Beti Rozen

Beti Rozen

Carioca vivendo nos Estados Unidos, Beti Rozen já escreveu diversos livros infanto-juvenis incluindo “Dois Continentes” e  “Quatro Gerações”, que está disponível em inglês, português e espanhol. Em 2016,  recebeu o Brazilian International Press Award de literatura e cultura nos Estados Unidos e, em 2018, a medalha Machado de Assis da Brazilian Endowment for the Arts, em Nova York. É com a escritora  que conversamos agora.

Lu: Beti, por que decidiu trabalhar com literatura infanto-juvenil? Como tudo começou?

Beti: Foi nos anos 80,  com o “boom” da literatura infantil, no Brasil. Meu primeiro livro foi “Robinho, o Robozinho” e “Outras Histórias”, em 1984. Mas antes, em 1982, já tinha publicado o livro “Bolas de Sabão”, de poesias.

Lu: Como funciona o seu processo de construção literário?

Beti: Tenho algumas inspirações ou penso num tema que me interessa. Atualmente, não escrevo sozinha, escrevo com meu marido Peter Hays. Desenvolvemos em inglês, ele é americano.

Lu: Conte-nos um pouco sobre a rede “Sem Fronteiras”.

Beti: Sou  representante internacional da rede “Sem Fronteiras”, mas  minha editora se chama Sem Fronteiras Press, dedicada ao público infantil e juvenil. Trata-se de uma editora americana com foco na divulgação da cultura brasileira nos Estados Unidos. Temas sobre imigração, utilizando ilustradores brasileiros e também, temas espirituais.

Lu: Quais são os cuidados que devem ser levados em consideração ao escrever uma história infanto-juvenil?

Beti: Hoje em dia, existe o politicamente correto, contra preconceitos, discriminação. As palavras podem levar uma criança a pensar, imaginar, se divertir.  Mas por outro lado, as palavras também podem ser muito perigosas. Podem ferir uma pessoa, podem modificar a vida de muitos para o bem ou para o mal.  Não se pode dizer certas palavras para crianças e jovens. Podem ser educadoras ou não. Palavrão,  por exemplo, não pode ser dito. É preciso  ter cuidado redobrado para escrever para crianças e jovens.

Lu: De onde vêm as suas ideias? Cultiva algum hábito para manter-se criativa?

Beti: As ideias variam muito. Procuro a criança dentro de mim e também me inspirei muito com meu filho. Nem sempre tenho inspiração, nem sempre me mantenho criativa. Tem fases. As viagens que fazia me deram muita inspiração, países, culturas diferentes, pessoas diferentes. Atualmente,  a inspiração mudou um pouco dentro de mim.  Estou fazendo retiro literário, oficina literária. Conversando com pessoas virtualmente.

Lu: Como você lida com as travas da escrita, os bloqueios criativos e a procrastinação x ansiedade para concluir uma obra?

Beti: Tenho bloqueios, épocas criativas e épocas não criativas. Tenho ansiedade para concluir uma obra, mas sei que tenho que ter paciência. Em alguns momentos trabalho mais na divulgação do meu trabalho e paro um pouco de escrever.

Lu: O Brasil tem como um dos grandes desafios a democratização do acesso à cultura. Entre esses desafios, está a tarefa educativa de formar leitores. Quais são as dicas que daria para educadores que se dedicam a essa tarefa?

Beti: As bibliotecas públicas tem um grande papel na formação de leitores. Os contadores de historias também. Os pais devem ler para seus filhos.

Lu:  Como você definiria o papel da literatura na formação de uma criança?

Beti: Alguns livros têm grande importância e ficam para sempre na memória de uma pessoa. É importante divulgar valores morais, mensagens positivas, mas, sempre de uma forma divertida.

Lu: O que a motiva a escrever para jovens e crianças?

Beti: Posso usar no universo infantil,  a imaginação, a poesia, a criatividade. Além disso, é de suma importância construir o futuro.

Lu: Quais são as principais diferenças entre o mercado literário no Brasil e nos Estados Unidos?

Beti: Não poderia comparar, mas os temas abordados são parecidos. Literatura é um mercado difícil em todo o mundo.

Lu: O conto “Robinho, o Robozinho” foi vencedor do concurso literário Piensieri &Parole da Associação Cultural Internacional Mandala na Itália. E o conto “Sem Palavras”, vencedor de outro concurso literário nos EUA, promovido pelo Consulado do Brasil em Boston. Qual é a importância desses prêmios para sua trajetória como escritora?

Beti: É muito bom ter reconhecimento pelo nosso trabalho. Um outro prêmio que recebi e me deixou muito alegre foi o  Brazilian International Press Award, pela minha contribuição para a  literatura e a cultura brasileira nos Estados Unidos.

Lu: Você também escreve livros de poesia. Qual poesia melhor definiria o seu momento atual?

Beti: Acabei de lançar o livro Passamundo/The World Goes on. Este livro fala de fé, medo, amor, família, a mulher, Deus, paz. Temas referentes a sentimentos humanos e espiritualidade.

Lu: Como avalia a era digital e como utiliza as redes para divulgação da sua obra?

Beti: Acho muito úteis nos tempos atuais. Eu uso muito o facebook e instagram para divulgação do meu trabalho. Participo de muitos eventos no zoom. Estou com um programa que foi criado durante a pandemia, o “Mostra sua Cara kids”, no zoom e live no facebook.  Recentemente participei da Bienal do Livro de São Paulo virtual e tenho feito oficinas literárias online.

Lu: O que a deixa verdadeiramente emocionada?

Beti: Quando crianças gostam do meu trabalho e comentam com admiração. Adultos também.

Lu: Uma frase 

Beti: Esperança é  a última que morre.

Lu: Um sonho

Beti: Ver meus livros circulando nas escolas em diversos países (alguns já circulam). Além do sonho que a pandemia passe logo e que não esqueçamos as lições que aprendemos durante este tempo.

Lu: Um lugar

Beti: Uma praia bonita, muito sol e céu azul.

Lu: Um livro

Beti: O Pequeno Príncipe.

Lu: Uma música que a faz sorrir

Beti: Amo tango. É  dramático, mas amo dançar tango, me faz feliz. “O Pato” , ouvi muito com MPB4 no meu passado.

Lu: Beti Rozen por Beti Rozen

Beti: Uma mulher que procura evoluir sempre. Sempre aprendendo.

Lu: Beti, muito obrigada! Que maravilha tê-la no nosso site.

Lu Leal

Formada em Comunicação Social, atuou na produção do Programa “A Bahia Que a Gente Gosta”, da Record Bahia, foi apresentadora da TV Salvador e hoje mergulha de cabeça no universo da cultura nordestina como produtora de Del Feliz, artista que leva as riquezas e diversidade do Nordeste para o mundo e de Jairo Barboza, voz influente na preservação e evolução da rica herança musical do Brasil. Baiana, intensa, inquieta e sensível, Lu adora aqueles finais clichês que nos fazem sorrir. Valoriza mais o “ser” do que o “ter”. Deixa qualquer programa para ver o pôr do sol ou apreciar a lua. Não consegue viver sem cachorro e chocolate. Ama música e define a sua vida como uma constante trilha sonora. Ávida por novos desafios, está sempre pronta para mudar. Essa é Lu Leal, uma escorpiana que adora viagens, livros e teatro. Paixões essas, que rendem excelentes pautas. Siga @lulealnews

Leave a Reply