Qualquer maneira de amor vale a pena!

Essa semana escutei um absurdo que me deixou estarrecida. Não foi – de forma alguma- o que poderia ser considerado um absurdo besta, daqueles que dependem do jeito de ser de cada um e por mais que achemos um verdadeiro absurdo, temos que respeitar. Esse absurdo mexeu comigo. Tamanha demostração de ignorância chegou a ferir a minha alma.

Estava no consultório médico, esperando para ser atendida quando percebi dois jovens conversando sobre as provas na faculdade. Não prestei atenção na conversa até que escutei risos de deboche. Foi quando percebi a entrada de um casal homesexual que estava de mãos dadas. Um dos estudantes ressaltou que achava aquele comportamento repugnante e que o casal não poderia nos expor (nós heterossexuais) a uma visão tão chocante em plena luz do dia. O outro concordou, acrescentando que é um absurdo a legalização da união homoafetiva e mais ainda o direito de adoção desses casais, uma vez que a criança não teria bons exemplos a seguir.

Eu sei que essa posição equivocada e completamente distorcida da realidade dispensa comentários, mas faço questão de fazê-los. Não me sentiria nada bem deixando passar uma oportunidade como essa de demonstrar o meu repúdio a este tipo de comportamento preconceituoso.

Pra começar, só consigo enxergar neste contexto uma situação repugnante. O comportamenteo triste desses dois estudantes. Pessoas de classe média, privilegiadas e cursando uma faculdade. Pessoas que deveriam ter o mínimo de bom senso e que infelizmente se mostram tão preconceituosas.

Eu nunca entendi porque eu tenho o direito de passear com meu marido na rua, apresentar demostrações de carinho em público, andar de mãos dadas só porque sou heterossexual. Todos deveriam ter esse direito independente da sua orientação sexual. Estamos falando de amor, de carinho. E como diria o poeta: “Qualquer maneira de amor vale a pena, qualquer maneira de amor valerá…”

Concordo que o fato de uma pessoa homossexual poder adotar uma criança já é um avanço em um país tão preconceituoso. Porém não entendo o fato de um casal que convive em uma união homoafetiva não ter o mesmo direito, por uma simples opinião equivocada. As pessoas pensam que o casal vai passar valores errados para a criança (como ressaltou o estudante mencionado acima).

Isso não faz o menos sentido! Primeiro, porque todo gay é filho de um casal que tem (ou pelo menos teve) uma relação heterossexual e nem por isso deixaram de ser gays.É um equívoco pensar que é a orientação sexual dos pais que vai determinar a opção sexual do filho. Isso é ridículo! Segundo, porque mesmo que esta teoria fosse verdadeira e o casal passasse a orientação sexual para o filho, isso não teria problema algum se não fosse o preconceito que infelizmente ainda nos ronda. Existem tantos corruptos, homicidas, ladrões e etc que são pais de família. Que tipo de pessoas eles estão formando? Que tipo de valores passam para os filhos? Isso sim, deveria ser proibido.

Em um país tão cheio de desigualdades, com tantas crianças abandonadas nas ruas ou em orfanatos, sem acesso a condições mínimas de educação saúde e higiene, nós tínhamos é que estimular a adoção.

O importante é que a criança tenha carinho, que a pessoa tenha condição financeira de oferecer uma boa educação e que tenha condições psicológicas de orienta-la. O que menos importa é a sua orientação sexual.

Por outro lado, uma coisa me deixou feliz. Fiquei sabendo do primeiro beijo gay em uma novela brasileira. Eu não assisti na Tv, mas vi o capítulo na internet. Assisti junto com meu marido e ambos ficamos extremamente orgulhosos do SBT. Afinal, eles deram o primeiro passo.

E sinceramente isso não me choca nem um pouco. E não deveria chocar esses estudantes. Na verdade isso não deveria chocar ninguém. O que deve nos chocar é a violência das ruas que cresce mais e mais a cada dia, a fome, a precariedade da saúde e educação. A corrupção deste país. Isso sim, é repugnante.

Luciana Leal

Publicitária e simpatizante com muito orgulho.

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