Após as gravações de “Salve-se Quem Puder” serem suspensas em virtude da pandemia, o ator Bruno Ferrari que coleciona personagens marcantes no currículo e na trama dá vida ao Rafael, tem aproveitado o tempo para curtir a família. É com ele que conversamos agora.
NJ: Bruno, em “Salve-se Quem Puder”, você faz o Rafael, um homem cheio de manias. O que tem em comum com o personagem e como se deu seu processo criativo?
Bruno: Não tenho muito em comum, mas acredito que manias todos nós temos. Nesse aspecto, me identifico um pouco, principalmente agora com o corona. O processo se deu através de pesquisas que fiz para entender melhor quais são os gatilhos iniciais para as manias do Rafa. Também gosto muito de trabalhar com o que o autor traz. Fizemos algumas leituras com a direção para entender que linha seguiríamos e começamos. Acredito que novela e os personagens se constroem ao longo do trabalho e quando todas as peças se encaixam (figurino, cenário, etc).
NJ: O que espera para a segunda fase da novela? Pode nos adiantar alguma coisa?
Bruno: Não sei de nada ainda. Li que o Dani quer abordar o assunto do coronavírus e concordo que é necessária essa abordagem. Acho que não dá para passar por isso desapercebido. Espero que o Rafa e Kyra se reencontrem em algum momento, nem que seja para uma despedida. Torço muito pelo casal.
NJ: A novela tem um lado cômico. Isso gera uma dinâmica própria?
Bruno: Sim, mas acredito que essa dinâmica não venha só do lado cômico. Acho que a mistura entre a comédia e o drama, de maneira equilibrada, é o que traz uma boa dinâmica para a novela. E isso a gente tem!
NJ: Se tivesse que escolher uma “hashtag” para a personagem, qual seria e por qual motivo?
Bruno: #fiqueemcasa. Essa, com certeza, seria as hashtag do Rafa nos dias de hoje. E por motivos óbvios.
NJ: Quando leu a sinopse de “Liberdade, Liberdade” já imaginava todo aquele sucesso? Como foi o desafio de interpretar um revolucionário?
Bruno: Sim. “Liberdade, Liberdade”, além do roteiro, tinha uma equipe muito forte. Pessoas muito talentosas e comprometidas. Por ser uma novela menor, tudo era feito com muito cuidado. Adoro fazer trabalhos de época porque o figurino, o cenário e a atmosfera de um modo geral já te levam para um lugar mágico, fora do nosso cotidiano. Tudo, a maneira de falar o texto e comportamento, vai se encaixando e isso faz com que eu me sinta mais à vontade no papel.
NJ: Quais são os principais cuidados ao construir um personagem de uma novela de época?
Bruno: Não acredito muito em construção de personagem. Para mim, ele se constrói sozinho. Normalmente, trabalho muito com o que o autor traz e me apresenta.
NJ: Quais lembranças que tem do Cadu de “Malhação”?
Bruno: A lembrança de que éramos muito unidos, que vivíamos no set e que isso nos aproximou muito. Apreendemos juntos a fazer novela. Éramos jovens atores nos descobrindo. Tenho ótimas lembranças dessa época.
NJ: Qual balanço que faz da sua carreira até aqui?
Bruno: Tenho muito orgulho de todos os trabalhos que fiz. Nunca parei de trabalhar. Hoje, por conta do meu filho, acabo tendo que selecionar muito mais os trabalhos, além de tentar, sempre, equilibrar melhor o meu tempo. Gosto da trajetória que tive e quero fazer muita coisa ainda.
NJ: Como você enxerga o papel da arte na formação do indivíduo?
Bruno: A arte tem o compromisso de ampliar o pensamento, apresentar novos caminhos, fazer a gente refletir enquanto sociedade. Acho importantíssimo para a evolução de cada indivíduo. Pensar te faz sair da zona de conforto e te obriga a buscar novos caminhos. E é isso que ela te oferece.
NJ: Como você lida com as críticas?
Bruno: De maneira saudável. Até porque, pra mim, fica muito claro quando é uma crítica feita por quem não entendeu nada e está ali apenas para criticar. Quando é uma crítica de alguém que entendeu tudo e está ali para somar, contribuir para a construção daquele trabalho, eu assimilo o que posso e uso como ferramenta para descobrir novos caminhos.
NJ: Há um provérbio árabe que diz “o maior erro é a pressa antes do tempo e a lentidão ante a oportunidade”. Considera-se uma pessoa ansiosa? Arrepende-se de alguma oportunidade perdida?
Bruno: Não me considero, eu sou uma pessoa muito ansiosa. Mas não me arrependo das decisões ou coisas que vivi. Independente disso, tenho buscado mais equilíbrio na minha vida pra me tornar uma pessoa mais calma, não por arrependimentos, mas por mais qualidade de vida. A minha impulsividade já me trouxe muitos benefícios também.
NJ: O que mudou com a chegada do Antônio?
Bruno: Com a chegado do Antônio eu comecei a me preocupar mais com a minha saúde. Também estou buscando melhorar, ainda mais, como pessoa. Acho que os filhos buscam referências nos pais. Quero que ele tenha as melhores referências que eu possa dar.
NJ: Qual papel da religião em sua vida?
Bruno: Não acredito em religião e não a vejo como algo necessário para eu me conectar com a minha espiritualidade. Tenho as minhas crenças e isso basta.
NJ: Em sua opinião, qual é a maior virtude que um homem pode ter?
Bruno: Lealdade
NJ: Com as gravações da novela suspensas, como está ocupando o seu tempo durante a quarentena?
Bruno: Com os afazeres de casa e a atenção que temos dado ao nosso filho, nosso tempo já está todo ocupado. Tá faltando é tempo! (risos) .
NJ: Quais são as reflexões que você tem tido nesse período de quarentena tão necessário para redução da curva do covid-19?
Bruno: Que a gente precisa de bem pouco pra ser feliz.
NJ: O que é felicidade pra você?
Bruno: Estar em paz.
NJ: Uma frase.
Bruno: Não faça com os outros aquilo que não quer que façam com você.
NJ: Um sonho.
Bruno: Tenho alguns.
NJ: Uma lugar
Bruno: Grécia.
NJ: Um livro
Bruno: Ultimamente, “A Metamorfose“ (Kafka).
NJ: Uma musica que te faça sorrir.
Bruno: A Baleia.
NJ: O que o deixa verdadeiramente emocionado?
Bruno: Beleza.
NJ: Bruno Ferrari por Bruno Ferrari
Bruno: Deixo essa para os amigos e os mais íntimos.
NJ: Antes de concluir, há alguma coisa que gostaria de abordar? Alguma mensagem a deixar?
Bruno: #fiqueemcasa
Leave a Reply