Esse tipo de produção é extremamente coletivo, é de natureza coletiva, conjunta. O programa fala da nossa História, mas de um jeito diferente, porque ressignifica alguns pontos que ficaram suspensos na maneira como a História nos foi contada. Acho que coloca uns pingos nos ‘is’ na medida em que pontua os movimentos de resistência, nossa história sangrenta e de muitíssima exploração. O Brasil é muito doido, não dá pra ser contado apenas por um olhar. E isso não é mérito do programa, nem uma descoberta nossa, é só consequência dessas revoluções que a gente tá vivendo. O Afrofuturismo, a revolução crespa, feminista. Então, nesse sentido, a experiência foi lindíssima, de muita descoberta, muito aprendizado e alegria. Alegria por participar disso e por ter gente tão talentosa por perto. Nessa temporada, por exemplo, tivemos participação do Eduardo Silva, como Chico Rei e do Claudio Jaborandy que fez o Marechal Rondon: não tem alegria maior! E também ganhamos uma diretora, a Olívia Pedroso, que dividiu com o Tom Hamburger.
Foi ótimo, privilégio. O Erasmo é um artista muito especial, admirado por todo amante da música brasileira, como eu. Não para de trabalhar, de produzir, lançou disco ano passado. Eu me emociono com isso, essa vontade que não cessa. No filme eu faço Arlênio, um amigo do Erasmo
SNJ: Como está sendo a expectativa para a estréia do longa “Minha Fama de Mau”?
Felipe: Grande! A gente fez esse filme há mais de três anos, então no meu caso a curiosidade é essa, me ver num trabalho de três anos atrás pela primeira vez.
SNJ: Como foi pra você ajudar a contar a história da trajetória de Erasmo Carlos no cinema?
Felipe: Foi ótimo, privilégio. O Erasmo é um artista muito especial, admirado por todo amante da música brasileira, como eu. Não para de trabalhar, de produzir, lançou disco ano passado. Eu me emociono com isso, essa vontade que não cessa. No filme eu faço Arlênio, um amigo do Erasmo (Chay) na adolescência, que junto com Trindade (João Vitor Silva) formou a primeira banda do Tremendão: The Snakes. Então é essa adolescência: a galera da Tijuca, da rua do Matoso, daquela época. Essa turma que, com certeza, sem a menor sombra de dúvida, foi uma molecada muito mais rock’n roll do que eu fui quando adolescente. E tem isso no roteiro.
SNJ: Quais são as lembranças que guarda do musical “Tieta do Agreste”?
Felipe: As melhores. Foi minha primeira peça profissional, fizemos duas temporadas e algumas viagens. Então eu vivi toda a glória de fazer um Jorge Amado, no TCA, em Salvador, pro filho de Jorge, por exemplo, e também presenciei todo o caos que um grande espetáculo, às vezes, produz. Mas o melhor de tudo foi ter começado com a Tânia Alves, a Maria do Carmo Soares, a Cleide Queiroz, o saudoso Milton Andrade, pra não dizer a lista toda. Eu tenho histórias com todos eles, e amizade com vários até hoje, então o que fica são essas lembranças, do processo de ensaios, das temporadas e viagens. Eu saindo das fraldas e vendo um monte de fera cantar, dançar e dizer aquelas palavras.
SNJ: Para você, o que mais contribui para a busca da originalidade em cena?
Felipe: Sinceramente eu não fico pensando muito nisso durante o trabalho, nem daria tempo, então não sei o que pode contribuir. Talvez não pensar em originalidade.
SNJ: Como você lida com as críticas?
Felipe: Lido bem. Nunca tive nenhum problema com isso.
SNJ: O que o deixa verdadeiramente emocionado?
Felipe: A melhor idade e a criança.
SNJ: Qual é o papel da religião em sua vida?
Felipe: Nenhum papel de peso, apesar de ter tido criação cristã kardecista. Hoje em dia eu trabalho minha espiritualidade em diversos lugares, sob diversas crenças.
SNJ: O que mais gosta de fazer com seu tempo livre?
Felipe: Eu adoro ficar sem fazer nada. Mas gosto também de tocar violão sozinho e ver gráficos e listas sem sentido na internet.
SNJ: Como você avalia a superficialidade das relações da era digital?
Felipe: Com extrema preocupação, atenção e cuidado. Não só cuidado com a superficialidade, mas sobretudo com o vício que esse tipo de relação pode causar. É fácil pirar.
SNJ: Como cuida do corpo e da mente?
Felipe: Eu malho todos os dias que posso. E esse ano quero criar o hábito da meditação.
SNJ: Uma mania
Felipe: Escutar música em todos os lugares que eu puder.
SNJ: Uma viagem inesquecível
Felipe: Acho que é sempre a última. Nesse caso pra mim foi pra Pernambuco, estado que acabei de visitar a trabalho, mas mesmo assim deu pra passear por Recife, Olinda, Bezerros, Arcoverde e Caruaru. O Brasil é lindo demais.
SNJ: Uma frase
Felipe: Tudo o que não invento é falso.
SNJ: Um lugar
Felipe: Minas Gerais.
SNJ: Um livro
Felipe: Por uma outra globalização, do Milton Santos.
SNJ: Um filme
Felipe: Eu quero falar de um filme brasileiro, então vou falar do RAINHA, media metragem da Sabrina Fidalgo, lindamente protagonizado pela Ana Flavia Cavalcanti.
SNJ: Uma a música
Felipe: Essa, com certeza, é a pergunta mais difícil da vida.
SNJ: Um sonho
Felipe: Ter um teatro, um espaço multiuso cultural. Eu sonho grande.
SNJ: Quais são os seus planos para 2019?
Felipe: Não sou tão planejado, gostaria de ser mais. Mas quero fazer muito teatro esse ano.
SNJ: Felipe Frazão por Felipe Frazão
Felipe: Acho que na verdade essa é a pergunta mais difícil, então pode ser Carta, do Tom Zé. A música.
2 Comments
Antônio Bivar
19 de fevereiro de 2019 at 10:06O grande Felipe Frazão me levou às lágrimas e aos aplausos incontidos ao me interpretar (melhor do que eu me interpretaria) no espetáculo “Próxima Parada”, sobre a amizade, carreira & on the road, de Bivar e José Vicente, no SESC Copacabana, 2016, direção de Cesar Augusto.
Fátima Alves
19 de fevereiro de 2019 at 10:07Me emocionei. Excelente!