Felipe Rocha

Felipe Rocha
Ele é  músico, autor, diretor artístico, compositor, ator e fundador do Foguetes Maravilha. Esteve em cartaz no teatro XP Investimentos, na Gávea, com o espetáculo “Baile Partimcumdum”, um infantojuvenil que respeita a inteligência e sensibilidade das crianças e agrada toda a família. Conversamos com Felipe Rocha sobre a peça, a carreira e o nosso atual quadro político e cultural.
NJ: Felipe, quando decidiu que queria viver da arte e como a música entrou em sua vida?
Felipe: Meu pai gosta muito de música, toca violão e canta. Sempre cantou pra mim e para o meu irmão. Meu irmão é músico, a música sempre esteve muito presente em casa desde criança. Com 14 anos na escola, comecei a fazer teatro e música. Ainda não pensava em viver disso mas com o tempo foi se tornando uma escolha natural, fui percebendo que realmente eram duas coisas que me mobilizavam. Durante muito tempo fui levando as coisas mais ou menos na mesma medida mas em um determinado momento achei que seria melhor fazer uma escolha pra conseguir focar melhor e  acabei escolhendo o teatro,  atuando, dirigindo e escrevendo.
NJ: Você esteve em cartaz no teatro XP Investimentos, na Gávea com o espetáculo “Baile Partimcumdum”. Conte-nos um pouco sobre o texto e sobre o seu personagem.
Felipe: É um texto infantil da Adriana Falcão e do Matheus Torreão e eles escreveram a partir do disco Partimpim 2, da Adriana Partimpim, o heterônimo da Adriana Calcanhoto. É uma peça para crianças e eu fiquei muito animado pra fazer quando o Renato Linhares me chamou, ele trabalha comigo no Foguetes Maravilha, é um parceiro muito antigo. Fiquei muito animado com esse projeto.  A peça conta a história de uma menina chamada Isabel que gosta muito de livros e acaba entrando no livro que ela está lendo pra salvar o Alexandre que é  “Alexandre, o Grande” quando ainda era pequeno e na peça não acredita na grande potência dele. A  Isabel vai ajudá-lo a entender a própria força e muitas histórias vão se desenrolando. Eu faço vários personagens mas o que faço mais é o Aristócrates porque na peça de “Alexandre, o Grande” o Aristóteles foi professor dele, então, ele não só foi um grande guerreiro como também se conectava com a filosofia. E o Aristócrates é essa brincadeira de Aristóteles com Sócrates, a brincadeira com a filosofia.
Me interessa pensar o que está acontecendo no mundo e como falar disso pra o expectador ao invés de falar de temas que já são mais resolvidos.
NJ: Existe alguma diferença em fazer teatro para o público infantojuvenil e o público adulto?
Felipe: Essa peça é uma peça infantil que não trata criança como boba, então é muito legal tanto pra as crianças quanto para os adultos. A gente busca isso, é uma peça que respeita a inteligência e a sensibilidade das crianças. Mas o adulto tem um entendimento maior do mundo. Embora as crianças tenham o afeto e possam entender as coisas emocionalmente, eu sinto que pra elas a gente acaba definindo mais as coisas, os traços são um pouco mais fortes enquanto que com os adultos a gente pode exigir um pouco mais através da ironia, deixá-los pensar,  provocar.
NJ: O que mais o interessa no processo de construção teatral?
Felipe: Eu sempre me interesso por maneiras novas de contar uma história. Me interessa muito não só o conteúdo, mas também a forma, criar códigos diferentes de comunicação com o expectador. Sempre gosto de estudar o que estou montando. Então, se eu for montar um autor, eu vou estudar aquele autor, se eu vou falar daquele assunto, é uma chance de a gente estar aprendendo mais coisas sobre ele. Também o contato entre as pessoas, o afeto. Me interessa pensar o que está acontecendo no mundo e como falar disso pra o expectador ao invés de falar de temas que já são mais resolvidos. Me interessa falar sobre coisas com as quais ainda não sei lidar.
NJ: Além de músico, autor, diretor artístico e ator você também é compositor tendo sido indicado três vezes ao prêmio Shell de melhor trilha sonora. Quais são os critérios para escolha do repertório de um espetáculo teatral?
Felipe: Varia demais. Poucas vezes escolho um repertório de músicas que já existem. Eu costumo compor, escrever as músicas pra essas trilhas. As vezes é interessante você acompanhar um afeto que está vindo, se é um momento delicado, uma música delicada. Se é um momento mais forte, uma música mais forte. Mas também é muito bacana a música ser uma informação a mais. Ter uma música emocionante em uma cena engraçada, por exemplo. Acho que esses vários vetores são sempre enriquecedores.
NJ: Você ganhou três prêmios de melhor autor de “Ninguém Falou Que Seria Fácil”. Do que trata o texto?
Felipe: Ele fala basicamente sobre família. Sobre a relação entre pais e filhos, irmãos. É uma comédia que trata dessas relações que são tão profundas e tão ricas. Falando sobre abandono paterno, solidão, a dificuldade com as responsabilidades que se encara na passagem pra vida adulta, filhas virando mães…
NJ: De onde busca inspiração para os seus textos e músicas?
Felipe: Não sei responder, varia muito. Das memórias… As vezes estou andando e penso que algo poderia ser um bom assunto pra uma história. Eu gosto muito disso, de coisas que não estão muito bem resolvidas, afetos com os quais eu não sei muito bem onde guardar. Esse meio de caminho me agrada porque se eu ainda estou em dúvida em relação a ele, o espectador também pode estar nesse movimento interno. Eu gosto muito mais do que provoca o espectador, de quando acontece algo e ele precisa pensar em como vai se posicionar em relação à aquela situação. Quando a gente deixa o espectador trabalhar, sem entregar as coisas por inteiro.
NJ: Seu papel mais recente na TV foi o Paulo de “Malhação Vidas Brasileiras”. Como foi pra você viver um personagem com um acentuado lado machista em tempos onde o empoderamento feminino ganha cada vez mais força?
Felipe: Pra mim foi muito legal porque é um tema que me mobiliza muito. Eu tento ficar muito atento pra não relaxar em relação aos meus privilégios, já que estou em um lugar muito privilegiado como homem, branco, hétero, de classe média e tenho praticamente todos os privilégios que esse patriarcado branco, capitalista machista, coloca. Então, tento estar muito atento para não ser preconceituoso em nenhuma esfera, nem machista, nem  racista, nem homofóbico, nem gordofóbico…. O personagem Paulo exercia  uma relação tóxica, abusiva, e muitas vezes a mulher dele, a Gabriela, não percebia isso. E como eu te falei que gosto de deixar o expectador trabalhar, não fazia do Paulo um vilão que você de cara olha e percebe que é vilão. Pelo contrário, eu tentava fazê-lo muito doce e docemente falava coisas horríveis. Até para a gente entender também que o cara machista muitas vezes não é aquele cara bronco, que grita. Muitas vezes é o cara que está na casa da gente, é o tio, é o marido, é o irmão, é o cunhado. Muitas vezes o machismo vem velado e acaba sendo aceito pela sociedade. Uma mulher que sofre uma relação abusiva muitas vezes se sente culpada – e obviamente a culpa não é dela. Então, fiquei muito feliz com o personagem porque a sensação era de estar prestando um serviço nesse sentido, de falar disso. E muito orgulhoso de estar em uma novela que abordava tantos temas importantes como intolerância religiosa, batalhas contra o machismo, contra a homofobia, contra o gordofobia. Foi uma novela que deu passos importantes na TV.
NJ: Como foi a repercussão do personagem nas redes e nas ruas?
Felipe: As pessoas criticavam muito o Paulo, a minha sensação era engraçada porque eu ficava muito feliz das pessoas ficarem com raiva dele, um  sinal de que o trabalho estava dando certo.  Mas ao mesmo tempo, era difícil porque em alguns momentos a aceitação do personagem se mistura um pouco com a nossa aceitação como pessoa, então tinha um gosto meio agridoce em ver as pessoas odiando tanto meu personagem (risos). Mas no fundo eu estava muito feliz, era isso mesmo que tinha que acontecer (risos).
NJ: O folhetim entrou pra história da teledramaturgia pelo primeiro beijo gay no horário das 17h. É estranho que isso tenha demorado tanto para acontecer e que ainda seja digno de nota. Mas você acredita que abordar o assunto em uma trama adolescente e nesse horário é um sinal que finalmente as coisas estão mudando?
Felipe: Eu acho que as coisas estão mudando desde o início da humanidade, a  gente está sempre crescendo. Só que a gente dá passos pra frente e passos pra trás. A gente vai conquistando lugares bonitos de aceitação, de tolerância, de aceitar o outro como ele é e dá muitos passos pra trás. A ascensão da direita no Brasil, na América Latina e no mundo é um exemplo. É muito triste ver que a gente passa pelo nazismo, pela ditadura no Brasil e a gente vai voltando, né? relacionamentos homoafetivos fazem parte da vida, então eles têm que ser retratados na televisão, essas histórias de amor precisam ser contadas. Por exemplo, a maioria da população brasileira é negra e a maioria dos personagens em uma novela são brancos. Então, eu fico muito feliz quando tem programas como “Mister Brau” que retrata uma família negra. Essa representatividade é muito importante para a população. Acho que muitos jovens gays devem ter se sentido representados em “Malhação”.
Eu acho o atual quadro político um desastre, é um governo que não tem amor, que quer investir em armas e não quer investir nas pessoas. A gente passou por outros governos que fizeram muito investimento em educação, acho que essa é a primeira coisa, saúde e educação. E só a partir daí o indivíduo pode pensar em outras coisas.
NJ: Como você avalia a política cultural brasileira e o nosso atual quadro político?
Felipe: No momento com muita tristeza. Eu sou radicalmente contra o governo Bolsonaro e acho que é um governo que não está do lado do povo, está do lado do dinheiro e das grandes empresas. E nesse sentido, se você fica desse lado, você quer que o povo tenha cada vez menos cultura para ter menos ferramentas para lutar pelos seus direitos, e  cada vez mais ser explorado sem perceber que isso está acontecendo. Então, existe uma atitude muito forte no sentido de destruir ao máximo possível a educação, as escolas, faculdades,  os cortes de bolsas de pesquisa são constantes. Aliado a isso,  são atitudes intensas contra a cultura, o fim do próprio Ministério da Cultura, inclusive. São pessoas que sabem que um povo culto vai ter ferramentas para lutar pelo que ele merece. Se ele não tiver cultura, ele não vai ter nem instrumentos  pra isso. Eu acho o atual quadro político um desastre, é um governo que não tem amor, que quer investir em armas e não quer investir nas pessoas. É um governo intolerante, contra tantas conquistas das quais a gente falou em relação as causas sociais, de gênero, de raça. A gente passou por outros governos que fizeram muito investimento em educação, acho que essa é a primeira coisa, saúde e educação. E só a partir daí o indivíduo pode pensar em outras coisas.
NJ: Algumas pessoas defendem que o artista não deve posicionar-se em relação à política. O que pensa quanto a isso?
Felipe: Eu discordo, acho que se o artista quiser se posicionar politicamente, ele pode se posicionar. Primeiro que qualquer ato que a gente faça é um ato político, a política faz parte da nossa vida, das nossas escolhas diárias, de como a gente enxerga o mundo. E acho que a arte está aqui pra falar do mundo. Então, se eu, como artista vejo uma série de coisas que eu acho que estão erradas no mundo: a desigualdade social, o racismo, a homofobia, acho que posso, sim,  me colocar politicamente. A arte muitas vezes caminha um pouco na frente da percepção geral,  ela está aqui justamente pra mostrar pra as pessoas coisas que estão acontecendo ou podem acontecer. Então, pra mim faz todo sentido um artista se posicionar politicamente.
NJ: Como você avalia a força da internet hoje na vida de cada um, principalmente no tocante as redes sociais?
Felipe: A internet está muito presente na nossa vida, inclusive essa nossa conversa vai ser veiculada via internet, né? eu pessoalmente tento não ficar tanto tempo nas redes sociais porque eu sinto que é a construção de um mundo muito idealizado, de alegria, de sorrisos. Mas é uma construção. Muitas vezes desconectada da realidade – A pessoa passa o dia inteiro fazendo milhões de coisas e resolvo postar os momentos mais felizes, e tal…. Então, tento ficar pouco nas redes sociais. Mas elas têm sem dúvida uma presença muito forte, até em termos de comunicação, proliferação das fake news e tudo isso se dá via whatsApp. Eu acho que com isso as pessoas têm perdido um pouco a capacidade de introspecção, de olhar pra dentro. Você estar em silêncio e poder encarar seu próprio vazio. Você está em um sinal de trânsito, está esperando um filme começar, vai ao banheiro, liga o telefone. Tem gente que não fica um minuto sem ele. Eu me esforço para continuar lendo livros e continuar tendo momentos de silêncio comigo mesmo.
NJ: Quais são as facilidades e dificuldades de ocupar ao mesmo tempo as funções de ator e autor no teatro?
Felipe: Para o autor é muito legal ser ator porque ele escreve sabendo das especificidades de cada veículo, entende melhor como a máquina funciona. E pode tentar transmitir, como ator,  exatamente aquela ideia que tinha como autor. Eu gosto muito de atuar nas coisas que eu escrevo, me dá muito prazer, a sensação de estar passando aquela mensagem por inteiro. Mas ao mesmo tempo, gosto de escrever pra outras pessoas e também gosto de atuar nos textos de outras pessoas. Acho que se há alguma dificuldade em fazer as duas coisas, é que a mensagem fica limitada ao meu potencial. Quando uma pessoa escreve e a outra atua, uma pessoa está escrevendo, a outra chega e pode somar. Eu leio aquilo e tenho a minha visão em relação a aquilo que a outra pessoa escreveu. E é isso que acontece quando a gente escreve um roteiro, muitas vezes menos rico que o resultado final. Chega o figurinista, coloca uma roupa bacana, tem o cenário, o diretor, tem os atores, cada um traz a sua ideia e muitas vezes até um texto mais raso pode ganhar muito força passando por esse grupo de pessoas. É um barato!
NJ: Pra você, como a arte pode ajudar a colocar luz em alguns temas para a sociedade?
Felipe: Acho que a arte é um espelho. Quando a gente vai ver um filme, uma peça, uma novela, a gente tende a se projetar naqueles personagens e naquelas situações. Isso faz a gente repensar muita coisa,  traz temas nos quais talvez a gente não tivesse pensado. A arte também é um veículo de ideias, de pensamentos, de afetos.
NJ: Como nasceu o grupo “Foguetes Maravilha”?
Felipe: Eu tinha muita vontade de escrever. Escrevi uma peça e chamei um amigo pra dirigir, o Alex Cassal. Era um monólogo que se chamava “Ele Precisa Começar”, a história de um sujeito que queria começar a escrever a primeira peça ou, em outra camada, sobre qualquer pessoa que precisasse começar qualquer coisa, seja abrir um restaurante, aprender a tocar um instrumento, viajar. A peça falava sobre esse desejo de realizar coisas. A gente rodou muito com essa peça pelo Brasil inteiro, e fora do Brasil também. O texto seguinte que eu escrevi foi esse que você citou lá em cima, “Ninguém Falou Que Seria Fácil”, e a gente chamou mais dois atores pra fazer. E aí eu chamei o Renato Linhares que é quem dirige o “Baile Partimcumdum” e a a Stella Rabelo. O Alex Cassal também escreve e a gente vai  revezando na direção. Mas foi assim que tudo começou.
NJ: Você está no filme e na série “Hebe”, da Rede Globo. Como é pra você ajudar a contar a trajetória de uma personalidade tão marcante a ponto de ser considerada a rainha da televisão brasileira?
Felipe: Primeiro a gente estreou o filme e acho que agora no fim do ano começa a passar a série. Ah é muito legal, eu sinto que a Hebe é um pouco essa personagem  que vai nesse lugar que eu estava te falando antes, ela é uma personagem muito controversa. Ela trava batalhas contra a censura, e ao mesmo tempo é amiga pessoal do Paulo Maluf  que é um cara de direita. Tinha uma batalha muito interessante em relação a causa gay também. Era uma mulher que não cabia numa gaveta só, ela circulava por todas, e isso me interessa. Eu tenho, na verdade, pouca conexão com a  figura da Hebe, eu vi muito pouco o programa dela. Mas eu fiquei muito feliz em fazer o filme, eu gosto muito do Maurício Farias, o diretor, e sou muito fã da Andréa Beltrão que fez a Hebe de um jeito muito, muito bonito. E o filme decidiu apontar pra esses aspectos das batalhas dela. Fico muito feliz de estar contando essa história. E ela fazia isso nos anos 80, quando o preconceito era muito maior do que hoje.
NJ: Como você lida com as críticas?
Felipe: Acho que lido bem. Até aqui, as críticas negativas não me incomodaram. Entendo que a crítica é sempre uma opinião pessoal e é normal que alguém goste de uma coisa, e não goste de outra. Ou eu concordo com o que a pessoa está dizendo, ou penso que é a opinião dela, o jeito dela olhar pra o mundo… As vezes a gente recebe uma crítica por não estar fazendo algo do jeito que a pessoa achava que deveria ser feito e isso é de cada um, cada um escolhe o seu jeito de olhar pro mundo.
NJ: Há um provérbio árabe que diz “ o maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade”. Considera-se uma pessoa ansiosa? Arrepende-se de alguma oportunidade perdida?
Felipe: Não me considero uma pessoa ansiosa, sou na maior parte do tempo uma pessoa bem calma. Acho que se eu pecar por alguma coisa, é mais pela segunda parte do provérbio, a lentidão ante a oportunidade. Acho que algumas vezes poderia ter uma atitude mais ativa e  acabo sendo mais relaxado na direção das coisas que me interessam.
Acredito que uma pessoa que faz coisas legais para outras, acaba fazendo com que essas pessoas façam coisas legais de volta pra ela. A energia positiva gera energia positiva e eu  acredito nesse fluxo.
NJ: Qual papel da religião em sua vida?
Felipe: Eu sou ateu, não acredito em Deus, em destino, em reencarnação. Acho que existe uma energia no mundo, uma energia dentro de cada um de nós e a gente usa muito pouco do nosso potencial. Eu acho que a energia das pessoas – e das plantas e de tudo – as vezes se encontra. Acredito que uma pessoa que faz coisas legais para outras, acaba fazendo com que essas pessoas façam coisas legais de volta pra ela. A energia positiva gera energia positiva e eu  acredito nesse fluxo. E se alguém quiser chamar isso de Deus, tudo bem. Eu acho que muitas vezes a gente fala de Deus um pouco como a mãe natureza, como esse fluxo que está no mundo. Acredito que esse  fluxo existe, mas não que haja um homem barbudo de cabelo branco que está olhando pra a terra e tomando alguma decisão em relação a ela.
Eu acho que se uma pessoa negra fala de algo que a incomoda, eu como pessoa branca, preciso escutar aquela pessoa.  Mesmo que eu não entenda, ainda,  procuro pensar que se aquela pessoa, que está dentro da situação, se incomoda,  é muito provável que ela esteja certa. Se uma mulher fala que uma atitude “x” é machista, mesmo que eu ainda não enxergue, penso que provavelmente ela tem razão.
NJ: Em sua opinião, qual é a maior virtude que um homem pode ter?
Felipe: São muitas. Eu atualmente estou muito esforçado em conseguir olhar  e escutar os outros. Acho que esse é um momento muito importante pra isso.  A gente vem falando aqui de uma série de preconceitos e minorias sociais que estão conquistando lugares. Eu acho que se uma pessoa negra fala de algo que a incomoda, eu como pessoa branca, preciso escutar aquela pessoa.  Mesmo que eu não entenda, ainda,  procuro pensar que se aquela pessoa, que está dentro da situação, se incomoda,  é muito provável que ela esteja certa. Se uma mulher fala que uma atitude “x” é machista, mesmo que eu ainda não enxergue, penso que provavelmente ela tem razão. Então, uma atitude que no momento é muito bem vinda é essa, da gente olhar para o outro e aceitar o outro como ele é.
NJ: O que o deixa mais feliz?
Felipe: O que me deixa mais feliz são as pessoas. É o contato com as pessoas, é estar com as minhas duas filhas, estar com os amigos, namorar, sair pra jantar, almoçar, fazer um passeio, trabalhar com as pessoas de quem eu gosto. Acho que estar com as pessoas, poder escutá-las e enxergá-las é a coisa mais preciosa que a gente tem.
NJ: Um livro
Felipe: Gosto muito de muitos livros, mas vou citar “Um Defeito de Cor” da Ana Maria Gonçalves. É um livro que conta a história de uma mulher que foi escravizada na Africa e  vem pra o Brasil. Conta toda a trajetória  dela aqui. É uma personagem muito linda que tem uma força descomunal, é um exemplo pra todos nós, uma história muito linda.
NJ: Uma música que o faz sorrir
Felipe: Eu gosto muito do compositor Luiz Tatit , compositor paulistano. Ele tem muito humor e muito afeto. Me toca em lugares muito sensíveis.
NJ: O que o deixa verdadeiramente emocionado?
Felipe: Muitas coisas, mas muitas vezes a arte me emociona muito. Seja através de um livro, um filme, uma música, uma peça de teatro. São coisas que me mobilizam muito.
Galeria: 
NJ: Felipe, muito obrigada por participar da Nossa Janela.
Felipe: O prazer foi meu e prazer conhecer vocês e participar do site . Um beijo grande.
Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

1 Comment

  1. Avatar
    Dalia Leal
    11 de março de 2020 at 13:31 Reply

    Excelente entrevista! gostei qndo ele disse q ” a energia positiva gera energia positiva” e concordo plenamente! as fotos tbém estão lindas!👏👏👏☀️🌜🌟💋❤

Leave a Reply