Arthur Vinciprova

Arthur Vinciprova

Foto: Priscila Nicheli

Ele é ator, diretor da “Cia. de Teatro Pé Direito” e tem mais de 30 espetáculos de teatro no currículo. Está no filme “A Gruta” que estreou em outubro, em mais de 200 países, como diretor e protagonista. Também integra o elenco de “Turbulência” da Netflix e “Rúcula com Tomate Seco” da Globoplay. É com Arthur Vinciprova que conversamos agora.

NJ: Arthur, você está no longa “ A GRUTA” como diretor e protagonista, ao lado da atriz Carolina Ferraz. Qual é o maior desafio de assumir essas duas funções simultaneamente?

Arthur: Acho que o maior desafio é ter uma equipe que acredite muito em seu trabalho e confie nas suas escolhas. Que vistam a camisa do projeto. O maior segredo de dirigir e atuar ao mesmo tempo, é ter uma equipe que seja como uma família! Porque a única coisa que pode se tornar desgastante no processo, é não ter a equipe do seu lado. E tenho muita sorte, porque tenho grandes profissionais comigo! Muita coisa da direção é organizada com antecedência, além da preparação de elenco que acho fundamental. E dirigir artistas como a Carol por exemplo, é muito fácil! Pois é muito talento envolvido! É um prazer trabalhar com artistas tão talentosos!

NJ: Conte-nos um pouco sobre o filme.

Arthur: O filme é um terror psicológico que conta a história de Jesus (Arthur Vinciprova), um jovem que é acusado de matar seus amigos em uma gruta. Ele se recusa a falar com a polícia e diz que só irá conversar com alguém da igreja. A polícia, afim de descobrir o que aconteceu no local, pede ajuda a uma madre (Carolina Ferraz) para desvendar os acontecimentos. Eu adorei dirigir um filme de terror! É algo muito diferente do que estamos acostumados a fazer aqui no Brasil. Foi um grande desafio.

NJ: Você está entrando no catálogo da NETFLIX com o longa “Turbulência”, também como protagonista e dessa vez, lado de Monique Alfradique e Bruno Gissoni. O que mais o empolga nesse trabalho?

Arthur: Eu adoro a leveza do projeto. O fato de tratar o amor de forma tão bonita e quase ingênua. É um filme muito despretensioso…Que faz rir e emocionar. Que fala com um público tão legal, que é o público jovem! Existe uma identificação muito grande com a história. As pessoas adoram os personagens. O feedback é gigantesco com esse filme. Estou doido pra ver a repercussão após a estreia na NETFLIX. Também ressalto o prazer que foi trabalhar com Bruno Gissoni e Monique Alfradique. Eles são muito legais! A gente se divertiu muito durante as gravações.

NJ: Você também está no elenco do filme  “Rúcula com Tomate Seco”, como diretor e protagonista, ao lado de Juliana Paiva. Do que trata o longa?

Arthur: O filme conta a história de um “ex-casal” que tem uma recaída e vai parar no motel. Entre quatro paredes, eles começam a desenterrar as feridas que faziam parte da relação já arruinada. É um filme sobre recomeços. Sobre amor, sobre perdão. Tem situações muito engraçadas. A graça vem dos absurdos que são ditos por eles um para outro agora que já não precisam fazer cerimônia.   E adorei a química que tive com a Juliana em cena! Um filme que todo casal vai se identificar. É um filme pra entreter. Podem apostar!

NJ: Se tivesse que escolher uma “hashtag” para os personagens, qual seriam?

Arthur: (risos) Boa pergunta! No caso do Pablo, meu personagem em “Rúcula Com Tomate Seco”, a hashtag seria: #neurótico.  Pro Beto de “Turbulência” seria #apaixonado  e para o Jesus de “A Gruta”, a hashtag seria #misterioso.

NJ: Como você avalia essa nova possibilidade de trabalho que surgiu através das plataformas de streaming?

Arthur: Eu estou adorando! Quanto mais oportunidades o artista tiver de desenvolver seus projetos e levar entretenimento e cultura para o espectador, melhor! E o streaming está muito forte no mundo! É impressionante o alcance que o trabalho tem com essa plataforma. Acredito que esse seja um novo caminho muito bacana pro artista.

NJ: Quais são as lembranças que você guarda da série “República de Férias” que teve três temporadas na TV Globo regional (TV RIO SUL) e foi  transmitida para mais de 40 cidades do sul fluminense e também no GShow?

Arthur: Foi incrível receber o carinho das pessoas na rua. A TV aberta tem isso. A gente se aproxima muito do público. E de um público mais humilde e que é extremamente carinhoso. Como a série passava aos sábados, na globo regional, na hora do almoço, o alcance era absurdo. Todo mundo almoçava assistindo a série. E era o maior barato receber o carinho de famílias inteiras. Da avó até o neto. Sinto falta disso. E também dos amigos que fiz ao longo do trabalho. Era um elenco muito unido. Foi muito bom.

NJ: Como você lida com as críticas?

Arthur: Eu lido super bem. Faz parte. Quando o artista se expõe em um trabalho, está sujeito a receber todo tipo de feedback. Não acho bacana nem se fixar nos elogios e nem nas críticas negativas. Temos que ter o pé no chão e estar sempre buscando evoluir e usar o senso de competência para filtrar o retorno. Eu sou do time que pensa: “ falem mal, falem bem, mas falem de mim”. O importante é o trabalho tocar de alguma forma. E graças a Deus recebo muito carinho e tenho conseguido oportunidades muito boas de trabalho.

NJ: Existe um ditado árabe que diz “Não declares que as estrelas estão mortas porque o céu está nublado”. Em algum momento o céu já esteve tão nublado a ponto de você não conseguir ver as estrelas?

Arthur: Uau… Pergunta linda (risos). Eu sou um eterno otimista! Ainda que o céu esteja nublado, e eu de fato não enxergue as estrelas, confio que por detrás das nuvens elas estão lá. E que no dia seguinte vem a chuva e no posterior o céu azul e ao anoitecer o céu, repleto de lindas estrelas… É importante pensarmos assim.

NJ: Qual papel da religião em sua vida e como é a sua relação com a fé e a espiritualidade?

Arthur: Não sou um cara muito religioso. Acredito em energia positiva. No bem. Em passarmos sempre boas vibrações aos outros. Através de qualquer religião ou crença. Acho muito importante respeitarmos a conexão de cada com sua espiritualidade.

NJ: Como você avalia a política cultural brasileira?

Arthur: Estamos passando por um momento muito difícil. O artista sofreu grandes campanhas negativas, como a que diz que nos apoiamos sobre a Lei Rouanet. As empresas estão reticentes em apoiar projetos.  A ANCINE sem editais abertos. Os cinemas fechados. Os teatros fechados. As casas de shows fechadas…  Mas uma coisa bonita que surgiu com essa pandemia, foi que muita gente viu a importância da arte pra sanidade mental de todos. Acredito que estamos virando esse jogo. Que as coisas vão mudar para melhor. Que vamos virar o jogo!

NJ: O teatro deveria ser parte indispensável na formação educacional e cultural de um povo, Contudo, graças às políticas públicas, grande parte da população ainda continua distante da cultura. Para você, como artista, com mais de 30 espetáculos no currículo e como diretor da “Cia. de Teatro Pé Direito”, o que poderia ser feito para despertar a população a valorizar mais a arte?

Arthur: Falta educar as pessoas culturalmente falando. Acredita, que muitas pessoas me falam: – Não gosto de teatro. Aí eu pergunto: – Mas já assistiu o que?! E a pessoa responde: – Eu nunca fui, mas não gosto… Acho surreal. Existe um preconceito formado em cima de uma geração inteira que precisa ser quebrado. Muita gente não vai ao teatro por falta de costume. Creio que é importante mudarmos isso. Por isso, nos meus espetáculos, sempre disponibilizamos parte dos ingressos de forma gratuita para pessoas que não tem oportunidades. Para alunos de escolas públicas… É incrível ver o brilho no olho de uma pessoa arrebatada após uma peça! Não há maior prazer pro artista do que isso.

NJ: Em sua opinião, qual é a maior virtude que um homem pode ter?

Arthur: Caráter.

NJ: O que é felicidade pra você?

Arthur: Família.

NJ: Uma frase

Arthur: “ Seja sempre você mesmo.”

NJ: Um sonho

Arthur: O reconhecimento do artista.

NJ: Um lugar

Arthur: Minha casa.

NJ: Um livro

Arthur: Trilogia Millenium de Steag Larson.

NJ: Uma música que o faz sorrir

Arthur: “Because I’m Happy” (Pherrel Willians)

NJ: O que o deixa verdadeiramente emocionado?

Arthur: Meus sobrinhos Matheus e José.

NJ: Arthur Vinciprova por Arthur Vinciprova

Arthur: Guerreiro.

NJ: Antes de concluir, tem algum assunto que gostaria de abordar, alguma mensagem a deixar?

Arthur: Queria agradecer ao espaço e parabenizar pelas perguntas super inteligentes e descoladas. E convidar as pessoas a assistirem aos filmes citados na entrevista e me acompanharem nas redes sociais.

NJ: Arthur,  muito obrigada por participar da Nossa Janela.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

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