NJ: Evelyn, quando decidiu que queria viver da arte? Como tudo começou?
Evelyn: Sempre fui muito desenvolta e comunicativa. Aos 13 anos participei de uma peça de teatro na escola e comecei a tomar gosto pela atuação. Aos 16 fiz um curso de formação de atores e consegui o meu registro profissional de atriz, mas só depois de concluir a faculdade é que pude me dedicar de forma mais séria à carreira de atriz e me focar 100%. Meus pais faziam questão que eu tivesse uma graduação que não fosse em Artes Cênicas para que eu tivesse uma segunda opção, um plano B, se a carreira artística não desse certo. Eu escolhi fazer Cinema e Vídeo na UFF. Acabei não fugindo muito da área e ser graduada em Cinema acabou me ajudando muito como atriz, pois me fez ver qual é a visão do diretor à respeito do ator, como o artista é visto pelos outros profissionais que envolvem uma produção, o curso me fez olhar as coisas de outra perspectiva. Depois de formada na faculdade fui ser repórter e apresentadora de um programa local, na minha cidade natal, Niterói – RJ, e só 3 anos depois de formada, aos 27 anos (me formei com 24) é que tive a minha primeira oportunidade profissional, de gravar como atriz de televisão, na série de humor “Open Bar”, do Multishow (Globosat). Gravei em um determinado ano e a série foi ao ar só no ano seguinte. Dei vida a uma jornalista de celebridades.
NJ: Seu trabalho mais recente na TV foi a babá Zuleika em “Salve-se Quem Puder”, da Rede Globo. A personagem irá voltar na 2ª temporada da novela?
Evelyn: Muita gente me faz essa pergunta, quase que diariamente recebo directs no Instagram me perguntando isso. Queria muito poder te responder isso, mas não tenho como saber. Isto depende muito do autor, o Daniel Ortiz, mas como novela é uma obra aberta, tudo pode acontecer. A aceitação e o retorno de público que tive com a personagem, foi excelente! Por eles acho que a babá Zuleika voltaria sim e é claro que eu também adoraria estar novamente na novela. Mas, independente de qualquer coisa, já sou muito grata pela oportunidade. Fazer a Zuleika foi um presente! Tenho um enorme carinho pela personagem!
NJ: A Zuleika sofreu um bocado na mão dos “anjinhos” Mosquito e Queen. Como costuma ser o seu relacionamento com as crianças?
Evelyn: Falo sempre com o Ygor Marçal que faz o Mosquito e a mãe dele pelo Whatsapp, telefone e Instagram. Até fiz uma Live com o Ygor e a irmã dele, Fernanda, outro dia. Ficamos bem amigos! a Alice Palmar que faz a Queen também é uma querida, estou sempre em contato com a mãe dela por telefone e já estamos programando coisas legais para depois da pandemia, quando pudermos nos encontrar pessoalmente. Adoro as crianças! é muito legal contracenar com elas no set! o clima é leve e descontraído.
NJ: Se tivesse que escolher uma “hashtag” para a personagem, qual seria e por qual motivo?
Evelyn: Essa pergunta tive que recorrer aos meus fãs e amigos para me ajudarem a responder. E a maioria deles sugeriu a hashtag #voltazuleika, já que a personagem caiu no gosto do público, chegou a virar meme, figurinha de celular e teve mais de 1 milhão de compartilhamentos, em apenas 72 horas, em um famoso aplicativo de mensagens. O público abraçou a personagem, não teve jeito, o que me deixou muito feliz, pois foi algo espontâneo. Conforme mencionei anteriormente, todo dia recebo mensagens pedindo a volta dela.
NJ: Sua primeira novela foi “Escrava Mãe”. Como avalia essa estreia?
Evelyn: Sempre quis trabalhar na televisão e fazer novela. Me lembro que gravei em 2015 e a novela atrasou para ser lançada, quando teve a estreia, só no ano seguinte, a novela já estava quase toda finalizada. Então gravei em 2015 e a novela só foi ao ar em 2016. Esperei quase 1 ano para me ver na telinha. Imagina a minha ansiedade! quando finalmente foi ao ar e eu me vi na TV foi maravilhoso! foi uma sensação incrível! Um sonho realizado! Foi esse primeiro trabalho na TV aberta, em uma novela, que me “colocou no mapa”. E comecei a ver um crescimento profissional mais expressivo a partir de então. É um passo a passo. Sem dúvida nenhuma foi uma grande realização.
NJ: Em 2016, você participou de “Rocky Story”, na Rede Globo. Quais são as lembranças que guarda desse trabalho e qual é a importância dele na sua carreira?
Evelyn: “Rock Story” foi a minha primeira novela na Rede Globo, minha estréia na emissora. Foi muito marcante para mim. Não querendo diminuir qualquer outro canal, todo trabalho é válido e especial, mas para um ator estar com o rosto na telinha da Globo ainda é muito significante. As pessoas te vêem de outra forma, é como se você ganhasse um selo de qualidade depois de aparecer ali. Muita coisa mudou. Acho que o trabalho ganha mais respeito, reconhecimento e um olhar diferenciado das pessoas.
NJ: Que tipo de concessão não faria por nenhum papel?
Evelyn: Nunca pensei nisso, boa pergunta! Sou muito aberta e até hoje nunca me deparei com um pedido de mudança física, por exemplo, ou pedido profissional da direção ou da produção de uma determinada obra que eu visse como um incômodo ou problema. Não encaro como um empecilho, por exemplo, um pedido para mudar a cor do cabelo ou ter que fazer uma cena onde tomo um banho de tinta, como fiz para “Escrava Mãe e “Salve-se Quem Puder”, respectivamente. Eu não tenho problema em mudar, pelo contrário, eu entendo perfeitamente essa necessidade da mudança física para uma determinada personagem e também entendo que certas cenas exige mais do ator. Quando sou convidada para gravar para algum produto, penso sempre em fazer o melhor trabalho possível e ter um retorno de público, é isso o que é importante e gratificante para mim enquanto atriz.
NJ: Como lida com a Internet e as coisas que publicam sobre você?
Evelyn: Eu lido bem. Entendo que a partir do momento que escolhi ser atriz e me tornar uma pessoa pública estou sujeita à opinião alheia. Tenho uma boa relação com a imprensa que sempre costuma ter muito respeito pelo meu trabalho. Quanto às críticas nas redes sociais, quando recebo alguma, eu leio e vejo se faz sentido. Se fizer eu penso à respeito, mas caso contrário ignoro ou apago para não ver mais. Não gosto de me contaminar com opiniões negativas.
NJ: Você também é dubladora. A dublagem brasileira costuma ser elogiada como uma das melhores do mundo. Qual é a sua avaliação sobre o assunto?
Evelyn: Eu, modéstia à parte, concordo com a sua afirmação. Tive como professora a Isis Koschdoski uma das maiores dubladoras do Brasil e do mundo. Me lembro, quando fazia aula com ela, que a Isis era e ainda é requisitadíssima para dublar os mas variados personagens em séries americanas, filmes de Hollywood, novelas mexicanas entre outros trabalhos incríveis. Ela faz a voz de grandes atrizes, em grandes produções. Além da Isis, que é uma verdadeira diva da dublagem, tive a oportunidade de assistir a outros excelentes profissionais gravando lá no estúdio e, sem dúvida nenhuma, o trabalho dos nossos dubladores é maravilhoso! Merecidamente os dubladores brasileiros são elogiados e reconhecidos no mundo todo. Temos muita gente boa!
NJ: Você é mais do mar, do ar ou da terra?
Evelyn: Não tenho medo de altura ou do mar, mas com certeza sou mais da terra. Adoro fazer trilhas, caminhar bastante à pé e bater perna por aí. Venho de um bairro, Icaraí, Niterói – RJ, onde as pessoas andam muito à pé. E aqui, na Zona Zul do Rio de Janeiro, onde moro atualmente, também não é diferente. Em condições normais (sem pandemia) adoro, por exemplo, caminhar no calçadão nos finais de semana admirando a paisagem carioca. Sou bem mais da terra, mas nada contra o ar e o mar (risos).
NJ: Como costuma cuidar da saúde do corpo e da mente?
Evelyn: Normalmente faço pilates e vou à academia. Como costumo ser agitada, praticar exercícios físicos também funciona como uma terapia para mim. Coloco energia para fora e enquanto estou me exercitando, principalmente fazendo esteira, fico pensando na vida e tomo várias decisões. Também gosto muito de caminhar no calçadão nos finais de semana, conforme já mencionei anteriormente. Respirar ar puro, sentir o vento, ver o mar, tudo isso é bem terapêutico para mim, me faz um bem enorme. O Pilates também é ótimo! já faço tem muitos anos. Lá encontro pessoas de várias faixas etárias e essa socialização, interação com pessoas de diferentes idades, é bem bacana, sempre tiramos um aprendizado dessa convivência, além de trabalharmos o corpo, claro! Nesse período de pandemia, estou me exercitando bem menos do que o normal, o que me deixou bem ansiosa no início, mas, como o ser humano se adapta a tudo, estou bem melhor agora. Já coloquei na minha mente que não temos controle sobre esse momento. E que os médicos e governantes é que são os responsáveis por essa retomada das nossas atividades externas e em segurança.
NJ: Como espectadora, qual foi a sua novela preferida e por qual motivo?
Evelyn: “Carrossel”, a versão original exibida pelo SBT nos anos 90. Era criança na época e essa novela foi bem marcante para mim. Mostrava as relações entre crianças em uma escola e com a professora Helena, personagem central da trama. Eu amava! Aprendíamos várias lições com a novela. “Carrossel” marcou muito as crianças da minha geração.
NJ: Se tivesse o dom de modificar uma única coisa no Brasil, o que seria e por quê?
Evelyn: Tem muitas coisas. Mas vou citar uma que cabe bem para esse momento. O autoritarismo de alguns dos nossos governantes. O autoritarismo representa um risco à democracia e não deve ser mais aceito pela nossa sociedade em pleno o século XXI.
NJ: Nas horas de folga, o que a distrai?
Evelyn: Ultimamente, com a quarentena, nesse período em casa, tenho visto muitos filmes, séries, reality shows, notícias, muita TV em geral. Também tenho lido bastante e ficado muito tempo vendo Lives no Instagram sobre conteúdos do meu interesse. Mas normalmente, se não estivéssemos vivendo esse momento, gosto de ir ao cinema, teatro, sair para jantar com o meu marido e com os amigos, comprar revistas na banca de jornal, tomar um café com minha mãe e com as amigas para conversarmos, muitas coisas. Sou bem sociável e gosto de estar rodeada de pessoas queridas.
NJ: Quais são as reflexões que tem feito nesse período de isolamento social e como está sendo a sua rotina?
Evelyn: Tenho refletido bastante sobre a correria desenfreada que costumava ser as nossas vidas e sobre algumas prioridades. Sempre valorizei a companhia das pessoas queridas e a presença da arte na minha vida, mas agora, nesse momento, percebemos claramente o quanto isso é importante. Tenho saído só para ir ao supermercado e à farmácia e trabalhado bastante de casa. Tenho respondido muitas entrevistas por escrito como esta que estou fazendo agora para vocês, participado como convidada de algumas lives e gravado vídeos com conteúdo diversos para perfis no Instagram que tem me solicitado. Sessões de fotos, gravações e eventos, que normalmente tenho bastante, estão suspensos devido à pandemia. Assim como a maioria das pessoas tenho usado a tecnologia e a Internet para me ajudar nesse momento, mas nada substitui o contato físico. Algumas coisas só dá para fazer presencialmente mesmo, aí temos que aguardar.
NJ: Uma frase:
Evelyn: A vida é uma roda gigante, uma vez em cima, outra vez embaixo, por isso nunca diminua ninguém.
NJ: Um sonho
Evelyn: Costumo dizer que não tenho sonhos, mas sim metas e objetivos e batalho todos os dias para que se tornem realidade. Muitos já se tornaram. Quando olho para trás e lembro como comecei nessa carreira, sem conhecer ninguém no meio artístico, vejo com orgulho a minha trajetória. Tenho muitos planos, mas prefiro não expor muito até que se concretizem, pois já fui prejudicada por falar coisas antes da hora. Mas são objetivos profissionais, coisas que almejo no meu trabalho e luto todos os dias por elas.
NJ: Um lugar:
Evelyn: Los Angeles, Califórnia.
NJ: Uma série:
Evelyn: Atualmente estou vendo “Hollywood”, na Netflix.
NJ: Uma viagem inesquecível:
Evelyn: Minha lua de mel que aconteceu em novembro e dezembro do ano passado. Fiz um cruzeiro pelo Leste da África e estive em países e lugares incríveis como, por exemplo, Seychelles, Ilhas Reunião, Ilhas Maurício, Madagascar, além de Joanesburgo, na África do Sul. Foi incrível!
NJ: Uma música que a faz sorrir:
Evelyn: Te Ver, do Skank.
NJ: O que é felicidade pra você?
Evelyn: Fazer o que ama, se amar e estar ao lado de pessoas queridas.
NJ: Considera-se uma pessoa religiosa? O que é a fé pra você?
Evelyn: Sim, me considero. Estudei em colégio católico a vida inteira, sou batizada, fiz primeira comunhão, me casei na igreja, acredito em Deus e tenho ele presente em toda a minha vida. Sei que muitas coisas que consegui na minha vida pessoal e também na minha carreira como atriz devo a ele. Tenho muita fé e acho que ela é fundamental na vida de qualquer ser humano. É por ter fé e acreditar que conseguirei alcançar os meus objetivos, que me levanto da cama todos os dias. A fé é o alimento da alma. Sem fé a gente definha. Nesse momento, por exemplo, com a pandemia, se não tivermos fé e acreditarmos que vamos encontrar uma solução no combate ao coronavírus, como, por exemplo, uma vacina, se a gente ficar só pensando que não tem jeito, em morte, trazendo pensamentos cada vez piores na nossa mente, a gente enlouquece. Temos que colocar nas mãos te Deus e acreditar, mais do que nunca. A fé move montanhas. Acredito muito nisso!
NJ: Evelyn Montesano por Evelyn Montesano, como você se descreve.
Evelyn: Uma pessoa focada, determinada que acredita que o NÃO é só uma etapa. Um pouco ansiosa, mas venho trabalhando isso na minha vida, já fui bem mais. Uma amiga fiel, verdadeira e sempre pronta para ajudar.
NJ: Antes de encerrar, você gostaria de abordar algum assunto, deixar alguma mensagem especial?
Evelyn: Primeiramente gostaria de agradecer ao site Nossa Janela pelo espaço para falar um pouco sobre mim e sobre o meu trabalho. Já li ótimas entrevistas aqui, gosto muito do conteúdo de vocês! também gostaria de aproveitar o espaço e avisar às pessoas para que não se cobrem muito nesse momento. Não se cobrem produtividade, não se cobrem ter que preencher todo o tempo sendo úteis e funcionais. Cada pessoa é diferente da outra e cada um está lidando com esse momento de uma forma diferente. Estamos vivendo algo inédito para todos nós, esse distanciamento social forçado mexe mesmo com todos nós, então está tudo bem também se você acordar triste um dia, não quiser fazer nada, se você se sentir ansioso. É normal! todos estamos nos sentindo assim de vez em quando. Agora se esse sentimento ruim persistir ligue para um amigo para “jogar conversa fora”, veja algo na TV que goste, busque a sua espiritualidade, faça algo que ache divertido e, se nada disso funcionar, se achar necessário, procure ajuda profissional. Tem muitos psicólogos fazendo consultas através da telemedicina. Mas já já isso vai passar! Muito obrigada a todos!
Galeria:
NJ: Evelyn, muito obrigada por participar da Nossa Janela. Beijo grande.
Evelyn: Espero que tenham gostado da entrevista e me sigam lá no Instagram @evelynmontesano.
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