Leonardo Miggiorin

Leonardo Miggiorin

Leonardo Miggiorin é daquelas pessoas que encanta desde o primeiro contato. Energia boa, sorriso fácil, o amigão que qualquer pessoa gostaria de ter. Focado e talentoso, seu papel mais recente na TV foi o Isaac de “Jezabel”, na Record TV, mas até hoje é lembrado por outros personagens marcantes, como o Shaolin de “Senhora do Destino”, da Rede Globo. Foi com muito entusiasmo e alegria que o ator, produtor, diretor e psicólogo abriu as portas de seu apartamento em São Paulo para receber a nossa equipe.

Lu: Leo, quando decidiu que queria viver da arte?

Leo: Foi muito cedo que comecei a ter contato com a arte. A minha mãe sempre deu aulas de violão e teclado e embora ela também seja professora de matemática, sempre me colocou em contato com a arte.  Ela é de Barbacena, então eles faziam serenatas e tenho uma tia que é cantora de trio elétrico e agita todo mundo. Essa mesma tia pintava e me ensinou a pintar. Então, comecei na música e depois pintando. Nessa época eu fazia capoeira e morava em um condomínio fechado da aeronáutica. Nesses condomínios sempre tinha aula de tudo para as crianças e adolescentes. E acho que a minha sorte foi ter tido contatos com diversas atividades até encontrar o que eu gostava mais. Eu fiz judô , capoeira, taekwondo, natação, vôlei, música, teatro. E quando vi, estava gostando realmente de fazer teatro. 

Lu: Em que momento o teatro virou profissão?

Leo: Eu comecei assim, muito cedo. Brincando, na verdade. Não sabia que era uma profissão nem que daria pra viver disso. Acho que muitas vezes, o jovem não faz ideia que aquilo que ele mais gosta de fazer, pode ser a profissão dele. Hoje eu dou palestras de orientação vocacional para adolescentes e essa escolha é um processo contínuo. Se esse processo é interrompido pode levar a um sofrimento da pessoa não se sentir realizada naquela profissão. A Psicologia está junto com a arte, com a música.  E nesse momento da minha vida, percebo que nada foi gratuito ou em vão. Tudo está se unificando.

Lu: Você é muito autocrítico?

Leo: Meu pai é militar, nunca se opôs a nada, mas sempre cobrou  de mim o melhor no que quer que fosse.  Então, eu cresci com uma exigência muito alta,  internalizei essa exigência e desenvolvi uma ambição que precisei frear porque percebi que estava deixando de viver momentos da minha vida em função da minha necessidade de trabalhar. Não sei se tem a ver com o signo, mas a minha realização pessoal está bem atrelada a minha realização profissional. Eu só estou bem equilibrado e feliz  quando também estou  trabalhando, também estou  produzindo alguma coisa. E começou a me angustiar bastante essa ideia do “ator que espera”, sabe? que espera alguém chamar, que espera o texto, que espera pra saber o que tem que fazer,  porque eu sempre quis me sentir muito produtivo. Então, nunca fiz só uma novela, por exemplo. Eu fazia uma novela, uma peça e uma faculdade de Psicologia ao mesmo tempo. Eu sempre fiz coisas muito juntas, era de trabalhar de manhã, de tarde e de noite. Dessa forma, comecei a desenvolver estafa,  crise de ansiedade. E comecei a me sentir sozinho no meio de tanta gente porque eu não estava tendo tempo para tomar meu café com leite, pra receber meus sobrinhos em casa. Hoje eu entendo que sou eu que priorizo o meu tempo,  se não você perde muitos momentos com sua família, com seus amigos. Eu perdi muitas festas de família, perdi coisas que tem muito valor e que pra mim  e são uma das coisas mais importantes da vida, pelo valor que a minha família tem pra mim. Meu pai, inclusive, é meu sócio na minha empresa. Outro dia eu disse a ele: “quem diria, coronel , que a gente iria ganhar dinheiro com teatro?” (risos). A vida  não é só o que você quer fazer, ela vai acontecendo e é o que você faz a partir disso. A vida também é como você lida com ela. Então, fui aprendendo a ser mais maleável e a aceitar algumas perdas. O dinheiro não é o fim, é o meio. Um meio para a gente estar junto e comemorar o seu aniversário, um meio pra você criar a sua filha bem, um meio pra ajudar alguém que está precisando, pra você se ajudar.  E eu estou entendendo que a carreira também é um meio, o meio onde me expresso. A carreira é um caminho, o que estou conseguindo fazer apesar do que a vida me apresenta e do que estou construindo. Então hoje, estou me tornando um produtor cultural, um diretor teatral. Sou professor, psicólogo. Sempre serei ator , mas o mundo está aí pra você criar. Eu sou um cara muito criativo, um cara das ideias, eu gosto de idealizar o projeto, de imaginar as coisas, de juntar as pessoas. A parte executiva não é muito o meu forte, não sou muito bom com datas, com horários. Inclusive, estou sempre dez minutinhos atrasado. Mas quando chego, já “chego chegando” (risos).

Penso que somos um canal de energia. Penso que às vezes você nem sabe como pode estar ajudando  ou machucando alguém, simplesmente com sua presença. 

Lu: Você disse que começou no teatro, mas qual foi o seu primeiro trabalho na TV?

Leo: Foi assim, comecei aos 12 anos no teatro como uma brincadeira. Aos 15, entrei pra um grupo de teatro profissionalizante e ganhei o meu primeiro prêmio de teatro, na escola. Fiz uma propaganda, fiquei conhecido em Curitiba, fiz um teste pra o programa da Angélica e passei. Fiz o “Flora Encantada”  por nove meses, eu morava em Curitiba e trabalhava na TV Globo, no Rio. Com 19 anos, fiz o “Presença de Anita”. Foi esse trabalho que me deu projeção nacional, abriu muitas portas e continua abrindo até hoje, sou muito grato, muito feliz por esse trabalho. Amo Manoel Carlos, amo a família dele. Acho que o lado mais bonito da minha profissão são as pessoas que encontro, as amizades que faço, os lugares que conheço. E é uma sensação nítida de muitas vidas em uma. É como se eu já tivesse vivido muitas vidas porque são falas que não são minhas e que eu falei. Tem pensamentos que não são meus, mas que externei. 

Lu: Você é espírita, Leo?

Leo: Sou espiritualista. Penso que somos um canal de energia. Penso que às vezes você nem sabe como pode estar ajudando  ou machucando alguém, simplesmente com sua presença.  Acho que a gente deve considerar a importância disso, ainda mais hoje, em um momento tão importante para a nossa evolução. Acho que o afeto  tem que ser  considerado e valorizado. Eu sempre quis liderar, mas não vou liderar pela rigidez, eu vou liderar pela criatividade e pelo afeto. Mas você também precisa do rigor para as coisas acontecerem. Então, é um equilíbrio, mas o afeto não pode deixar de existir. É se perguntar se você faz uma coisa porque gosta ou porque tem que fazer. Eu atuo porque eu gosto, porque me faz bem. Mas tenho certeza que nem tudo a gente controla e acho que tive nos últimos tempos um resgate da minha fé, resgate de quem eu sou e da minha identidade. A autoestima é muito importante para todos nós, assim como as questões de segurança, de acesso, de oportunidades. A gente também tem uma necessidade de estima e de autoestima que é o que leva a gente para a realização. E tudo isso precisa de equilíbrio porque a gente não faz nada só por nós. A gente faz pela nossa família, pelos nossos amigos, pelos outros. 

A linguagem é arte, a arte está em tudo. Tá na decoração dessa casa, tá no livro que você leu, na faculdade que você fez. A técnica e a arte estão juntas. Eu posso ter um viés técnico pra explicar alguma coisas,  mas a arte vai estar em algum lugar porque a arte é uma expressão humana.

Lu: Como você enxerga a desvalorização da cultura no nosso país?

Leo: Ser ator é muito desgastante, muito trabalhoso. E é triste ver a desvalorização da cultura, da sensibilidade, do fazer teatral. Eu acho que esse momento que a gente está vivendo é de desvalorização da sensibilidade humana, do que é sensível, sabe? um olhar é sensível, um sorriso é sensível. A sensibilidade toca, a gente nem precisa falar. Um abraço vale muito, emoção é coisa séria. O que é concreto é coisa séria, mas o que é subjetivo também é. As maiores decisões da nossa vida vem a partir de um pensamento que gera uma emoção e gera uma ação. Tudo tem valor, tem importância. A Nina que tem sorte, já está crescendo no meio da cultura, do teatro, da comunicação. 

Lu: Pra você, como artista, o que poderia ser feito para que a arte fosse mais valorizada no nosso país?

Leo: Eu acho que mesmo quem diz que teatro é coisa de vagabundo, que não merece tanta verba, ama arte e precisa da arte. Essa roupa que estou usando, é arte. A comida que a gente acabou de comer, é arte. A linguagem é arte, a arte está em tudo. Tá na decoração dessa casa, tá no livro que você leu, na faculdade que você fez. A técnica e a arte estão juntas. Eu posso ter um viés técnico pra explicar alguma coisas,  mas a arte vai estar em algum lugar porque a arte é uma expressão humana. Eu acho que o que precisa é a gente evoluir enquanto sociedade e perceber que tudo gera economia, tudo gera riqueza e tudo pode gerar realização, satisfação. Acho que é uma questão de educação, de pensamento, da gente entender que o entretenimento é uma das maiores indústrias que geram riqueza, que geram empregos, identidade. A gente gosta de dança, de teatro, de alegria, de música, de ir ao cinema. E a arte tem o poder de mudar os sentimentos e a vida da pessoa. A gente precisa entender que tem espaço pra tudo e pra todos, que cada um tem seu lugar, seu espaço, que a gente precisa equilibrar as coisas, dar valor a todo mundo. Eu sou um cara que busca a liderança agregadora, que não seja excludente. 

Acho que nesse momento, a gente precisa falar mais em empatia porque não importa quem vai liderar, importa se o nosso país vai receber o que precisa. E isso é pra todos. A liderança é pra todos. Eu vou sempre priorizar a ética, o respeito nas relações e junto com isso,  vou buscar o melhor. Torço por um país melhor e  nós merecemos dias melhores. Mais saúde, mais educação, mais cultura e uma melhor distribuição de renda. 

Lu: Como você analisa a era digital?

Leo: Acho que a internet dá voz a todos, não é o novo momento que  a gente vive. Todo mundo pode dar opinião e é legitimo, é justo que todo mundo possa ter voz. Mas a gente tem que saber que uma coisa é dar opinião e outra é pensar no que vai falar, em quem vai atingir. São coisas que estão atreladas mas que exigem um movimento do ser humano. Uma coisa é eu dar opinião com empatia e outra coisa é eu dar opinião sem empatia. Acho que nesse momento, a gente precisa falar mais em empatia porque não importa quem vai liderar, importa se o nosso país vai receber o que precisa. E isso é pra todos. A liderança é pra todos. Eu vou sempre priorizar a ética, o respeito nas relações e junto com isso,  vou buscar o melhor. Torço por um país melhor e  nós merecemos dias melhores. Mais saúde, mais educação, mais cultura e uma melhor distribuição de renda. 

Eu tenho a minha formação católica, sou batizado na católica, mas acho que toda expressão da espiritualidade é anterior aos dogmas. A espiritualidade é uma experiência humana de conexão com o sagrado e isso está além do formato que deram nas religiões.

Lu: Passar a dirigir, de alguma forma, modificou a sua visão como ator?

Leo: Sim. Já estive no lugar do ator esperando algo e já estive no lugar do diretor cobrando alguma coisa. E também já estive no lugar do ator que propõe. É o mesmo ambiente, o mesmo universo, mas a forma de interagir é diferente. Já fui contra regra, já fui iluminador, já fui assistente de direção e sempre me dediquei em todas as funções, todas eram como se eu fosse o primeiro ator da companhia. E fazia tudo com muito gosto porque faz parte, alguém precisa fazer e naquele momento era eu que fazia aquilo. Já fiz cenário, já fiz figurino, maquiagem, já escrevi… já fiz tudo que você pode imaginar no universo do teatro e acho que isso tudo ampliou a minha consciência. Conhecer todas as etapas, ver tudo tomando forma, sentir as angustias. Inclusive, o diretor nunca é só diretor, ele é um pouco psicólogo também. O professor nunca vai ser somente professor, ele é um pouco pai, um pouco terapeuta. E tem demandas que são afetivas, demandas que são emocionais. Emoção é coisa séria, brincadeira é coisa séria. Você não pode achar que porque não doeu em você, não vai doer no outro.

Lu: O que é que mais lhe atrai na Psicologia?

Leo: O fato das pessoas não entenderem que  a Psicologia está em tudo. A falta de informação deixa tudo vulgarizado. Muita gente ainda enxerga o psicólogo como “aquele chato que vai falar o que eu tenho que mudar”. Mas a Psicologia está em tudo, está  na conversa, no café com leite, no dia a dia, na sua relação com a sua filha, está  no que a gente vai escrever pra passar na televisão. Psicologia é o estudo da mente humana, o estudo das relações, das emoções. Quando eu comecei a estudar Psicologia, tive uma certa crise em relação a minha fé. Eu não sou um cara beato, digamos assim, não sou um cara que vai na igreja sempre. Pra mim, não importa a nomenclatura, importa se estão propagando o bem, seja um coach na Psicologia, seja um pastor ou seja um pajé. Eu tenho a minha formação católica, sou batizado na católica, mas acho que toda expressão da espiritualidade é anterior aos dogmas. A espiritualidade é uma experiência humana de conexão com o sagrado e isso está além do formato que deram nas religiões. Eu tive uma certa crise no começo da Psicologia por achar que não poderia mais acreditar em certas coisas e comecei a ficar mais cético. Até que no final da minha trajetória na faculdade, compreendi que isso não importa. É uma experiência individual, espiritual e está muito além  da religião, além do  que está escrito. É uma sensação de você estar conectado com o espírito. Se acender uma vela te traz equilíbrio psíquico, então acenda. Se fazer uma oração ou cantar uma música te traz esse equilíbrio psíquico, é legítimo. E o que me traz esse equilíbrio psíquico? estar no teatro, estar trabalhando, estar em atividade, estar produzindo. Receber as pessoas e oferecer algo pra elas, me realizar a partir dali.  Isso me traz equilíbrio, é quase como se o teatro fosse a minha religião. É onde converso com as pessoas, é onde repenso minhas atitudes. É onde me conecto com Deus. Eu aprendi uma coisa, você acredita em Deus, né?

Lu: Sim!

Leo: Então você nunca vai estar sozinha. Quem tem Deus no coração, nunca está sozinho. E não importa o nome que tenha o seu Deus. E eu não quero que minha fala pareça uma fala religiosa, porque não é. É uma fala humanista. 

Lu: Como você avalia o crescimento do teatro musical no Brasil?

Leo: Eu acho maravilhoso porque gerou um mercado. Então você começa a dar oportunidade, começa a trazer isso para o Brasil. Então, Miguel Falabella trouxe muita coisa, a gente já teve o teatro de revista em outras décadas e Miguel foi resgatando isso de uma forma muito própria e Wolf Maia também. Ali pelo ano 2000, muitos musicais começaram a vir de fora e começou a gerar um público querendo ver aquilo e consequentemente, um mercado. Sua filha vai fazer aula de dança, porque ela quer se preparar pra entrar em um musical. Então, através da arte, do entretenimento você gera um mercado e todo um desdobramento. Não importa se são músicas de fora, porque através deles a gente também aprende. A gente vê o cinema de fora, o esporte de fora, nada impede que vejamos o teatro de fora também. Mas o dinheiro não pode ir só pra isso, a gente tem que achar a nossa identidade artística e também produzir teatro musical brasileiro. 

Lu: Tem acontecido muito aqui musicais homenageando ícones…

Leo: São formatos, você vai ver agora que muitos filmes vão virar teatro. Porque geralmente é assim, um lança uma ideia e os outros pegam carona. Se fizeram um musical sobre o Cazuza, vamos fazer sobre o Renato Russo,  Elis Regina, vamos fazer sobre os nossos ícones. E a gente tem que estudar pra achar a nossa identidade, pra achar o que a gente gosta. 

Lu: Em se tratando da sua carreira, qual é o seu maior orgulho e qual é a primeira palavra que vem a mente?

Leo: A primeira palavra é realização. A carreira na verdade é uma forma de você se realizar, de se encontrar. 

Lu: Como você lida com o assédio?

Leo: Eu entendo como um ato de carinho, de reconhecimento. Eu nunca sofri um assédio público ruim, sempre foi muito respeitoso. As pessoas me tratam sempre com muito carinho. Não sei se tem a ver com os personagens que eu fiz que sempre tem uma dose de inocência, ou se é a minha postura mesmo no dia a dia, mas eu sempre fui muito respeitado e valorizo bastante isso. 

Lu: Seu papel mais recente na TV foi o Isaac de Jezabel. O que mais o empolgou nesse trabalho?

Leo: Viajar para Marrocos e filmar lá. Foi muito bom, fiz amigos muito queridos e é um personagem muito cativante, com princípios muito fortes, firmes. A gente falou muito sobre o conflito entre os fenícios e os israelitas, sobre toda essa questão religiosa, diferença de costumes. Foi muito bom estudar esse período e trabalhar com gente tão legal em um lugar novo. Meu trabalho tem isso, né? ele me apresenta pessoas novas em lugares novos e sou muito feliz com isso.

Lu: Apesar de breve, Dirceuzinho de “Toma Lá Dá Cá” fez um grande sucesso. Você gosta de trabalhar com humor ?

Leo: Gosto muito, muito! queria trabalhar mais com humor. Tenho que criar alguma coisa (risos).

Lu: Qual personagem mais deixou saudade?

Leo: Foi o que mais me ensinou, o Otniel de “A Terra Prometida”, porque tem um caráter épico, histórico de guerra, de liderança. Um personagem que começa frágil e termina líder de um povo. A curva que esse personagem fez, me ensinou muito. Ele vem  antes de Jesus Cristo mas é da mesma linhagem, falava as mesmas coisas. É muito importante falar de empatia, olhar pra o outro, para a  dor do outro. Como é que eu posso estar tão bem se olho pra outra pessoa e vejo sofrimento? então, a postura desses líderes espirituais me interessam. Inclusive já fiz Jesus em um espetáculo gospel. 

Lu: Quais são as lembranças que guarda do Roni de “Insensato Coração”?

Leo: Novela maravilhosa que eu gravei em 2011, direção do querido Dênis Carvalho, que eu adoro, com a Deborah Secco. Eu ria muito no set de gravação, me divertia muito. Foram momentos muito especiais da minha vida, tenho ótimas lembranças e foi muito bom poder falar da causa, do personagem, abordar temas como discriminação, preconceito e o meu personagem fazia par com a Natalie Lamour (Deborah Secco). Ele parecia ser inconsequente, mas era muito ético. Então, agradou muito,  caiu nas graças do público e foi muito bacana, um personagem muito cativante que eu adorei fazer.

Lu: Outro personagem bem marcante foi o Shaolin de “Senhora do Destino”. Como foi a experiência de realizar esse trabalho?

Leo:  Shaolin foi um personagem que marcou muito, foi um presente que eu ganhei. Guardo lembranças lindas do grupo do Shaolin, dos dias de gravação. Teve a morte da dona Miriam Pires durante as gravações, que foi muito triste. Mas o trabalho foi muito bacana. 

Lu: A novela foi reprisada em Vale a pena ver de novo. Você assistiu?

Leo:  Não. Não gosto de revisitar aquela emoção, já aconteceu, já foi. Eu me interesso sempre pela próxima. Quando vejo é para estudar. Ver como estava minha postura, minha voz e etc.

Lu: Como foi a experiência de participar do “Dancing Brasil” e do “Saltibum”?

Leo: Pois é, são dois Realitys, um de esporte e o outro de dança. Ambos foram também muito divertidos, mas o nível de exposição é muito alto, então, a repercussão é muito grande. Eu gosto disso, mas ao mesmo tempo penso que a gente fica muito exposto, tem que tomar cuidado com o que fala. Mas a bem da verdade eu adoro dançar, adoro esporte, então foram coisas que agregaram valores pra mim.  E são competições saudáveis com amigos.

Lu: Você  tem algum arrependimento?

Leo: Vários. Especialmente por não ter feito coisas que eu gostaria de ter feito. 

Lu: O que o deixa de mau humor?

Leo: Fome.

Lu: O que você gostaria de fazer que ainda não fez?

Leo: Tantas coisas… quero ter uma horta, um pomar. E uma escola de arte. 

Lu: O que é felicidade pra você?

Leo: Equilíbrio, autoestima, realização pessoal. É se permitir gostar das coisas e fazer o que gosta. 

Lu: Você prefere a vida vivida ou a vida pensada?

Leo: Vivida.

Lu: Se você pudesse modificar uma única coisa no país, o que seria?

Leo: A distribuição de renda. 

Lu: Pra você, qual é a maior virtude que um homem pode ter?

Leo: Compromisso. Com as coisas, com as pessoas, com o que se propõe a fazer. Eu poderia falar outras coisas, mas acredito que é o compromisso que torna a pessoa um líder. 

Lu: Uma frase

Leo: Estar pronto é tudo! (Hamlet – Shakespeare). A gente tem que estar pronto pra tudo, até pra morrer é preciso estar pronto. Mas você está pronta pra viver? a gente não pode deixar a oportunidade escapar.

Lu:Um lugar

Leo: Minha casa.

Lu: Um sonho

Leo: Uma coisa material mas que está conectado com tudo isso que conversamos. Eu tenho sonho de ter uma escola de arte, que trate de formação de jovens e que produza conteúdo. 

Lu: Um filme

Leo: O primeiro que me vem à cabeça é um filme da minha infância, “O Cavalinho Azul”, da Maria Clara Machado. Mas vou  escolher “Um Bonde Chamado Desejo”

Lu: Uma série

Leo: Presença de Anita (risos). Vou escolher “Dark”, uma série alemã.

Lu: Qual é o cheiro da sua infância

Leo: Brigadeiro.

Lu: Uma mania

Leo: Me  benzo de tudo que é jeito antes de entrar em cena. Rezo muito. 

Lu: Leonardo Miggiorin por Leonardo Miggiorin

Leo: Como vou me definir essa hora da manhã?  risos. Eu sempre improvisei muito, estou tentando improvisar menos na vida. Tentando me organizar mais, me planejar mais. Sempre tentei aproveitar todas as oportunidades, sempre quis viver muito intensamente, sem rotina. E vivo… ao leo. Mas Quando isso começou a soar como uma inconsistência, me fez refletir. Mas fui  percebendo que esse movimento  também faz parte da minha natureza. Quando tive uma clínica de Psicologia, consultório, que fiquei trabalhando ali durante três anos, comecei a sentir muita falta do movimento, da arte, das pessoas, de começar um projeto e encerrar. Isso tem a ver com a minha personalidade. Procuro ser um cara agregador, que busca transformações positivas. Não sei como definir, mas sou guerreiro. Sou um cara comum, que quer o bem pra si e para os outros e que só encontra sentido na vida junto das pessoas. Pra mim, nada faz sentido se eu estiver sozinho. Gosto do meu momento de solitude, mas gosto de estar acompanhado. 

Lu: Leo, antes de concluir, há algo que gostaria nesse momento, algum recado a deixar?

Leo: Como também sou psicólogo, estou montando um projeto de atendimento voluntário a jovens com mais de 60 anos de idade, digamos assim. Então, vou começar em breve esse trabalho que é um atendimento, uma forma de conectar com as pessoas, de conviver e levar apoio psicológico.  Eu gosto muito de trabalhar com as emoções, relações. Acho que o poder do vinculo nas nossas vidas transforma tudo.

Lu: Leo, eu vou te agradecer muito!! que prazer estar aqui e realizar esse bate-papo com você. Continue esse capricorniano criativo, focado e super determinado, produzindo coisas incríveis.

Leo: Que prazer, Lu. Que lindo que foi esse nosso encontro, aqui em casa. Que a intensidade escorpiana lhe traga sempre as melhores oportunidades e muitos sonhos realizados. Um grande beijo pra você e outro pra a nossa Nina; fala pra ela que a bagunça na casa do tio Léo está sempre garantida (risos)

Galeria:

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

1 Comment

  1. Avatar
    Fernanda Leal
    19 de julho de 2020 at 18:08

    Lu, seus textos e entrevisata são maravilhosos. Parabéns